Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

quinta-feira, 7 de junho de 2018

RECEBEMOS AS GRAÇAS DE DEUS PARA AS DAR AOS OUTROS




Nesta Quarta-feira o Papa Francisco prosseguiu o ciclo de catequeses sobre a Crisma



A reflexão do Santo Padre desenvolveu-se a partir da dimensão do dom.
«As graças de Deus», recordou a propósito, não se recebem para as conservar dentro de si, «como se a alma fosse um armazém», mas «para as dar aos outros».
E é «próprio do Espírito Santo descentrar-nos do nosso eu, abrindo-nos ao “nós” da comunidade: receber para dar.»

Em conclusão, o Papa repetiu que:

Ninguém recebe a Confirmação somente para si mesmo, mas para cooperar no crescimento espiritual dos outros.”

No final da audiência, na saudação aos peregrinos, o Santo Padre fez um apelo:

Na sexta-feira celebraremos a Solenidade do Santíssimo Coração de Jesus.
Durante todo o mês de Junho, convido-vos a rezar ao Coração de Jesus e a ajudar os vossos sacerdotes com a proximidade e o afecto, a fim de que sejam imagem daquele Coração de amor misericordioso.”









PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça S. Pedro, Quarta-feira, 6 de Junho de 2018

Bom dia, prezados irmãos e irmãs!

Prosseguindo a reflexão sobre o Sacramento da Confirmação, consideremos os efeitos que o dom do Espírito Santo faz amadurecer nos crismandos, levando-os a tornar-se, por sua vez, uma dádiva para os outros.
O Espírito Santo é um dom!
Recordemos que, quando nos dá a unção com o óleo, o bispo diz: “Recebe o Espírito Santo, que te é concedido como dom”.
Aquele dom do Espírito Santo entra em nós e frutifica, para que nós o possamos transmitir aos demais.
Receber sempre para oferecer: nunca receber e conservar as coisas dentro, como se alma fosse um armazém.
Não: receber sempre para oferecer.
Recebemos as graças de Deus para as dar aos outros.
Esta é a vida do cristão.
Portanto, é próprio do Espírito Santo descentrar-nos do nosso eu, abrindo-nos ao “nós” da comunidade: receber para dar.
Nós não estamos no centro: somos um instrumento daquela dádiva para os outros.

Completando nos baptizados a semelhança a Cristo, a Confirmação une-os mais fortemente como membros vivos ao Corpo místico da Igreja (cf. Rito da Confirmação, n. 25).
A missão da Igreja no mundo procede através da contribuição de todos aqueles que fazem parte dela.
Alguns pensam que na Igreja existem patrões: o Papa, os bispos, os sacerdotes e depois os outros.
Não: todos nós somos Igreja!
E todos temos a responsabilidade de nos santificarmos uns aos outros, de cuidarmos dos demais.
Todos nós somos Igreja!
Cada qual tem a sua função na Igreja, mas todos nós somos Igreja!
Com efeito, devemos pensar na Igreja como num organismo vivo, composto por pessoas que conhecemos e com as quais caminhamos, e não como numa realidade abstracta e distante.
A Igreja somos nós que caminhamos, a Igreja somos nós que hoje nos encontramos nesta praça.
Nós: esta é a Igreja.
A Confirmação vincula à Igreja universal espalhada pela terra inteira, mas compromete activamente os crismandos na vida da Igreja particular à qual pertencem, tendo como cabeça o Bispo, que é o sucessor dos Apóstolos.

E por isso o Bispo é o ministro originário da Confirmação (cf. Lumen gentium, 26), porque insere o confirmado na Igreja.
O facto de que, na Igreja latina, este sacramento seja normalmente conferido pelo Bispo põe em evidência o seu «efeito de unir mais estreitamente aqueles que o recebem à Igreja, às suas origens apostólicas e à sua missão de dar testemunho de Cristo» (Catecismo da Igreja Católica, n. 1313).

E esta incorporação eclesial é bem significada pelo sinal de paz que conclui o rito da Crisma.
Com efeito, a cada confirmado o Bispo diz: «A paz esteja contigo!».
Recordando a saudação de Cristo aos discípulos na noite de Páscoa, cheia de Espírito Santo (cf. Jo 20, 19-23) — ouvimos — estas palavras iluminam um gesto que «manifesta a comunhão eclesial com o Bispo e com todos os fiéis» (cf. CIC, n. 1301).
Na Crisma, nós recebemos o Espírito Santo e a paz: aquela paz que devemos transmitir aos outros.
Mas pensemos: cada qual pense, por exemplo, na própria comunidade paroquial.
Há a cerimónia da Crisma, e depois trocamos o gesto da paz: o Bispo oferece-a ao crismado e em seguida, na Missa, trocamo-la entre nós.
Isto significa harmonia, quer dizer caridade entre nós, significa paz.
Mas depois, o que acontece?
Saímos e começamos a falar mal do próximo, a “esfolar” os outros.
Começam as tagarelices.
E as bisbilhotices são guerras.
Isto não está certo!
Se recebemos o sinal da paz com a força do Espírito Santo, devemos ser homens e mulheres de paz, e não destruir com a língua a paz instaurada pelo Espírito.
Quanto trabalho tem o desventurado Espírito Santo connosco, com este hábito da bisbilhotice!
Pensai bem: a tagarelice não é uma obra do Espírito Santo, não é uma obra da unidade da Igreja.
A bisbilhotice destrói aquilo que Deus faz.
Mas por favor: deixemos de tagarelar!

A Confirmação só se recebe uma vez, mas o dinamismo espiritual suscitado pela santa unção persevera no tempo.
Nunca cessaremos de cumprir o mandato de propagar em toda a parte o bom perfume de uma vida santa, inspirada pela fascinante simplicidade do Evangelho.

Ninguém recebe a Confirmação somente para si mesmo, mas para cooperar no crescimento espiritual dos outros.
Só assim, abrindo-nos e saindo de nós mesmos para ir ao encontro dos irmãos, podemos realmente crescer e não apenas iludir-nos que o fazemos.
Com efeito, aquilo que recebemos como dom de Deus deve ser transmitido — o dom é para ser oferecido — a fim de que seja fecundo e não, ao contrário, enterrado por causa de temores egoístas, como ensina a parábola dos talentos (cf. Mt 25, 14-30).
Até a semente, quando a temos na mão, não deve ser colocada ali, no armário, nem deixada de lado: é para ser semeada.
Devemos transmitir à comunidade o dom do Espírito.
Exorto os crismados a não “enjaular” o Espírito Santo, a não opor resistência ao Vento que sopra para os impelir a caminhar na liberdade, e não sufocar o Fogo ardente da caridade, que leva a consumir a vida por Deus e pelos irmãos.
Que o Espírito Santo conceda a todos nós a coragem apostólica de comunicar o Evangelho, com obras e palavras, a quantos encontrarmos no nosso caminho.
Com obras e palavras, mas com palavras boas, que edificam.
Não com palavras de bisbilhotice, que destroem.
Por favor, quando saírdes da igreja, pensai que a paz recebida é para ser oferecida aos outros; não para ser destruída com bisbilhotices.
Não vos esqueçais disto!


Fontes: Santa Sé; Notícias do Vaticano; L’Osservatore Romano




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