Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

ACUMULAR RIQUEZAS NÃO DÁ SENTIDO À VIDA

 




O nosso tesouro está no coração

   


Na catequese desta Quarta-feira, o Papa Leão XIV recordou que “o verdadeiro tesouro” não se encontra “nos cofres da terra” nem nas falsas seguranças do mundo, mas no coração que, iluminado pela Páscoa de Cristo, encontra no amor de Deus o repouso, o sentido e a esperança para a vida.

É no coração que se conserva o verdadeiro tesouro, não nos cofres da terra, não nos grandes investimentos financeiros, hoje mais do que nunca enlouquecidos e injustamente concentrados, idolatrados ao preço sangrento de milhões de vidas humanas e da devastação da criação de Deus.”

O Santo Padre advertiu que o excesso de actividades pode transformar-se num turbilhão que rouba a serenidade e impede de viver o essencial, fazendo-nos sentir cansados e insatisfeitos:

O tempo parece dispersar-se em mil coisas práticas que, contudo, não resolvem o derradeiro significado da nossa existência. Às vezes, no final de dias cheios de actividades, sentimo-nos vazios. Porquê? Porque não somos máquinas, temos um “coração”, ou melhor, podemos dizer que somos um coração.”

No final da catequese, o Papa recordou que ninguém pode viver sem um sentido que vá além do contingente. O coração humano, disse, foi feito para a plenitude e não para a carência.

O coração inquieto não ficará desiludido, se entrar no dinamismo do amor para o qual é criado. O destino é certo, a vida venceu e, em Cristo, continuará a vencer em cada morte do dia a dia. Eis a esperança cristã: bendigamos e demos graças sempre ao Senhor que no-la concedeu!”


LEÃO XIV - AUDIÊNCIA GERAL

Praça de São Pedro, Quarta-feira, 17 de Dezembro de 2025

Ciclo de Catequese – Jubileu 2025. Jesus Cristo, Nossa Esperança.

IV. A Ressurreição de Cristo e os desafios do mundo de hoje.

8. A Páscoa como refúgio do coração inquieto


Estimados irmãos e irmãs, bom dia e bem-vindos!

A vida humana é caracterizada por um movimento constante que nos impele a fazer, a agir. Hoje, em toda a parte, exige-se rapidez no alcance de resultados óptimos nos âmbitos mais diversificados. De que modo a ressurreição de Jesus ilumina este traço da nossa experiência? Quando participarmos na sua vitória sobre a morte, descansaremos? A fé diz-nos: sim, descansaremos! Não ficaremos inactivos, mas entraremos no descanso de Deus, que é paz e júbilo! Bem, devemos apenas esperar, ou isto pode mudar-nos desde já?

Estamos absorvidos por muitas actividades, que nem sempre nos satisfazem. Muitas das nossas acções têm a ver com coisas práticas, concretas. Devemos assumir a responsabilidade de muitos compromissos, resolver problemas, enfrentar dificuldades. Também Jesus se envolveu com as pessoas e com a vida, sem se poupar, mas entregando-se até ao fim. No entanto, muitas vezes compreendemos que fazer demasiado, em vez de nos dar plenitude, torna-se um turbilhão que nos atordoa, que nos priva da serenidade, que nos impede de viver da melhor forma o que é realmente importante para a nossa vida. Então, sentimo-nos cansados, insatisfeitos: o tempo parece dispersar-se em mil coisas práticas que, contudo, não resolvem o derradeiro significado da nossa existência. Às vezes, no final de dias cheios de actividades, sentimo-nos vazios. Porquê? Porque não somos máquinas, temos um “coração”, ou melhor, podemos dizer que somos um coração.

O coração é o símbolo de toda a nossa humanidade, síntese de pensamentos, sentimentos e desejos, o centro invisível da nossa pessoa. O evangelista Mateus convida-nos a reflectir sobre a importância do coração, citando esta maravilhosa frase de Jesus: «Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração» (Mt 6, 21).

Portanto, é no coração que se conserva o verdadeiro tesouro, não nos cofres da terra, não nos grandes investimentos financeiros, hoje mais do que nunca enlouquecidos e injustamente concentrados, idolatrados ao preço sangrento de milhões de vidas humanas e da devastação da criação de Deus.

É importante reflectir sobre estes aspectos, pois nos inúmeros compromissos que enfrentamos continuamente sobressai cada vez mais o risco da dispersão, por vezes do desespero, da falta de sentido, até em pessoas aparentemente bem-sucedidas. Pelo contrário, ler a vida sob o sinal da Páscoa, olhar para ela com Jesus Ressuscitado, significa encontrar o acesso à essência da pessoa humana, ao nosso coração: cor inquietum. Com este adjectivo “inquieto”, Santo Agostinho leva-nos a compreender o impulso do ser humano orientado para a sua plena realização. A frase integral remete para o início das Confissões, onde Agostinho escreve: «Senhor, criaste-nos para ti e o nosso coração está inquieto, enquanto não descansar em ti» (I, 1, 1).

A inquietação é o sinal de que o nosso coração não se move por acaso, de modo desordenado, sem um fim nem uma meta, mas está orientado para o seu destino último, o “regresso a casa”. E o verdadeiro destino do coração não consiste na posse dos bens deste mundo, mas em alcançar aquilo que pode preenchê-lo plenamente, ou seja, o amor de Deus, ou melhor, Deus-Amor. No entanto, este tesouro só se acha amando o próximo que se encontra ao longo do caminho: irmãos e irmãs em carne e osso, cuja presença interpela e questiona o nosso coração, chamando-o a abrir-se e a doar-se. O próximo pede-nos para ir mais devagar, para o fitar nos olhos, às vezes para mudar de programa, talvez até para mudar de direcção.

Caríssimos, eis o segredo do movimento do coração humano: voltar à nascente do seu ser, desfrutar do júbilo que não esmorece, que não desilude. Ninguém pode viver sem um significado que vá além do contingente, além daquilo que passa. O coração humano não pode viver sem esperar, sem saber que foi feito para a plenitude, não para a carência.

Com a sua Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição, Jesus Cristo deu um fundamento sólido a esta esperança. O coração inquieto não ficará desiludido, se entrar no dinamismo do amor para o qual é criado. O destino é certo, a vida venceu e, em Cristo, continuará a vencer em cada morte do dia a dia. Eis a esperança cristã: bendigamos e demos graças sempre ao Senhor que no-la concedeu!


Na tarde desta Segunda-feira, 15 de Dezembro, realizou-se a tradicional e sugestiva cerimónia de apresentação do presépio e do acendimento da árvore de Natal na Praça de São Pedro.

O presépio e a árvore na Praça São Pedro permanecerão expostos até ao final do Tempo do Natal, que coincide com a festa do Baptismo do Senhor, no Domingo, 11 de Janeiro.


Fontes: Santa Sé; Notícias do Vaticano


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