Na
Eucaristia desta manhã
O
último compromisso do Papa Francisco em Moçambique
Antes
da Celebração Eucarística o Papa efectuou uma visita ao Hospital
de Zimpeto, uma estrutura inaugurada há pouco mais de um ano e que
atende cerca de dois mil pacientes.
Em
especial, dentro do hospital funciona um centro – chamado Dream –
para pessoas com HIV, administrado pela Comunidade de Santo Egídio.
Diante
de funcionários, médicos, enfermeiros e pacientes, o Papa Francisco
pronunciou o seu discurso inspirando-se na parábola do Bom
Samaritano.
“Este
Centro mostra-nos que houve quem parou e sentiu compaixão, quem não
cedeu à tentação de dizer ‘não há nada a fazer’, ‘é
impossível combater esta praga’ e animou-se a encontrar soluções.”
Com
a Eucaristia no Estádio Nacional Zimpeto, na periferia de Maputo, o
Papa Francisco concluiu sua visita a Moçambique.
A
chuva e o frio não diminuíram o entusiasmo dos milhares de fiéis
que aguardavam a chegada do Papa com cantos e danças tradicionais.
Na
homilia, o Papa reflectiu sobre uma passagem do Sermão da Planície
- depois de escolher os seus discípulos e ter proclamado as
Bem-aventuranças, Jesus acrescenta: «Digo-vos a vós que Me
escutais: “Amai os vossos inimigos”» (Lc 6, 27).
“Jesus
não é um idealista, que ignora a realidade; está a falar do
inimigo concreto, do inimigo real, que descrevera na Bem-aventurança
anterior (6, 22): aquele que nos odeia, expulsa, insulta e rejeita
como infame.”
É
difícil falar de reconciliação quando ainda estão vivas as
feridas causadas durante tantos anos de discórdia, afirmou, mas
mesmo assim Jesus Cristo convida a amar e a fazer o bem.
Isso
vai além de simplesmente ignorar nosso inimigo, mas implica também
abençoar e rezar por ele.
“Alta
é a medida que o Mestre nos propõe!”
“Com
tal convite, Jesus - longe de ser um obstinado masoquista - quer
encerrar para sempre a prática tão usual –ontem como hoje – de
ser cristão e viver sob a Lei de Talião.
Não
se pode pensar o futuro, construir uma nação, uma sociedade
sustentada na «equidade» da violência.
Não
posso seguir Jesus, se a ordem que promovo e vivo é «olho por olho,
dente por dente».
Nenhuma
família, nenhum grupo de vizinhos ou uma etnia e menos ainda um país
tem futuro, se o motor que os une, congrega e cobre as diferenças é
a vingança e o ódio.”
O
Papa faz uma amarga constatação: "o mundo desconhecia – e
continua sem conhecer – a virtude da misericórdia, da compaixão,
matando ou abandonando deficientes e idosos, eliminando feridos e
enfermos, ou divertindo-se com os sofrimentos dos animais".
“Superar
os tempos de divisão e violência supõe não só um acto de
reconciliação ou a paz entendida como ausência de conflito, mas o
compromisso diário de cada um de nós.
Trata-se
de uma atitude, não de fracos, mas de fortes, uma atitude de homens
e mulheres que descobrem que não é necessário maltratar, denegrir
ou esmagar para se sentirem importantes; antes, pelo contrário...”
O
Papa aponta então para o paradoxo de Moçambique: um território
cheio de riquezas naturais e culturais, mas com uma quantidade enorme
da sua população abaixo do nível de pobreza.
“E
por vezes parece que aqueles que se aproximam com o suposto desejo de
ajudar, têm outros interesses.
E
é triste quando isto se verifica entre irmãos da mesma terra, que
se deixam corromper; é muito perigoso aceitar que a corrupção seja
o preço que temos de pagar pela ajuda externa."
Agir
ao serviço de interesses políticos ou pessoais é ser ideológico.
Este
é o termómetro, disse o Papa.
Antes
de deixar o estádio e seguir directamente para o aeroporto para a
cerimónia de despedida, o Papa Francisco fez sua saudação final:
“Irmãs
e irmãos moçambicanos, sei do sacrifício que tivestes de fazer
para participar nas celebrações e encontros e também que se
molharam todos.
Espero
que com água benta!
Aprecio-o
e agradeço-o de coração.
E
agradeço também a quantos não o puderam fazer, em consequência
dos recentes ciclones: Queridos irmãos, senti de igual modo o vosso
apoio!
E
digo a todos: tendes tantos motivos para esperar! Vi-o, toquei-o com
a mão nestes dias. Por favor, guardai a esperança; não deixeis que
vo-la roubem.”
O
Papa Francisco já se encontra em Madagáscar - chegou pouco antes
das 14 horas (16H00 locais), onde prosseguirá a Viagem Apostólica
amanhã e no Domingo.
Fonte:
Notícias do Vaticano
Sem comentários:
Enviar um comentário