Numa
mensagem à cimeira de Davos o Papa recordou que o homem deve
governar o desenvolvimento
«Criar
novos modelos empresariais que, enquanto promovem o desenvolvimento
de tecnologias avançadas, sejam capazes também de utilizá-las para
criar trabalho digno para todos, manter e consolidar os direitos
sociais e proteger o meio ambiente», foram os desejos
expressos pelo Papa Francisco numa mensagem dirigida aos
participantes no 46º Fórum Económico Mundial, que teve início
hoje, 20 de Janeiro, em Davos-Klosters, na Suíça, sobre o tema:
«Dominar a quarta revolução industrial».
Da
mensagem do Papa Francisco, destacamos:
«A
aparição da chamada «quarta revolução industrial» foi
acompanhada pela crescente percepção da inevitabilidade duma
redução drástica do número de postos de trabalho.
Os
últimos estudos, realizados pela Organização Internacional do
Trabalho, indicam que o desemprego afecta, actualmente, centenas de
milhões de pessoas.
O
financiamento e tecnologização das economias nacionais e da global
produziram profundas mudanças no campo do trabalho.
A
diminuição de oportunidades para um emprego vantajoso e digno,
aliada a uma redução da cobertura da previdência social, estão a
causar um aumento preocupante da desigualdade e da pobreza em vários
países.
Claramente
surge a necessidade de criar novos modelos empresariais que, enquanto
promovem o desenvolvimento de tecnologias avançadas, sejam capazes
também de utilizá-las para criar trabalho digno para todos, manter
e consolidar os direitos sociais e proteger o meio ambiente.
O
homem deve guiar o progresso tecnológico, sem se deixar dominar por
ele!
Mais
uma vez faço apelo a todos vós: «Não esqueçais os pobres!» Este
é o principal desafio que, como líderes no mundo dos negócios,
tendes diante de vós.
«Quem
tem os meios para levar uma vida decente, em vez de estar preocupado
com os privilégios, deve procurar ajudar os mais pobres a terem,
também eles, acesso a condições de vida respeitosas da dignidade
humana, nomeadamente através do desenvolvimento do seu potencial
humano, cultural, económico e social» (Discurso
à classe dirigente e ao Corpo Diplomático, Bangui, 29 de Novembro
de 2015).
Não
devemos permitir jamais que «a cultura do bem-estar nos anestesie»
e torne «incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios»,
de modo que «já não choramos à vista do drama dos outros, nem nos
interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse uma
responsabilidade de outrem, que não nos incumbe» (Evangelii
gaudium, 54).
Chorar
à vista do drama dos outros não significa apenas compartilhar os
seus sofrimentos, mas também e sobretudo dar-se conta de que as
nossas acções são causa de injustiça e desigualdade.
Por
isso, «abramos os nossos olhos para ver as misérias do mundo, as
feridas de tantos irmãos e irmãs privados da própria dignidade e
sintamo-nos desafiados a escutar o seu grito de ajuda.
As
nossas mãos apertem as suas mãos e estreitemo-los a nós para que
sintam o calor da nossa presença, da amizade e da fraternidade.
Que
o seu grito se torne o nosso e, juntos, possamos romper a barreira de
indiferença que frequentemente reina soberana para esconder a
hipocrisia e o egoísmo» (Bula
de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia,
Misericordiae vultus, 15).
Quando
nos damos conta disto, tornamo-nos mais plenamente humanos, uma vez
que a responsabilidade pelos nossos irmãos e irmãs é uma parte
essencial da nossa humanidade comum.
Não
tenhais medo de abrir a mente e o coração aos pobres.
Desta
forma, dareis livre curso aos vossos talentos económicos e técnicos
e descobrireis a felicidade duma vida plena, que o consumismo, de por
si, não pode oferecer.»
Fontes:
Santa Sé; L'Osservatore Romano
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