Ao
recordar Santo Estêvão o Papa Francisco abordou os temas do
diaconado e do martírio
Esta
semana, na 9ª catequese sobre os Actos dos Apóstolos, o Papa
Francisco abordou o surgimento de alguns problemas nos primórdios da
comunidade cristã.
Como
harmonizar as diferenças que existem dentro da comunidade cristã
sem que ocorram contrastes e divisões?
“A
comunidade não acolhia somente os judeus, mas também os gregos, ou
seja, pessoas provenientes da diáspora, não judeus, com suas
culturas e sensibilidades.
Também
de outra religião. Nós, hoje, dizemos “pagãos”.
Eles
eram acolhidos.
Essa
coexistência determina equilíbrios frágeis e precários, e diante
das dificuldades emerge o “joio”.
E
qual é o joio que destrói a comunidade?
O
joio da murmuração, o joio do mexerico.
Os
gregos murmuram pela falta de atenção da comunidade em relação às
viúvas.”
Perante
este problema, os Apóstolos procuram soluções em conjunto.
“Os
Apóstolos estão cada vez mais conscientes de que a sua vocação
principal é a oração e a pregação da Palavra de Deus - rezar e
anunciar o Evangelho, e resolvem o problema instituindo um grupo de
«sete homens de boa reputação, repletos do Espírito Santo e de
sabedoria», que depois de receberem a imposição das mãos, se
encarregam de servir às mesas.”
“Os
diáconos são criados para isso, para o serviço.
O
diácono, na Igreja, não é um sacerdote de segunda.
Não,
não. É outra coisa.
O
diácono não é para o altar, não: é para o serviço.
Ele
é o guardião do serviço na Igreja.
Quando
um diácono gosta muito de ir para o altar, ele está errado.
Este
não é o seu caminho.
Essa
harmonia entre o serviço à Palavra e o serviço à caridade é um
fermento que faz crescer o corpo eclesial.”
De
entre os primeiros diáconos, destacam-se Estêvão e Filipe.
“Estêvão
evangeliza com força e ‘parresia’ (audácia), mas sua palavra
encontra resistências.
Não
encontrando outra maneira de fazê-lo desistir, os seus adversários
escolhem a solução mais mesquinha para aniquilar um ser humano: ou
seja, a calúnia ou falso testemunho.
Nós
sabemos que a calúnia mata sempre.
Esse
“cancro diabólico” que é a calúnia, que nasce do desejo de
destruir a reputação de uma pessoa, também agride o resto do corpo
eclesial e o danifica seriamente quando, devido a interesses
mesquinhos ou para encobrir as próprias falhas, se aliam para
difamar alguém.
Levado
ao Sinédrio e acusado de falso testemunho, fizeram o mesmo com Jesus
e o mesmo farão com todos os mártires: falsos testemunhos,
calúnias."
“A
Igreja de hoje é rica de mártires - hoje existem mais mártires do
que no tempo do início da Igreja, e os mártires estão por toda
parte; a Igreja é irrigada pelo seu sangue que é a “semente de
novos cristãos” e garante crescimento e fecundidade ao povo de
Deus.
Os
mártires não são “santinhos”, mas homens e mulheres de carne e
osso que, como diz o Apocalipse, “lavaram suas vestes, tornando-as
brancas no sangue do Cordeiro”.
Eles
são os verdadeiros vencedores.”
Resumo
da catequese do Santo Padre:
Os
Actos dos Apóstolos mostram-nos como a irradiação do Evangelho
pelo mundo não foi isenta de contradições.
A
Igreja nascente acolhia, no seu seio, fiéis provenientes da cultura
judia, mas também de cultura grega.
Estes
últimos começaram a lamentar-se, pois sentiam que as viúvas do seu
grupo eram preteridas nos cuidados a elas prestados pela comunidade.
Então,
os Apóstolos, cientes de que a sua missão principal era a de pregar
a palavra de Deus, após um processo de discernimento, decidem
escolher 7 homens para o serviço da caridade.
Dentre
estes 7 Diáconos, destacavam-se Estêvão e Filipe. Estêvão, em
particular, dedicara-se à evangelização com força e audácia.
Acaba
sendo caluniado por um grupo de adversários e, levado ao Sinédrio –
o Conselho dos Anciãos –, dá testemunho da fé Cristo e é
condenado à lapidação.
O
seu martírio, o primeiro de um discípulo de Jesus, ensina-nos que a
identidade de filhos de Deus é revelada, não por belos discursos,
mas pelo abandono nas mãos do Pai e o perdão a quem nos ofende.
Fontes:
Santa Sé; Notícias do Vaticano
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