O Papa Francisco vai estar até à próxima Segunda-feira no Iraque onde chegou hoje cerca das 11H00
Ontem, na sua mensagem ao povo iraquiano antes da sua Viagem Apostólica, o Santo Padre apresenta-se como peregrino de paz e de esperança. E recordando o pai Abraão, afirma “confiando em Deus, deu vida a uma descendência tão numerosa quanto as estrelas do céu”. E faz um convite a todos os irmãos e irmãs: “caminhem com esperança e nunca deixem de olhar para as estrelas. Ali está a nossa promessa”.
Esta manhã, cerca das 11H00 de Lisboa, 14H00 locais, aterrou no aeroporto de Bagdade o avião da Alitália que transportou o Papa Francisco para a que é a sua 33ª Viagem Apostólica fora da Itália e a primeira pós-pandemia.
O primeiro dia da visita decorrerá na capital Bagdade.
Após a recepção oficial no Aeroporto Internacional de Bagdade, o Santo Padre teve aí um encontro com o Primeiro Ministro.
Na sua primeira intervenção o Papa Francisco fez um apelo às autoridades:
“Calem-se as armas; o povo iraquiano quer viver e rezar em paz.”
No Palácio Presidencial, após a Cerimónia de Boas-vindas, encontrou-se como Presidente da República e, posteriormente, com as Autoridades, a Sociedade Civil e o Corpo Diplomático.
Cerca das 13H40 teve um Encontro com os Bispos, Sacerdotes, Religiosos e Religiosas, Seminaristas e Catequistas na Catedral Sírio-Católica de "Nossa Senhora da Salvação" em Bagdade.
A intervenção do Papa Francisco:
Amanhã, Sábado dia 6 de Março de 2021, o Santo Padre desloca-se de avião a Najaf onde pelas 6H00 efectua uma Visita de cortesia ao Grão-Aiatolá Sayyid Ali Al-Husayni Al-Sistani.
Parte depois para Nassiriya onde às 8H00 tem o Encontro Inter-religioso na Planície de Ur.
Regressa a Bagdade para, às 15H00, celebrar a Santa Missa na Catedral Caldeia de São José.
No próximo Domingo, dia 7 de Março, parte para Erbil onde, no aeroporto, após a Recepção pelas Autoridades Religiosas e Civis da Região Autónoma do Curdistão Iraquiano vai encontrar-se com o Presidente e o Primeiro Ministro da Região Autónoma.
Segue depois em helicóptero para Mosul (território onde ocorreram enormes atrocidades relatadas pelos meios de comunicação social) onde fará, às 7H00, uma Oração de Sufrágio pelas Vítimas da Guerra.
Parte depois em helicóptero para Qaraqosh onde, às 8H30, onde efectua a Visita à Comunidade de Qaraqosh na Igreja da Imaculada Conceição.
Depois, segue para Erbil para aí, às 13H00, celebrar a Santa Missa no Estádio “Franso Hariri”, regressando no final a Bagdade.
Na Segunda-feira, 8 de Março de 2021, às 6H30, o Papa Francisco participa da Cerimónia de Despedida no Aeroporto de Bagdade partindo depois com destino ao Aeroporto Internacional de Ciampino em Roma.
Lema e logótipo da viagem:
"Sois todos irmãos". Este é o lema - extraído do Evangelho de Mateus - da visita do Papa Francisco ao Iraque, cujo logótipo mostra o Papa no gesto de saudação ao país, representado no mapa e por seus símbolos, a palmeira e os rios Tigre e Eufrates. O logótipo também mostra uma pomba branca, com um ramo de oliveira no seu bico, símbolo de paz, voando sobre as bandeiras da Santa Sé e da República do Iraque. Acima da imagem está o lema da visita em árabe, curdo e caldeu.
Algumas notas sobre Bagdade
A capital da República do Iraque, foi fundada em 762 pelo Califa abásside al-Mansur, no local onde o curso do rio Tigre se aproxima ao Eufrates, numa das áreas culturais mais antigas da humanidade, a Mesopotâmia.
A posição favorável para o comércio e a administração do território permitiu que a cidade crescesse e prosperasse até se tornar um dos centros culturais mais importante do mundo. Do esplendor alcançado pelos abássidas, ainda temos ecos nas histórias de "As Mil e Uma Noites", em grande parte ambientadas na cidade, que pelos maravilhosos palácios e jardins era conhecida como a "cidade da paz".
Foi ali que nasceu, como biblioteca privada do Califa abássida Harun al Rashid (Harune Arraxide), a Bayt al-Haikma, a "Casa da Sabedoria", ampliada mais tarde por seu filho e sucessor al Ma'mun, um dos lugares de estudo mais conhecidos da história. Partindo de uma biblioteca privada, este lugar expandiu-se cada vez mais, tornando-se público e dando a oportunidade aos estudiosos de consultar mais de meio milhão de livros.
A Bayt al Hikmah representou no mundo o mais importante centro de conhecimento por vários séculos. No entanto, não sobreviveu às devastações sofridas pela capital abássida: incêndios, guerras civis e, por fim, a invasão devastadora dos mongóis liderados pelo sobrinho de Genghis Khan, Hülegü. Com o fim do Califado, no século XIII, teve início a decadência de Bagdade.
Saqueada pelos mongóis em 1258, destruída por Timer em 1400, passou a fazer parte do Império Otomano em 1638, até o século XX, sendo ocupada posteriormente pelos britânicos, durante a Primeira Guerra Mundial.
Em 1932, com a independência, voltou a ser um importante centro cultural no mundo árabe, e na década de 1970, graças ao petróleo, conheceu um período de prosperidade, que terminou definitivamente após o conflito com o Irão, as Guerras do Golfo, a queda do ditador Saddam Hussein e ocupação militar em 2003.
Bagdade, cujo nome parece derivar do antigo persa "Bagh" e "Dad", ou "presente de Deus", pela forma perfeitamente circular do seu núcleo original, sempre foi definida como "Cidade Redonda". Ali, dentro de três círculos de muros concêntricos, Al-Mansur construiu seu palácio, o opulento Golden Gate Palace, com uma cúpula verde mais de 40 m de altura, e a adjacente Grande Mesquita.
Na cidade actual, abundam os monumentos construídos por ordem de Saddam Hussein, para celebrar sua figura e suas vitórias. Entre os principais, o Arco de Mãos da Vitória, o Monumento ao Soldado Desconhecido, e o monumento Al-Shaheed, que comemoram a Guerra Irão-Iraque.
Hussein também mandou construir algumas mesquitas, entre as quais a mesquita Umm al-Mahare, ou "Mãe de todas as batalhas", na periferia, cujos minaretes têm a forma de fuzis Kalashkinov e mísseis Scud; a mesquita kazimayn, localizada a noroeste de Bagdade, típico exemplo de arte islâmica, onde são conservados os túmulos dos Imames venerados por muçulmanos xiitas. E no bairro de Bab al-Sheik, a mesquita al-Qadiriya, que já foi uma escola Alcorão.
Marcos de referência da capital, separados pelo rio Tigre, são o Santuário Khadhimiya e a Mesquita Abu Hanifa, em Adhamiya, uma das mais importantes mesquitas sunitas na capital; o Palácio de Saddam Hussein, construído por sua vontade em 1988 numa colina no alto da cidade; o Museu Nacional Iraquiano - fundado em 1926 pela arqueóloga e viajante britânica Gertrude Bell, conhecida como a "Rainha de Bagdade" - o qual, em 2003, após a invasão dos Estados Unidos, foi saqueado de suas preciosas antiguidades, que datam de mais de 5.000 anos; o Jardim Zoológico construído em 1971, que em 2003 foi completamente devastado, mas agora acessível novamente; os bairros característicos de Karrada e Al Mansour; e o mercado histórico de Shorja, o maior souk ao ar livre da cidade, que remonta à era abássida.
Fontes: Santa Sé; Notícias do Vaticano
Sem comentários:
Enviar um comentário