Foi
há um ano, nesta solenidade de São José, que o Papa Francisco
iniciou oficialmente o seu ministério de sucessor de Pedro.
Recordado
o Dia do Pai, foi a São José Educador que o Papa dedicou a sua
catequese na audiência geral de hoje.
A catequese do Papa Francisco:
Prezados
irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje,
19 de Março, celebramos a festa solene de são José, Esposo de
Maria e Padroeiro da Igreja universal.
Por
conseguinte, dedicamos esta catequese a ele, que merece todo o nosso
reconhecimento e a nossa devoção, pelo modo como ele soube proteger
a Virgem Santa e o Filho Jesus.
O
ser guardião é a característica de são José: é a sua grande
missão, ser guardião, como eu recordava precisamente há um
ano.
Hoje,
gostaria de retomar o tema da protecção, a partir de uma
perspectiva particular: a perspectiva da educação.
Olhemos
para José como o modelo do educador, que protege e acompanha
Jesus no seu caminho de crescimento, «em sabedoria, idade e graça»,
como reza o Evangelho de Lucas (2,
52).
Ele
era o pai de Jesus: o pai de Jesus era Deus, mas ele desempenhava o
papel de pai de Jesus, era pai de Jesus para o fazer crescer.
E
como o fez crescer? Em sabedoria, idade e graça.
E
podemos procurar utilizar precisamente estas três palavras —
sabedoria, idade e graça — como uma base para a nossa reflexão.
Comecemos
pela idade, que constitui a dimensão mais natural, o
crescimento físico e psicológico.
Juntamente
com Maria, José cuidava de Jesus antes de tudo a partir deste ponto
de vista, ou seja, «criou-o», preocupando-se a fim de que não lhe
faltasse o necessário para um desenvolvimento sadio.
Não
esqueçamos que a tutela cheia de esmero da vida do Menino comportou
também a fuga para o Egipto, a dura experiência de viver como
refugiados — José foi um refugiado, juntamente com Maria e Jesus —
para fugir da ameaça de Herodes.
Depois,
quando voltaram para a pátria, estabelecendo-se em Nazaré, há
outro período da vida escondida de Jesus na sua família, no seio da
Sagrada Família.
Naqueles
anos, José ensinou a Jesus também o seu trabalho, e Jesus aprendeu
a profissão de carpinteiro, juntamente com o seu pai José.
Foi
assim que José educou Jesus, a tal ponto que, quando era adulto, lhe
chamavam «o filho do carpinteiro» (Mt
13, 55).
Passemos
à segunda dimensão da educação de Jesus, a da «sabedoria».
Diz
a Escritura que o princípio da sabedoria é o temor do Senhor (cf.
Pr 1, 7; Eclo 1, 14).
Temor
não tanto no sentido de medo, mas de respeito sagrado, de adoração
e de obediência à sua vontade, que procura sempre o nosso bem.
José
foi para Jesus exemplo e mestre desta sabedoria, que se alimenta da
Palavra de Deus.
Podemos
pensar no modo como José educou o pequeno Jesus a ouvir as Sagradas
Escrituras, principalmente acompanhando-o aos sábados à sinagoga de
Nazaré.
E
José acompanhava-o para que Jesus ouvisse a Palavra de Deus na
sinagoga.
E
a prova da escuta profunda de Jesus em relação a Deus, José e
Maria tiveram-na — de uma maneira que os surpreendeu — quando
ele, com doze anos, permaneceu no templo de Jerusalém sem que eles o
soubessem; e encontraram-no depois de três dias, enquanto dialogava
com os doutores da lei, os quais ficaram admirados com a sua
sabedoria.
Eis:
Jesus está repleto de sabedoria, porque é o Filho de Deus, mas o
Pai celeste valeu-se da colaboração de são José, a fim de que o
seu Filho pudesse crescer «cheio de sabedoria» (Lc
2, 40).
E
por fim, a dimensão da «graça».
Diz
ainda são Lucas, referindo-se a Jesus: «A graça de Deus estava
sobre Ele» (2, 40).
Aqui,
certamente a parte reservada a são José é mais limitada do que aos
âmbitos da idade e da sabedoria.
Todavia,
seria um erro grave pensar que um pai e uma mãe nada podem fazer
para educar os filhos a crescer na graça de Deus.
Crescer
em idade, crescer em sabedoria, crescer em graça: este é o trabalho
que José levou a cabo em relação a Jesus: fazê-lo crescer nestas
três dimensões, ajudá-lo a crescer.
José
fê-lo de um modo verdadeiramente único, insuperável.
Com
efeito, ele tinha desposado a mulher «cheia de graça» (Lc
1, 28), e sabia bem que Jesus tinha sido concebido por obra do
Espírito Santo.
Portanto,
neste campo da graça, a sua obra educativa consistia em secundar a
obra do Espírito no coração e na vida de Jesus, em sintonia com
Nossa Senhora.
Este
âmbito educativo é o mais específico da fé, da oração, da
adoração e da aceitação da vontade de Deus e do seu desígnio.
Também
e sobretudo nesta dimensão da graça, José educou Jesus
primariamente com o exemplo: o exemplo de um «homem justo» (Mt
1, 19), que se deixa sempre guiar pela fé, e sabe que a
salvação não deriva da observância da lei, mas da graça de Deus,
do seu amor e da sua fidelidade.
Queridos
irmãos e irmãs, a missão de são José é sem dúvida única e
irrepetível, porque Jesus é absolutamente único.
E
todavia, protegendo Jesus, educando-o a crescer em idade, sabedoria e
graça, ele constitui um modelo para cada educador, em especial para
cada pai.
São
José é o modelo do educador e do pai.
Portanto,
confio à sua salvaguarda todos os pais, os sacerdotes — que são
pais — e aqueles que desempenham uma tarefa educativa na Igreja e
na sociedade.
De
modo especial, gostaria de saudar hoje, dia dos pais, todos os pais:
saúdo-vos de coração!
Vejamos:
há pais na praça? Pais, erguei a mão! Mas quantos pais! Parabéns,
parabéns a vós neste vosso dia! Peço para vós a graça de
permanecer sempre muito próximos dos vossos filhos, deixando-os
crescer, mas próximos, próximos! Eles têm necessidade de vós, da
vossa presença, da vossa proximidade e do vosso amor.
Sede
para eles como são José: guardiões do seu crescimento em idade,
sabedoria e graça.
Guardiões
do seu caminho, educadores; e caminhai com eles.
E
com esta proximidade, sereis verdadeiros educadores. Obrigado por
tudo aquilo que vós fazeis pelos vossos filhos: obrigado!
Muitas
felicitações a vós, e boa festa dos pais a todos os pais que estão
aqui presentes, a todos os pais.
Que
são José vos abençoe e vos acompanhe.
E
alguns de nós perderam o pai, que já partiu porque o Senhor o
chamou; muitas pessoas que estão na praça não têm pai.
Podemos
rezar por todos os pais do mundo, pelos pais vivos e também por
aqueles defuntos, e pelos nossos pais; e podemos fazê-lo juntos,
cada qual recordando o seu próprio pai, quer esteja vivo quer já
tenha falecido.
E
oremos ao grande Pai de todos nós, o Pai.
Um
«Pai-Nosso» pelos nossos pais: Pai nosso...
E
muitos parabéns aos pais!
PAPA
FRANCISCO
AUDIÊNCIA
GERAL, Praça de São Pedro, Quarta-feira, 19 de Março de 2014
Fonte:
Santa Sé, actualizado em 21Mar2014
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