Prosseguindo
o ciclo de catequeses sobre os mandamentos o Papa Francisco reflectiu
sobre o termo “decálogo”
O
termo “decálogo”, que corresponde à expressão “as dez
palavras” utilizada na tradição judaica e evocou o capítulo 20
do livro do Êxodo: «Deus pronunciou todas estas palavras».
O
Papa frisou a distinção entre os termos “ordem” e “palavra”.
O
primeiro, explicou, «é uma comunicação que não requer diálogo»,
enquanto o segundo é «o meio essencial do relacionamento como
diálogo».
Portanto,
os mandamentos «são palavras de Deus: Deus comunica-se nestas dez
palavras e espera a nossa resposta».
Eis
por que na sua vida o cristão é posto continuamente diante de uma
escolha: «Deus impõe-me as coisas, ou cuida de mim? Os seus
mandamentos são apenas uma lei, ou contêm uma palavra, para cuidar
de mim? Deus é patrão ou Pai?».
Trata-se
de um verdadeiro «combate, dentro e fora de nós» que «se
apresenta continuamente: temos que escolher muitas vezes entre uma
mentalidade de escravos e uma mentalidade de filhos».
Mas,
segundo o Papa Francisco, a resposta verdadeira só pode ser uma:
«Deus é Pai».
E
«até nas situações mais negativas – disse dirigindo-se aos
presentes – pensai que temos um Pai que ama todos nós».
Em
particular o Espírito Santo «é um Espírito de filhos, é o
Espírito de Jesus».
Ao
contrário, «um espírito de escravos não pode deixar de receber a
Lei de modo opressivo».
E
isto, observou o Pontífice, produz «dois resultados opostos: ou uma
vida feita de deveres e obrigações, ou então uma reacção
violenta de rejeição».
Na
realidade, «todo o Cristianismo é a passagem da letra da Lei para o
Espírito que vivifica».
Porque
Jesus, concluiu, «veio para salvar com a sua Palavra, não para nos
condenar».
Resumo
da catequese do Santo Padre disponibilizada pela Santa Sé:
Os
Dez Mandamentos aparecem, na Bíblia, como parte duma relação de
Aliança entre Deus e o seu povo.
Entretanto
o texto bíblico e a tradição hebraica não falam de mandamentos,
mas de «palavras»: são as Dez Palavras, isto é, o Decálogo.
Ora,
nós sabemos que não é a mesma coisa receber uma ordem ou sentir
que alguém deseja falar connosco.
Diante
de nós abre-se esta alternativa: ver Deus como Alguém que me impõe
coisas ou como um Pai que tem cuidado de mim e vela pelo meu bem.
Logo no Jardim do Éden, o Tentador conseguiu enganar Adão e Eva
neste ponto: convenceu-os de que Deus lhes proibira de comer do fruto
da árvore do bem e do mal para tê-los sujeitos a Si.
O
diabo deixa os nossos primeiros pais perante este dilema: Aquela
proibição de Deus é a imposição dum déspota que proíbe e
constringe ou é a solicitude dum pai que tem cuidado dos seus filhos
e os protege da autodestruição?
Deus
é patrão ou Pai?
Somos
seus súbditos ou filhos?
Os
factos demonstraram dramaticamente que a Serpente os enganou.
Mas
esta é uma luta que se apresenta, continuamente, dentro e fora de
nós: vezes sem conta, fomos obrigados a escolher entre uma
mentalidade de escravos ou uma mentalidade de filhos.
Um
espírito de escravo só pode ver a lei como opressora, daí
resultando uma vida feita de deveres e obrigações ou então a
recusa a obedecer-lhe.
O
cristianismo é a passagem da letra da Lei para o Espírito que dá
vida.
Jesus
é a Palavra do Pai, não a condenação a nós imposta pelo Pai.
O
mundo não precisa de legalismo, mas de cristãos com coração de
filhos.
Fontes:
Santa Sé; Notícias do Vaticano; L’Osservatore Romano
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