Frisou
o Papa Francisco falando aos chefes de estado e de governo da União
Europeia recebidos no Vaticano na tarde de Sexta-feira
A
solidariedade é o único antídoto eficaz aos «modernos
populismos» que estão a ganhar raízes no velho continente -
frisou o Papa Francisco falando aos chefes de estado e de governo da
União Europeia, recebidos no Vaticano na tarde de Sexta-feira, 24 de
Março, vésperas do 60º aniversário da assinatura dos Tratados de Roma.
«Centralidade
do homem, solidariedade efectiva, abertura ao mundo, luta pela paz e
pelo desenvolvimento, abertura ao futuro»: os cinco pilares
sobre os quais os pais da Europa há sessenta anos «pretenderam
edificar a comunidade económica» foram propostos de novo pelo
Santo Padre no seu discurso, a fim de reafirmar que «compete a
quem governa discernir os percursos da esperança».
Porque,
acrescentou dirigindo-se directamente aos seus interlocutores:
«esta
é a vossa tarefa: discernir os caminhos da esperança, identificar
os percursos concretos a fim de que os passos até agora dados não
se dispersem, mas sejam penhor de um caminho longo e frutuoso».
DISCURSO
DO PAPA FRANCISCO
AOS
CHEFES DE ESTADO E DE GOVERNO DA UNIÃO EUROPEIA
VINDOS
À ITÁLIA PARA AS CELEBRAÇÕES
DO
60º ANIVERSÁRIO DO "TRATADO DE ROMA"
Sala
Régia
Sexta-feira,
24 de Março de 2017
Ilustres
Hóspedes!
Agradeço-vos
a presença aqui nesta tarde, na vigília do sexagésimo aniversário
da assinatura dos Tratados fundacionais da Comunidade Económica
Europeia e da Comunidade Europeia da Energia Atómica.
Desejo
manifestar a cada um de vós a estima que a Santa Sé nutre pelos
respectivos Países e pela Europa inteira, a cujos destinos se
encontra, por disposição da Providência, indivisivelmente ligada.
Exprimo
a minha gratidão em particular ao Primeiro-Ministro Paolo Gentiloni,
Presidente do Conselho de Ministros da República Italiana, pelas
deferentes palavras que me dirigiu em nome de todos e pelo esforço
feito pela Itália na preparação deste encontro; bem como ao
Deputado Antonio Tajani, Presidente do Parlamento Europeu, que deu
voz às esperanças dos povos da União, na presente ocorrência.
O
regresso a Roma sessenta anos depois não se pode limitar a uma
viagem de recordações, mas deve ser motivado sobretudo pelo desejo
de redescobrir a memória viva daquele evento para compreender o seu
alcance na hora presente.
É
preciso compenetrar-se dos desafios de então, para se enfrentar os
de hoje e de amanhã.
A
Bíblia, com as suas narrações repletas de evocações, oferece-nos
um método pedagógico fundamental: não se pode compreender o tempo
que vivemos sem o passado, entendido não como um conjunto de
acontecimentos distantes, mas como a seiva vital que rega o presente.
Sem
esta consciência, a realidade perde a sua unidade, a história o seu
fio lógico, e a humanidade o sentido das suas acções e a direcção
do seu porvir.
O
dia 25 de Março de 1957 constituiu uma data cheia de anseios e
esperanças, de entusiasmo e trepidação, e somente um evento
excepcional pelo seu alcance e consequências históricas poderia
torná-la única na história.
A
memória daquele dia une-se às esperanças de hoje e aos anseios dos
povos europeus, que pedem para se discernir o presente a fim de
prosseguir, com renovado ardor e confiança, o caminho iniciado.
Disto
mesmo estavam bem conscientes os Pais fundadores e os líderes que,
ao colocar a própria assinatura nos dois Tratados, deram vida à
realidade política, económica, cultural e sobretudo humana, que
hoje chamamos União Europeia.
Por
outro lado, como disse Spaak, Ministro dos Negócios Estrangeiros
belga, tratava-se – «é verdade – do bem-estar material dos
nossos povos, da expansão das nossas economias, do progresso social
e de possibilidades industriais e comerciais totalmente novas, mas
sobretudo (...) [de] uma particular concepção da vida, fraterna e
justa, à medida do homem».
Depois
dos anos tenebrosos e cruentos da II Guerra Mundial, os líderes de
então acreditaram na possibilidade dum futuro melhor, «encheram-se
audácia e não demoraram a agir. A recordação das desgraças
passadas e das suas culpas parece tê-los inspirado e dado a coragem
necessária para esquecer velhas rivalidades e pensar e agir de modo
verdadeiramente novo para realizar a maior transformação (...) da
Europa».
Os
Pais fundadores recordam-nos que a Europa não é um conjunto de
regras a observar, nem um prontuário de protocolos e procedimentos a
seguir.
A
Europa é uma vida, um modo de conceber o homem a partir da sua
dignidade transcendente e inalienável, e não apenas como um
conjunto de direitos a defender nem de pretensões a reivindicar.
Na
origem da ideia da Europa, temos «a figura e a responsabilidade da
pessoa humana, com o seu fermento de fraternidade evangélica, (...)
com a sua vontade de verdade e de justiça, adquirida por uma
experiência milenária».
Roma,
com a sua vocação à universalidade, é o símbolo desta
experiência e, por isso, foi escolhida como lugar para a assinatura
dos Tratados, pois aqui «foram lançadas – recordou Luns, Ministro
dos Negócios Estrangeiros holandês – as bases políticas,
jurídicas e sociais da nossa civilização».
Se
estava claro, desde o princípio, que o coração pulsante do
projecto político europeu só podia ser o homem, evidente era
igualmente o risco de que os Tratados permanecessem letra morta.
Estes
deviam ser preenchidos de espírito vital.
E
o primeiro elemento da vitalidade europeia é a solidariedade.
«A
Comunidade Económica Europeia – afirmava Bech, Primeiro-Ministro
luxemburguês – só viverá e terá sucesso se, durante a sua
existência, permanecer fiel ao espírito de solidariedade europeia
que a criou, e se a vontade comum da Europa em gestação for mais
forte do que as vontades nacionais».
Este
espírito é ainda mais necessário hoje, face aos ímpetos
centrífugos, bem como à tentação de reduzir os ideais fundantes
da União às necessidades produtivas, económicas e financeiras.
Da
solidariedade nasce a capacidade de se abrir aos outros.
«Os
nossos planos não são de natureza egoísta», disse o Chanceler
alemão Adenauer.
«Sem
dúvida, os países que estão para se unir (...) não pretendem
isolar-se do resto do mundo nem erigir à sua volta barreiras
intransponíveis», rebateu Pineau, Ministro dos Negócios
Estrangeiros francês.
Num
mundo que conhecia bem o drama de muros e divisões, sentia-se
claramente a importância de trabalhar por uma Europa unida e aberta
e a vontade comum de se esforçar por remover aquela barreira
antinatural que dividia o continente do Mar Báltico ao Adriático.
Quanta
fadiga para fazer cair aquele muro!
E
todavia hoje perdeu-se a memória daquela fadiga.
Perdeu-se
também a consciência do drama de famílias separadas, da pobreza e
da miséria que aquela divisão provocou.
Lá
onde gerações anelavam por ver cair os sinais duma inimizade
forçada, agora discute-se como deixar fora os «perigos» do nosso
tempo, a começar pela longa fila de mulheres, homens e crianças, em
fuga de guerra e pobreza, que pedem apenas a possibilidade dum futuro
para si e para os seus entes queridos.
No
vazio de memória que caracteriza os nossos dias, esquece-se muitas
vezes também outra grande conquista, fruto da solidariedade
sancionada em 25 de Março de 1957: o período mais longo de paz dos
últimos séculos.
«Povos
que muitas vezes, no decurso dos tempos, se encontraram em campos
opostos, combatendo uns contra os outros, (...) agora, ao contrário,
estão unidos através da riqueza das suas peculiaridades nacionais».
A
paz edifica-se sempre com a contribuição livre e consciente de cada
um.
Todavia,
«para muitos, [ela] aparece hoje de certo modo como um bem
indiscutido» e, por isso, é fácil acabar por a considerar
supérflua. Ao contrário, a paz é um bem precioso e essencial, pois
sem ela não se é capaz de construir um futuro para ninguém e
acaba-se por «viver dia após dia».
De
facto a Europa unida nasce a partir dum projecto claro, bem definido,
adequadamente ponderado, embora inicialmente apenas embrionário.
Todo
o bom projecto olha para o futuro, e o futuro são os jovens,
chamados a realizar as promessas do futuro.
Assim,
nos Pais fundadores, era clara a consciência de ser parte duma obra
comum, que não só ultrapassava as fronteiras dos Estados, mas
também os confins do tempo, de modo a unir as gerações entre si,
participando todas igualmente na construção da casa comum.
Ilustres
Hóspedes!
Dediquei
esta primeira parte da minha intervenção aos Pais da Europa, para
nos deixarmos interpelar pelas suas palavras, pela actualidade do seu
pensamento, pelo esforço apaixonado pelo bem comum que os
caracterizou, pela certeza de serem parte duma obra maior que eles
próprios e pela amplidão do ideal que os animava.
O
seu denominador comum era o espírito de serviço, unido à paixão
política e à consciência de que «na origem da civilização
europeia se encontra o cristianismo», sem o qual os valores
ocidentais de dignidade, liberdade e justiça são em grande medida
incompreensíveis.
«E
ainda nos nossos dias – afirmava São João Paulo II – a alma da
Europa permanece unida, porque, além da sua origem comum, tem
idênticos valores cristãos e humanos, como são os da dignidade da
pessoa humana, do profundo sentimento da justiça e liberdade, da
laboriosidade, do espírito de iniciativa, do amor à família, do
respeito à vida, de tolerância e de desejo de cooperação e de
paz, que são notas que a caracterizam».
Neste
nosso mundo multicultural, tais valores continuarão a gozar de plena
cidadania se souberem manter o seu nexo vital com a raiz que os
gerou.
Na
fecundidade deste nexo, está a possibilidade de edificar sociedades
autenticamente laicas, livres de contraposições ideológicas, onde
encontram igualmente lugar o migrante e o autóctone, o crente e o
não crente.
Nos
últimos sessenta anos, o mundo mudou muito.
Se
os Pais fundadores, que sobreviveram a um conflito devastador,
estavam animados pela esperança dum futuro melhor e determinados
pela vontade de o alcançar, evitando a aparição de novos
conflitos, o nosso tempo está mais dominado pelo conceito de crise.
Há
a crise económica, que caracterizou o último decénio, há a crise
da família e de modelos sociais consolidados, há uma generalizada
«crise das instituições» e a crise dos migrantes: tantas crises
que originam o medo e o transtorno profundo do homem contemporâneo,
que pede uma nova hermenêutica para o futuro.
Todavia
o termo «crise» não tem, de per si, uma conotação negativa.
Não
indica apenas um momento triste, que se deve superar.
A
palavra crise tem origem no verbo grego crino (κρίνω), que
significa investigar, avaliar, julgar.
Assim
o nosso tempo é um tempo de discernimento, que nos convida a avaliar
o essencial e a construir sobre ele: é, pois, um tempo de desafios e
oportunidades.
Qual
é então a hermenêutica, a chave interpretativa com que podemos ler
as dificuldades do presente e encontrar respostas para o futuro?
De
facto, a evocação do pensamento dos Pais seria estéril, se não
servisse para nos indicar um caminho, se não se tornasse estímulo
para o futuro e fonte de esperança.
Todo
o corpo que perde o sentido do seu caminho, ao qual acaba por faltar
este olhar para o futuro, começa por sofrer uma involução e, com o
passar do tempo, corre o risco de morrer.
Então
qual é a herança dos Pais fundadores?
Que
perspectivas nos indicam para enfrentar os desafios que nos esperam?
Qual
a esperança para a Europa de hoje e de amanhã?
As
respostas, encontramo-las precisamente nos pilares sobre os quais
eles quiseram edificar a Comunidade Económica Europeia e que já
recordei: a centralidade do homem, uma solidariedade concreta, a
abertura ao mundo, a busca da paz e do desenvolvimento, a abertura ao
futuro.
A
quem governa compete discernir as estradas da esperança – esta é
a vossa tarefa: discernir as estradas da esperança –, identificar
os percursos concretos para se conseguir que os significativos passos
realizados até agora não fiquem perdidos, mas sejam penhor dum
caminho longo e frutuoso.
A
Europa reencontra esperança, quando o homem é o centro e o
coração das suas instituições.
Considero
que isto implique a escuta atenta e confiante das instâncias que
provêm tanto dos indivíduos, como da sociedade e dos povos que
compõe a União.
Infelizmente
tem-se, com frequência, a sensação de estar a verificar-se um
«distanciamento afectivo» entre os cidadãos e as instituições
europeias, sentidas muitas vezes como distantes e não atentas às
diversas sensibilidades que constituem a União.
Afirmar
a centralidade do homem significa também reencontrar aquele espírito
de família, em que cada um contribui, livremente, segundo as
próprias capacidades e dons para a casa comum.
Convém
ter presente que a Europa é uma família de povos e – como em toda
a boa família – existem susceptibilidades diferentes, mas todos
podem crescer na medida em que estiverem unidos.
A
União Europeia nasce como unidade das diferenças e unidade nas
diferenças.
Por
isso, não devem meter medo as peculiaridades, nem se pode pensar que
a unidade seja preservada da uniformidade.
Aquela
é, antes, a harmonia duma comunidade.
Os
Pais fundadores escolheram precisamente este termo como charneira das
entidades que nasciam dos Tratados, sublinhando o facto de se pôr em
comum os recursos e os talentos de cada um.
Hoje
a União Europeia precisa de redescobrir o sentido de ser, antes de
tudo, «comunidade» de pessoas e de povos, consciente de que «o
todo é mais do que a parte, sendo também mais do que a simples soma
delas», pelo que «é preciso alargar sempre o olhar para reconhecer
um bem maior que trará benefícios a todos».
Os
Pais fundadores buscavam uma harmonia tal, que o todo esteja em cada
uma das partes, e as partes estejam – cada uma com a própria
originalidade – no todo.
A
Europa reencontra esperança na solidariedade, que é também
o antídoto mais eficaz para os populismos modernos.
A
solidariedade inclui a consciência de ser parte de um só corpo e,
ao mesmo tempo, implica a capacidade que tem cada um dos membros de
«simpatizar» com o outro e com o todo.
Se
um sofre, todos sofrem (cf. 1 Cor 12, 26).
Assim
também nós, hoje, choramos com a Inglaterra as vítimas do atentado
que feriu Londres há dois dias.
A
solidariedade não é um propósito bom: caracteriza-se por factos e
gestos concretos, que nos tornam vizinhos do próximo, em qualquer
condição que ele se encontre.
Pelo
contrário, os populismos florescem precisamente do egoísmo, que
fecha num círculo restrito e sufocante não permitindo superar a
limitação dos próprios pensamentos para «olhar mais além».
É
preciso recomeçar a pensar de modo europeu, para esconjurar o perigo
oposto duma vaga uniformidade, ou mesmo o triunfo dos
particularismos.
Cabe
à política tal liderança ideal, que evite apoiar-se nas emoções
para ganhar consensos, elaborando antes, num espírito de
solidariedade e subsidiariedade, políticas que façam crescer toda a
União num desenvolvimento tão harmonioso que, quem conseguir correr
mais rápido, possa estender a mão a quem vai mais devagar e, quem
sente mais dificuldades, procure alcançar quem está na frente.
A
Europa reencontra esperança quando não se fecha no medo de
falsas seguranças.
Ao
contrário, a sua história está fortemente determinada pelo
encontro com outros povos e culturas, e a sua identidade «é, e
sempre foi, uma identidade dinâmica e multicultural».
O
mundo olha com interesse para o projecto europeu.
Assim
aconteceu desde o primeiro dia, com a multidão comprimida na Praça
do Campidoglio e com as mensagens de congratulação que chegaram de
outros Estados.
E
ainda maior interesse há hoje, a começar pelos países que pedem
para entrar e fazer parte da União, bem como pelos Estados que
recebem as ajudas que lhes são oferecidas, com viva generosidade,
para enfrentar as consequências da pobreza, das doenças e das
guerras.
A
abertura ao mundo implica a capacidade de «diálogo como forma de
encontro» a todos os níveis, desde o diálogo entre os Estados
membros e entre as Instituições e os cidadãos, até ao diálogo
com os numerosos imigrantes que chegam às costas da União.
Não
se pode limitar a gerir a grave crise migratória destes anos como se
fosse apenas um problema numérico, económico ou de segurança.
A
questão migratória põe uma questão mais profunda, que é, antes
de tudo, cultural.
Que
cultura propõe a Europa hoje?
Com
efeito o medo, que frequentemente se nota, tem a sua causa mais
radical na perda de ideais.
Sem
um verdadeiro ideal em perspectiva, acaba-se por ficar dominado pelo
temor que o outro nos arranque dos hábitos consolidados, prive dos
confortos adquiridos, ponha de certo modo em discussão um estilo de
vida feito com muita frequência apenas de bem-estar material.
Pelo
contrário, a riqueza da Europa sempre foi a sua abertura espiritual
e a capacidade de se pôr questões fundamentais sobre o sentido da
existência.
À
abertura para o sentido do eterno corresponde também uma abertura
positiva, embora não livre de tensões e erros, para o mundo.
Inversamente,
o bem-estar adquirido parece ter-lhe atado as asas e feito abaixar o
olhar.
A
Europa tem um património ideal e espiritual único no mundo que
merece ser reproposto com paixão e renovado frescor, sendo o melhor
remédio contra o vazio de valores do nosso tempo, terreno fértil
para toda a forma de extremismo.
São
estes os ideais que tornaram a Europa aquela «península da Ásia»
que chega dos Urais ao Atlântico.
A
Europa reencontra esperança, quando investe no
desenvolvimento e na paz.
O
desenvolvimento não é fruto de um conjunto de técnicas produtivas;
mas diz respeito ao ser humano inteiro: a dignidade do seu trabalho,
condições de vida adequadas, a possibilidade de acesso à instrução
e aos cuidados médicos necessários.
Como
afirmava Paulo VI, «o desenvolvimento é o novo nome da paz», pois
não há verdadeira paz, quando existem pessoas marginalizadas ou
obrigadas a viver na miséria.
Não
há paz, onde falta trabalho ou a perspectiva dum salário digno.
Não
há paz nas periferias das nossas cidades, onde se propagam droga e
violência.
A
Europa reencontra esperança, quando se abre ao futuro.
Quando
se abre aos jovens, oferecendo-lhes perspectivas sérias de educação,
reais possibilidades de inserção no mundo do trabalho.
Quando
investe na família, que é a célula primeira e fundamental da
sociedade.
Quando
respeita a consciência e os ideais dos seus cidadãos.
Quando
garante a possibilidade de ter filhos, sem o medo de não conseguir
mantê-los.
Quando
defende a vida em toda a sua sacralidade.
Ilustres
Hóspedes!
Hoje,
no geral alongamento das perspectivas de vida, sessenta anos são
considerados o tempo da plena maturidade.
Uma
idade crucial em que nos sentimos chamados, mais uma vez, a pôr-nos
em discussão.
Também
a União Europeia é chamada, hoje, a pôr-se em discussão, cuidar
dos inevitáveis achaques que chegam com os anos e encontrar
percursos novos para prosseguir o próprio caminho.
Entretanto
a União Europeia, diversamente de um ser humano de sessenta anos,
não tem diante de si uma velhice inevitável, mas a possibilidade
duma nova juventude.
O
seu sucesso dependerá da vontade de voltar a trabalhar juntos e do
desejo de apostar no futuro.
Caberá
a vós, como líderes, discernir o caminho dum «novo humanismo
europeu», feito de ideais e concretizações.
Isto
significa não ter medo de assumir decisões eficazes, capazes de
responder aos problemas reais das pessoas e resistir à prova do
tempo.
Pela
minha parte, posso apenas assegurar a proximidade da Santa Sé e da
Igreja à Europa inteira, para cuja edificação desde sempre
contribuiu e sempre contribuirá, invocando sobre ela a bênção do
Senhor, para que a proteja e lhe dê paz e progresso.
Por
isso faço minhas as palavras que Joseph Bech pronunciou no
Campidoglio: Ceterum censeo Europam esse aedificandam – de
resto, penso que a Europa mereça ser construída.
Obrigado!
Fontes:
Santa Sé; Rádio Vaticano; L'Osservatore Romano
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