Conflitos,
armas, migrações, família e protecção do meio ambiente
Os
temas abordados pelo Papa Francisco ao receber os diplomatas para as
saudações de Ano Novo
O
Papa Francisco recebeu hoje, na Sala Régia do Vaticano, os
embaixadores acreditados junto da Santa Sé para as felicitações de
Ano Novo.
A
tradicional audiência é a ocasião para o Santo Padre fazer um dos
mais importantes discursos do ano, por tratar de temas de interesse
global e internacional.
A
Audiência aos membros do Corpo Diplomático decorreu na Sala Régia
do Palácio Apostólico do Vaticano e começou com uma saudação do
decano do corpo diplomático, Dr. Armindo Vieira, embaixador de
Angola.
No
início, O Papa Francisco recordou as Viagens Apostólicas realizadas
em 2017 - Egipto, Portugal, Colômbia, Mianmar e Bangladesh.
“A
Portugal, desloquei-me como peregrino, no centenário das aparições
de Nossa Senhora em Fátima, para celebrar a canonização dos
pastorinhos Jacinta e Francisco Marto.
Pude
constatar a fé, cheia de entusiasmo e alegria, que a Virgem Maria
suscitou na multidão de peregrinos que então lá se reuniu.”
Ocorrendo
este ano do centenário do fim da I Guerra Mundial, segundo o Papa,
deste evento podemos tirar duas lições:
“vencer
nunca significa humilhar o adversário derrotado”;
“a
paz consolida-se quando as nações se podem confrontar num clima de
igualdade”.
Falou
depois da Declaração Universal dos Direitos do Homem - completam-se
em 2018 os 70 anos da sua adopção pela Assembleia Geral das Nações
Unidas em 10 de Dezembro de 1948.
“Na
verdade, para a Santa Sé, falar de direitos humanos significa, antes
de mais nada, repropor a centralidade da dignidade da pessoa,
enquanto querida e criada por Deus à sua imagem e semelhança.”
“Setenta
anos depois, faz pena assinalar como muitos direitos fundamentais são
violados ainda hoje.
E,
primeiro dentre eles, o direito à vida, à liberdade e à
inviolabilidade de cada pessoa humana.”
O
Papa recordou que a busca da paz supõe combater a injustiça e
erradicar, de forma não violenta, as causas da discórdia que levam
às guerras.
“A
proliferação de armas agrava claramente as situações de conflito
e implica enormes custos humanos e materiais, deteriorando assim o
desenvolvimento e a busca duma paz duradoura.”
Sobre
a família disse querer dedicar uma especial reflexão.
“É
sabido como a família, sobretudo no Ocidente, seja considerada,
infelizmente, uma instituição superada.
Em
vez da estabilidade dum projecto definitivo, preferem-se hoje
ligações fugazes.”
“Por
isso considero urgente que se adoptem políticas efectivas em apoio
da família, da qual aliás depende o futuro e o desenvolvimento dos
Estados.
Sem
ela, de facto, não se podem construir sociedades capazes de
enfrentar os desafios do futuro.”
Recordando
que a liberdade de movimento faz parte dos direitos humanos
fundamentais, o Santo Padre dedicou amplos parágrafos do seu
discurso aos fluxos migratórios.
“Por
isso é necessário sair duma generalizada retórica sobre o assunto
e partir da consideração essencial de que se encontram diante de
nós, antes de mais nada, pessoas.
Isto
mesmo pretendi reiterar, com a Mensagem «Migrantes e refugiados:
homens e mulheres em busca de paz», escrita para o Dia Mundial da
Paz que se celebrou no passado dia 1 de Janeiro.”
O
Papa Francisco manifestou sua confiança em vista da adopção de
dois Pactos Mundiais (Global Compacts) que serão debatidos
este ano, respectivamente sobre os refugiados e para uma migração
segura, ordenada e regular.
“A
Santa Sé não pretende interferir nas decisões que competem aos
Estados: a eles cabe – à luz das respectivas situações
políticas, sociais e económicas, bem como das próprias capacidades
e possibilidades de recepção e integração – a responsabilidade
primeira do acolhimento.
Mas
ela considera que deve desempenhar um papel de «recordação» dos
princípios de humanidade e fraternidade, que fundamentam toda a
sociedade coesa e harmoniosa.”
O
Papa falou ainda do direito à liberdade religiosa e do direito ao
trabalho.
”Não
há paz nem desenvolvimento, se o homem está privado da
possibilidade de contribuir pessoalmente, através da sua actividade,
para a edificação do bem comum.”
E
do aumento do número de crianças empregadas em actividades laborais
e das vítimas das novas formas de escravidão.
“Não
se pode pensar em projectar um futuro melhor, nem esperar construir
sociedades mais inclusivas, se se continua a manter modelos
económicos orientados meramente para o lucro e a exploração dos
mais fracos, como as crianças.
Eliminar
as causas estruturais de tal flagelo deveria ser uma prioridade de
Governos e organizações internacionais”
Depois
de falar dos direitos, O Papa Francisco concluiu seu discurso com as
obrigações de cada indivíduo para edificação do bem comum.
Entre
elas, destacou o dever de cuidar da natureza.
“Por
conseguinte, é preciso enfrentar, com um esforço conjunto, a
responsabilidade de deixar às gerações seguintes uma terra mais
bela e habitável, esforçando-se, à luz dos compromissos
concordados em Paris no ano de 2015, por reduzir as emissões de gás
nocivas à atmosfera e prejudiciais para a saúde humana.”
Ao
terminar, o Papa Francisco renovou a cada um dos embaixadores
presentes, extensivo aos povos dos que representam, “votos de um
ano rico de alegria, esperança e paz”.
O
texto integral do Discurso do Papa Francisco ao Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé
Fontes:
Santa Sé; Noticias do Vaticano
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