Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

quinta-feira, 30 de março de 2017

COMO ABRAÃO, ESPERAR CONTRA TODA ESPERANÇA



A catequese proferida pelo Papa Francisco nesta Quarta-feira foi inspirada no episódio narrado por S. Paulo na Carta aos Romanos
 
 
A esperança cristã vai além da esperança humana.

Paulo ajuda-nos a elucidar o vínculo profundamente estreito entre a fé e a esperança.

A nossa esperança não se baseia em raciocínios, previsões nem seguranças humanas; e manifesta-se quando já não há esperança, onde não há mais nada no que esperar, exactamente como aconteceu com Abraão, diante da sua morte iminente e da esterilidade da sua esposa Sara.
Aproxima-se o fim para ambos, não podiam ter filhos, e naquela situação Abraão acreditou, esperando contra toda a esperança”.



A CATEQUESE DO PAPA FRANCISCO
NA AUDIÊNCIA GERAL
Quarta-feira, 29 de Março de 2017


Bom dia, prezados irmãos e irmãs!

O trecho da Carta de São Paulo aos Romanos, que há pouco ouvimos, oferece-nos um grande dom.
Com efeito, estamos habituados a reconhecer em Abraão o nosso pai na fé; hoje, o Apóstolo leva-nos a compreender que para nós Abraão é pai na esperança; não apenas pai da fé, mas pai na esperança.
E isto porque na sua vicissitude já podemos ver um anúncio da Ressurreição, da vida nova que vence o mal e até a morte.

No texto diz-se que Abraão acreditou no Deus «que dá vida aos mortos e chama à existência o que está no vazio» (Rm 4, 17); e depois esclarece: «Ele não vacilou na fé, embora tenha reconhecido que o seu corpo estava sem vigor e o seio de Sara amortecido» (Rm 4, 19).
Eis, esta é a experiência que também nós somos chamados a viver.
O Deus que se revela a Abraão é o Deus que salva e faz sair do desespero e da morte, o Deus que chama à vida.
Na vicissitude de Abraão tudo se torna um hino ao Deus que liberta e regenera, tudo se faz profecia.
E assim se torna para nós, para nós que agora reconhecemos e celebramos o cumprimento de tudo isto no mistério da Páscoa.
Com efeito, Deus «que dos mortos ressuscitou Jesus» (Rm 4, 24), a fim de que também nós, nele, possamos passar da morte para a vida.
Assim, na verdade Abraão pode dizer-se justamente «pai de muitos povos», pois resplandece como anúncio de uma nova humanidade — nós! — por Cristo resgatada do pecado e da morte, e introduzida de uma vez para sempre no abraço do amor de Deus.

Nesta altura, Paulo ajuda-nos a elucidar o vínculo profundamente estreito entre a fé e a esperança.
Com efeito, Ele afirma que Abraão, «esperando contra toda a esperança, teve fé» (Rm 4, 18).
A nossa esperança não se baseia em raciocínios, previsões nem seguranças humanas; e manifesta-se quando já não há esperança, onde não há mais nada no que esperar, exactamente como aconteceu com Abraão, diante da sua morte iminente e da esterilidade da sua esposa Sara.
Aproxima-se o fim para ambos, não podiam ter filhos, e naquela situação Abraão acreditou, esperando contra toda a esperança.
E isto é grandioso!
A profunda esperança radica-se na fé, e precisamente por isso é capaz de ir além de toda a esperança.
Sim, porque não se fundamenta na nossa palavra, mas na Palavra de Deus.
Então, inclusive neste sentido somos chamados a seguir o exemplo de Abraão que, não obstante a evidência de uma realidade que parece destinada à morte, confia em Deus e «estava plenamente convencido de que Deus era poderoso e podia cumprir o que prometera» (Rm 4, 21).
Gostaria de vos fazer uma pergunta: nós, todos nós, estamos persuadidos disto?
Estamos convictos de que Deus nos ama e que está disposto a cumprir tudo aquilo que nos prometeu?
Mas padre, quanto temos que pagar por isto?
Só há um preço: «abrir o coração».
Abri os vossos corações e esta força de Deus levar-vos-á em frente, fará milagres e ensinar-vos-á o que é a esperança.
Eis o único preço: abri o coração à fé e Ele fará o resto.

Este é o paradoxo e, ao mesmo tempo, o elemento mais forte, mais excelso na nossa esperança!
Uma esperança fundada numa promessa que, do ponto de vista humano, parece incerta e imprevisível, mas que não esmorece nem sequer diante da morte, quando quem promete é o Deus da Ressurreição e da vida.
Isto não é prometido por qualquer um!
Aquele que faz a promessa é o Deus da Ressurreição e da vida.

Caros irmãos e irmãs, peçamos hoje ao Senhor a graça de permanecer firmes não tanto nas nossas seguranças, nas nossas capacidades, mas na esperança que deriva da promessa de Deus, como verdadeiros filhos de Abraão.
Quando Deus promete, leva a cumprimento a sua promessa.
Nunca falta à sua palavra.
E então a nossa vida assumirá uma nova luz, na consciência de que Aquele que ressuscitou o seu Filho, há de ressuscitar também a nós, tornando-nos na realidade um só com Ele, juntamente com todos os nossos irmãos na fé.
Todos nós cremos.
Hoje estamos todos na praça, louvemos o Senhor, cantemos ao nosso Pai e depois receberemos a Bênção...
Mas isto passa.
Todavia, também esta é uma promessa de esperança.
Se hoje mantivermos o coração aberto, garanto-vos que todos nós nos encontraremos na praça do Céu, que nunca passa para sempre.
Esta é a promessa de Deus, esta é a nossa esperança, se abrirmos os nossos corações.

Obrigado!


Fontes: Santa Sé; Rádio Vaticano


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