Na
sua catequese de hoje o Papa Francisco abordou o tema da Semana de
Oração pela Unidade dos Cristãos
O
Papa Francisco sublinhou que o tema deste ano é o da hospitalidade e
foi desenvolvido pelas Igrejas cristãs de Malta e Gozo, a partir da
passagem do Livro dos Actos dos Apóstolos que fala sobre a
hospitalidade dos habitantes de Malta para com São Paulo e seus
companheiros de viagem que naufragaram com ele.
O
Papa iniciou, contando a experiência dramática desse naufrágio.
“O
navio em que Paulo viaja está à mercê dos elementos.
Durante
catorze dias eles estão no mar, e como nem o sol e nem as estrelas
são visíveis, os viajantes se sentem desorientados, perdidos.
Abaixo
deles, o mar bate violentamente contra o navio e eles temem que o
navio se rompa por causa da força das ondas.
Do
alto eles são açoitados pelo vento e pela chuva.
A
força do mar e da tempestade é terrivelmente poderosa e indiferente
ao destino dos navegantes: mais de 260 pessoas!”
A
hospitalidade espontânea e os gestos de carinho comunicam algo do
amor de Deus, e a hospitalidade dos malteses é recompensada pelos
milagres da cura que Deus opera através de Paulo na ilha.
“Caríssimos,
a hospitalidade é importante; é uma importante virtude ecuménica
também.
Em
primeiro lugar, significa reconhecer que outros cristãos são
realmente nossos irmãos e irmãs em Cristo.
Nós
somos irmãos.”
Pode
alguém dizer que este é protestante, aquele é ortodoxo, mas somos
irmãos em Cristo.
Não
é um acto de generosidade numa só direcção, porque quando
hospedamos outros cristãos, acolhemo-los como um presente que nos é
dado.
“A
hospitalidade ecuménica exige disposição para ouvir os outros,
prestando atenção às suas histórias pessoais de fé e na história
da sua comunidade, comunidade de fé com outra tradição diferente
da nossa.”
O
Papa Francisco disse que, ainda hoje, o mar que fez Paulo naufragar
junto com seus companheiros continua a ser “um lugar perigoso para
a vida dos seus navegantes”.
“Em
todo o mundo, homens e mulheres migrantes enfrentam viagens
arriscadas para fugir da violência, da guerra e da pobreza.
Como
Paulo e seus companheiros, experimentam a indiferença, a hostilidade
do deserto, dos rios, dos mares.
Muitas
vezes não os deixam desembarcar nos portos.
Infelizmente,
às vezes eles também encontram a hostilidade pior dos homens.
São
explorados por traficantes criminosos. Hoje!
São
tratados como números e como uma ameaça por alguns governantes.
Hoje!
Às
vezes, a falta de hospitalidade rejeita-os como uma onda em direcção
à pobreza ou aos perigos dos quais fugiram.”
Resumo,
disponibilizado pela Santa Sé, da catequese de hoje:
Estamos
em pleno Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos, que
decorre de 18 a 25 deste mês de Janeiro, sob o tema «Trataram-nos
com gentileza».
É
um convite, dirigido a todos os crentes em Cristo, para cultivarmos a
«hospitalidade», à semelhança do que fizeram os habitantes de
Malta pelos náufragos que deram à costa daquela ilha e entre os
quais estava o apóstolo Paulo: «Trataram-nos com invulgar
humanidade, pois acenderam uma grande fogueira, junto à qual nos
recolhemos todos».
Embora
então os malteses ainda não tivessem recebido a Boa Nova de Jesus
Cristo, souberam manifestar o amor de Deus em actos concretos de
gentileza.
A
hospitalidade é uma virtude ecuménica importante; significa, antes
de tudo, reconhecer que os outros cristãos são verdadeiramente
nossos irmãos em Cristo e, depois, dar-se conta daquilo que Deus fez
na vida deles.
A
hospitalidade não é generosidade praticada em sentido único:
quando acolhemos os outros cristãos, recebemo-los como um dom de
Deus, de tal modo que aquilo que o Espírito Santo semeou neles,
torna-se um dom para nós.
Naturalmente,
isto supõe em nós o desejo de conhecer a experiência que outros
cristãos fizeram de Deus e de receber os dons espirituais que daí
derivam.
Enfim,
a hospitalidade ecuménica exige a disponibilidade para ouvir os
outros cristãos, prestando atenção às suas vidas pessoais de fé
e à história da sua comunidade.
Paulo
e os restantes náufragos beneficiaram da gentileza dos malteses; mas
todos sabemos que, hoje, migrantes sem conta enfrentam igualmente
viagens perigosas – e, tantas vezes, trágicas –, que embatem na
indiferença e hostilidade de algumas comunidades humanas.
Como
cristãos, devemos trabalhar juntos para mostrar aos migrantes o amor
de Deus revelado por Jesus Cristo: podemos e devemos testemunhar-lhes
que não há só a hostilidade e a indiferença, mas cada pessoa é
preciosa aos olhos de Deus e por Ele amada.
Fontes:
Santa Sé; Notícias do Vaticano
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