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Papa Francisco na audiência geral de hoje.
A
catequese de hoje foi sobre o Sacramento da Ordem:
“A
Ordem compreendida nos três graus de episcopado, presbiterado e
diaconado, é o Sacramento que habilita ao exercício do ministério,
confiado pelo Senhor Jesus aos Apóstolos de apascentar as suas
ovelhas, no poder do seu Espírito e segundo o seu coração.”
“O
sacerdote deve apascentar com amor, se não o faz com amor não
serve.”
O
Santo Padre apresentou três aspectos importantes sobre o Sacramento
da Ordem:
“Um
primeiro aspecto.
Aqueles
que são ordenados são postos à cabeça da comunidade.
À
cabeça, para Jesus, significa pôr a própria autoridade ao serviço,
como Ele próprio mostrou e ensinou aos discípulos com estas
palavras: ‘Vós sabeis que os governantes das nações dominam e os
chefes oprimem-nas. Entre vós não será assim; mas quem quiser
tornar-se grande entre vós, será vosso servidor e quem quer ser o
primeiro entre vós será escravo. Como o Filho do Homem que não
veio para ser servido mas para servir e dar a própria vida por
resgate de muitos.”
A
Ordem – disse o Papa – torna capaz de apascentar o rebanho de
Jesus, com a força do seu Espírito e segundo o seu coração.
Na
verdade, o ministro ordenado é posto à cabeça da comunidade, mas
devemos entender este ato de presidir como serviço: «Quem no meio
de vós quiser ser o primeiro – ensinou Jesus – seja vosso
servo».
“Uma
outra característica que deriva sempre da questão sacramental com
Cristo é o amor apaixonado pela Igreja.”
Em
virtude da Ordem – continuou o Santo Padre – o ministro dedica-se
inteiramente à própria comunidade e ama-a com todo o seu coração:
é ela a sua família, que deve amar com amor apaixonado. Isto,
porém, sem ceder à tentação de a considerar como sua propriedade.
“Um
último aspecto, o apóstolo Paulo recomenda ao seu discípulo
Timóteo que não se canse de reavivar o dom que está nele, recebido
pela imposição das mãos.”
O
Papa Francisco reforçou a ideia de que o ministro ordenado precisa
de contínua conversão e assídua entrega à misericórdia de Deus;
e esta entrega é a sua força e também um válido exemplo que pode
oferecer aos irmãos da sua comunidade.
No
final da catequese o Papa Francisco pediu ao Senhor que nunca faltem
nas nossas comunidades pastores autênticos e exortou os jovens a
discernirem no seu coração o chamamento de Deus para uma vida de
serviço total aos outros como sacerdotes.
Adicionado
em 31Mar2014, o texto integral da Catequese do Papa sobre o
Sacramento da Ordem:
Estimados
irmãos e irmãs
Já
tivemos a ocasião de recordar que os três Sacramentos do Baptismo,
da Confirmação e da Eucaristia, juntos, constituem o mistério da
«iniciação cristã», um único e grande acontecimento de graça
que nos regenera em Cristo. Esta é a vocação fundamental que
irmana todos na Igreja, como discípulos do Senhor Jesus.
Além
disso, há dois Sacramentos que correspondem a duas vocações
específicas: eles são o da Ordem e do Matrimónio. Eles constituem
dois caminhos grandiosos através dos quais o cristão pode fazer da
própria vida um dom de amor, a exemplo e no nome de Cristo,
cooperando assim para a edificação da Igreja.
Cadenciada
nos três graus de episcopado, presbiterado e diaconado, a Ordem é o
Sacramento que habilita para o exercício do ministério, confiado
pelo Senhor Jesus aos Apóstolos, de apascentar a sua grei, no poder
do Espírito e segundo o seu coração.
Apascentar
o rebanho de Jesus não com o poder da força humana, nem com o
próprio poder, mas com o poder do Espírito, e segundo o seu
coração, o coração de Jesus, que é um coração de amor.
O
sacerdote, o bispo e o diácono devem apascentar a grei do Senhor com
amor. Se não o fizerem com amor é inútil.
E
neste sentido, os ministros que são escolhidos e consagrados para
este serviço prolongam no tempo a presença de Jesus, se o fizerem
com o poder do Espírito Santo, em nome de Deus e com amor.
Um
primeiro aspecto. Quem é ordenado é posto como chefe da comunidade.
No entanto, é «chefe», mas para Jesus significa pôr a própria
autoridade ao serviço, como Ele mesmo demonstrou e ensinou aos seus
discípulos com estas palavras: «Vós sabeis que os chefes das
nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade.
Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande
entre vós, seja vosso servo. E quem quiser tornar-se o primeiro
entre vós, seja vosso escravo. Assim como o Filho do Homem veio, não
para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por
muitos» (Mt 20, 25-28; Mc 10,
42-45).
O
bispo que não está ao serviço da comunidade não pratica o bem; o
sacerdote, o presbítero que não está ao serviço da sua comunidade
não faz bem, erra.
Outra
característica que deriva sempre desta união sacramental com Cristo
é o amor apaixonado pela Igreja.
Pensemos
naquele trecho da Carta aos Efésios, onde são Paulo diz que Cristo
«amou a Igreja e se entregou por ela, para a santificar,
purificando-a pela água do baptismo com a palavra, e para a
apresentar a si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem
qualquer outro defeito semelhante» (5,
25-27). Em virtude da Ordem, o ministro dedica-se inteiramente
à própria comunidade, amando-a com todo o seu coração: é a sua
família. O bispo e o sacerdote amam a Igreja na sua comunidade,
amam-na fortemente.
Como?
Como o próprio Cristo ama a Igreja.
São
Paulo dirá a mesma coisa acerca do matrimónio: o esposo ama a sua
esposa como Cristo ama a Igreja.
Trata-se
de um grande mistério de amor: do ministério sacerdotal e do
matrimónio, dois Sacramentos que constituem a vereda pela qual,
habitualmente, as pessoas se encaminham rumo ao Senhor.
Um
último aspecto. O apóstolo Paulo recomenda ao discípulo Timóteo
que não descuide, aliás, que reavive sempre o seu dom. A dádiva
que lhe foi confiada mediante a imposição das mãos (cf.
1 Tm 4, 14; 2 Tm 1, 6).
Quando
não se alimenta o ministério, o ministério do bispo, o ministério
do sacerdote com a oração, com a escuta da Palavra de Deus e com a
celebração quotidiana da Eucaristia, mas também com uma
frequentação do Sacramento da Penitência, acaba-se inevitavelmente
por perder de vista o sentido autêntico do próprio serviço e a
alegria que deriva de uma profunda comunhão com Jesus.
O
bispo que não reza, o prelado que não escuta a Palavra de Deus, que
não celebra todos os dias, que não se confessa regularmente e, do
mesmo modo, o sacerdote que não age assim, a longo prazo perdem a
união com Jesus, adquirindo uma mediocridade que não é positiva
para a Igreja.
Por
isso, devemos ajudar os bispos e os sacerdotes a rezar, a ouvir a
Palavra de Deus, que é pão quotidiano, a celebrar todos os dias a
Eucaristia e a confessar-se de maneira habitual. Isto é muito
importante porque diz respeito precisamente à santificação dos
bispos e dos presbíteros.
Gostaria
de concluir com um pensamento que me vem à mente: mas como se deve
fazer para ser sacerdote, onde se vende o acesso ao sacerdócio?
Não,
não se vende! Trata-se de uma iniciativa que o Senhor toma. É o
Senhor que chama. E chama cada um daqueles que Ele deseja como
presbíteros.
Talvez
aqui haja alguns jovens que sentiram no seu coração este apelo, o
desejo de se tornar sacerdotes, a vontade de servir os outros em tudo
aquilo que vem de Deus, o desejo de estar durante a vida inteira ao
serviço para catequizar, baptizar, perdoar, celebrar a Eucaristia,
curar os enfermos... e assim durante a vida inteira!
Se
algum de vós sentiu isto no seu coração, foi Jesus que o pôs ali.
Esmerai-vos por este convite e rezai a fim de que ele prospere e dê
frutos na Igreja inteira.
PAPA
FRANCISCO
AUDIÊNCIA
GERAL, Praça de São Pedro, Quarta-feira, 26 de Março de 2014
Fonte:
Santa Sé
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