Afirmou
o Papa Francisco na catequese desta semana lembrando a sua recente
viagem a Marrocos
Para
o Papa Francisco, tratou-se de “um novo passo no caminho do diálogo
e do encontro com os irmãos e irmãs muçulmanos” como “Servidor
de esperança”.
Foi
uma viagem inspirada em dois santos: Francisco de Assis – que há
800 anos levou a mensagem de paz e fraternidade ao Sultão al-Malik
al-Kamil – e João Paulo II, que depois de receber no Vaticano pela
primeira vez um Chefe de Estado muçulmano, o Rei Hassan II, realizou
uma memorável visita a Marrocos.
O
Santo Padre agradeceu ao povo e às autoridades que o receberam e
ilustrou os momentos mais significativos da viagem.
Com
o Rei Mohammed VI, o Papa sublinhou que as religiões têm um papel
fundamental, defendendo a dignidade humana, promovendo a paz, a
justiça e o cuidado da criação.
Também
assinaram um Apelo por Jerusalém, para que a Cidade Santa seja
preservada como património da humanidade e lugar de encontro
pacífico para os fiéis das três religiões monoteístas.
Alguém
poderia perguntar-se, observou o Papa Francisco:
“Mas
por que o Papa se encontra com os muçulmanos e não somente os
católicos?
Por
que existem tantas religiões, como é possível existir tantas
religiões?
Mas
com os muçulmanos somos descendentes do mesmo Pai, Abraão: mas por
que Deus permite que existam tantas religiões?
Deus
quis permitir isso: os teólogos da Escolástica diziam a “volutas
permissiva” de Deus.
Ele
quis permitir essa realidade: existem muitas religiões; algumas
nascem da cultura, mas sempre olham para o céu, olham para Deus.
Mas
o que Deus quer é a fraternidade entre nós.
E
de maneira especial – por isto essa viagem - com nossos irmãos
filhos de Abraão como nós, os muçulmanos.
Não
devemos temer a diferença: Deus permitiu isso.
Mas
devemos assustar-nos se não trabalharmos em fraternidade, para
caminharmos juntos na vida".
Falando
da proximidade da Igreja marroquina aos migrantes, o Papa improvisou:
“Não
gosto de dizer ‘migrantes’.
Gosto
mais de dizer ‘pessoas migrantes’.
Sabem
por que?
Porque
‘migrante’ é um adjectivo; ao invés, ‘pessoa’ é um
substantivo.
Nós
caímos na ‘cultura do adjectivo’.
Usamos
tantos adjectivos e muitas vezes esquecemo-nos dos substantivos, ou
seja, da substância.
O
adjectivo vai junto com o substantivo, a uma ‘pessoa’.
Isto
é: ‘migrante’ não, ‘pessoa migrante’ sim.
Assim
respeita-se, para não cair na ‘cultura do adjectivo’, que é
‘líquida’ demais, ‘gasosa’ demais”.
Resumo,
disponibilizado pela Santa Sé, da catequese do Santo Padre:
A
recente Viagem Apostólica a Marrocos, sob o lema “servidor da
esperança”, foi mais um passo na estrada do diálogo e do encontro
com os irmãos e irmãs muçulmanos.
Servir
a esperança significa construir pontes entre as civilizações.
Nisto
as religiões têm um papel fundamental, defendendo a dignidade
humana, promovendo a paz, a justiça e o cuidado da criação.
Durante
um encontro com migrantes, ouviu-se o testemunho de como a vida muda
quando quem emigra encontra uma comunidade que o acolhe como pessoa,
mostrando assim como é importante estar abertos à diferença, sem
deixar de conservar a identidade cultural e religiosa, sabendo
valorizar a fraternidade humana.
Durante
o encontro com sacerdotes, consagrados e membros do Conselho
Ecuménico das Igrejas, lembrou-se que a comunidade cristã nessas
terras, mesmo sendo um pequeno rebanho, está chamada a ser sal, luz
e fermento, dando testemunho do amor fraterno.
Por
fim, a missa celebrada no domingo, com fiéis de mais de 60
nacionalidades, foi uma singular epifania do Povo de Deus no coração
de uma país islâmico: uma festa dos filhos que se sabem abraçados
pelo Pai celestial e por isso podem ser servidores da esperança.
Fontes:
Santa Sé; Notícias do Vaticano
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