Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO NA MISSA DA NOITE DE NATAL

Não temais!
O nosso Pai é paciente, ama-nos, dá-nos Jesus para nos guiar no caminho para a terra prometida.
Ele é a luz que ilumina as trevas.
Ele é a nossa paz.



Basílica de S. Pedro, 24 de Dezembro de 2013, Homilia do Papa Francisco na Missa da Noite de Natal:
1. «O povo que andava nas trevas viu uma grande luz» (Is 9, 1).
Esta profecia de Isaías não cessa de nos comover, especialmente quando a ouvimos na liturgia da Noite de Natal.
E não se trata apenas dum facto emotivo, sentimental; comove-nos, porque exprime a realidade profunda daquilo que somos: somos povo em caminho, e ao nosso redor – mas também dentro de nós – há trevas e luz.
E nesta noite, enquanto o espírito das trevas envolve o mundo, renova-se o acontecimento que sempre nos maravilha e surpreende: o povo em caminho vê uma grande luz.
Uma luz que nos faz reflectir sobre este mistério: o mistério do andar e do ver.
Andar.
Este verbo faz-nos pensar no curso da história, naquele longo caminho que é a história da salvação, com início em Abraão, nosso pai na fé, que um dia o Senhor chamou convidando-o a partir, a sair do seu país para a terra que Ele lhe havia de indicar.
Desde então, a nossa identidade de crentes é a de pessoas peregrinas para a terra prometida.
Esta história é sempre acompanhada pelo Senhor! Ele é sempre fiel ao seu pacto e às suas promessas.
«Deus é luz, e n’Ele não há nenhuma espécie de trevas» (1 Jo 1, 5).
Diversamente, do lado do povo, alternam-se momentos de luz e de escuridão, fidelidade e infidelidade, obediência e rebelião; momentos de povo peregrino e de povo errante.
E, na nossa historia pessoal, também se alternam momentos luminosos e escuros, luzes e sombras.
Se amamos a Deus e aos irmãos, andamos na luz; mas, se o nosso coração se fecha, se prevalece em nós o orgulho, a mentira, a busca do próprio interesse, então calam as trevas dentro de nós e ao nosso redor.
«Aquele que tem ódio ao seu irmão – escreve o apóstolo João – está nas trevas e nas trevas caminha, sem saber para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos» (1 Jo 2, 11).
2. Nesta noite, como um facho de luz claríssima, ressoa o anúncio do Apóstolo:
«Manifestou-se a graça de Deus, que traz a salvação para todos os homens» (Tt 2, 11).
A graça que se manifestou no mundo é Jesus, nascido da Virgem Maria, verdadeiro homem e verdadeiro Deus.
Entrou na nossa história, partilhou o nosso caminho. Veio para nos libertar das trevas e nos dar a luz.
N’Ele manifestou-se a graça, a misericórdia, a ternura do Pai: Jesus é o Amor feito carne.
Não se trata apenas dum mestre de sabedoria, nem dum ideal para o qual tendemos e do qual sabemos estar inexoravelmente distantes, mas é o sentido da vida e da história que pôs a sua tenda no meio de nós.
3. Os pastores foram os primeiros a ver esta «tenda», a receber o anúncio do nascimento de Jesus.
Foram os primeiros, porque estavam entre os últimos, os marginalizados.
E foram os primeiros porque velavam durante a noite, guardando o seu rebanho.
Com eles, detemo-nos diante do Menino, detemo-nos em silêncio.
Com eles, agradecemos ao Pai do Céu por nos ter dado Jesus e, com eles, deixamos subir do fundo do coração o nosso louvor pela sua fidelidade: Nós Vos bendizemos, Senhor Deus Altíssimo, que Vos humilhastes por nós.
Sois imenso, e fizestes-Vos pequenino; sois rico, e fizestes-Vos pobre; sois omnipotente, e fizestes-Vos frágil.
Nesta Noite, partilhamos a alegria do Evangelho: Deus ama-nos; e ama-nos tanto que nos deu o seu Filho como nosso irmão, como luz nas nossas trevas.
O Senhor repete-nos: «Não temais» (Lc 2, 10).
E vo-lo repito também eu: Não temais! O nosso Pai é paciente, ama-nos, dá-nos Jesus para nos guiar no caminho para a terra prometida.
Ele é a luz que ilumina as trevas.
Ele é a nossa paz.
Amen.

Fonte: Santa Sé




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