Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

NÃO SE PODE SER CRISTÃO E VIVER SOB A LEI DE TALIÃO


Na Eucaristia desta manhã

O último compromisso do Papa Francisco em Moçambique
   
   
Antes da Celebração Eucarística o Papa efectuou uma visita ao Hospital de Zimpeto, uma estrutura inaugurada há pouco mais de um ano e que atende cerca de dois mil pacientes.
Em especial, dentro do hospital funciona um centro – chamado Dream – para pessoas com HIV, administrado pela Comunidade de Santo Egídio.
Diante de funcionários, médicos, enfermeiros e pacientes, o Papa Francisco pronunciou o seu discurso inspirando-se na parábola do Bom Samaritano.

Este Centro mostra-nos que houve quem parou e sentiu compaixão, quem não cedeu à tentação de dizer ‘não há nada a fazer’, ‘é impossível combater esta praga’ e animou-se a encontrar soluções.”



Com a Eucaristia no Estádio Nacional Zimpeto, na periferia de Maputo, o Papa Francisco concluiu sua visita a Moçambique.
A chuva e o frio não diminuíram o entusiasmo dos milhares de fiéis que aguardavam a chegada do Papa com cantos e danças tradicionais.

Na homilia, o Papa reflectiu sobre uma passagem do Sermão da Planície - depois de escolher os seus discípulos e ter proclamado as Bem-aventuranças, Jesus acrescenta: «Digo-vos a vós que Me escutais: “Amai os vossos inimigos”» (Lc 6, 27).

Jesus não é um idealista, que ignora a realidade; está a falar do inimigo concreto, do inimigo real, que descrevera na Bem-aventurança anterior (6, 22): aquele que nos odeia, expulsa, insulta e rejeita como infame.”

É difícil falar de reconciliação quando ainda estão vivas as feridas causadas durante tantos anos de discórdia, afirmou, mas mesmo assim Jesus Cristo convida a amar e a fazer o bem.
Isso vai além de simplesmente ignorar nosso inimigo, mas implica também abençoar e rezar por ele.
Alta é a medida que o Mestre nos propõe!”

Com tal convite, Jesus - longe de ser um obstinado masoquista - quer encerrar para sempre a prática tão usual –ontem como hoje – de ser cristão e viver sob a Lei de Talião.
Não se pode pensar o futuro, construir uma nação, uma sociedade sustentada na «equidade» da violência.
Não posso seguir Jesus, se a ordem que promovo e vivo é «olho por olho, dente por dente».
Nenhuma família, nenhum grupo de vizinhos ou uma etnia e menos ainda um país tem futuro, se o motor que os une, congrega e cobre as diferenças é a vingança e o ódio.”

O Papa faz uma amarga constatação: "o mundo desconhecia – e continua sem conhecer – a virtude da misericórdia, da compaixão, matando ou abandonando deficientes e idosos, eliminando feridos e enfermos, ou divertindo-se com os sofrimentos dos animais".

Superar os tempos de divisão e violência supõe não só um acto de reconciliação ou a paz entendida como ausência de conflito, mas o compromisso diário de cada um de nós.
Trata-se de uma atitude, não de fracos, mas de fortes, uma atitude de homens e mulheres que descobrem que não é necessário maltratar, denegrir ou esmagar para se sentirem importantes; antes, pelo contrário...”

O Papa aponta então para o paradoxo de Moçambique: um território cheio de riquezas naturais e culturais, mas com uma quantidade enorme da sua população abaixo do nível de pobreza.

E por vezes parece que aqueles que se aproximam com o suposto desejo de ajudar, têm outros interesses.
E é triste quando isto se verifica entre irmãos da mesma terra, que se deixam corromper; é muito perigoso aceitar que a corrupção seja o preço que temos de pagar pela ajuda externa."

Agir ao serviço de interesses políticos ou pessoais é ser ideológico.
Este é o termómetro, disse o Papa.

Antes de deixar o estádio e seguir directamente para o aeroporto para a cerimónia de despedida, o Papa Francisco fez sua saudação final:

Irmãs e irmãos moçambicanos, sei do sacrifício que tivestes de fazer para participar nas celebrações e encontros e também que se molharam todos.
Espero que com água benta!
Aprecio-o e agradeço-o de coração.
E agradeço também a quantos não o puderam fazer, em consequência dos recentes ciclones: Queridos irmãos, senti de igual modo o vosso apoio!

E digo a todos: tendes tantos motivos para esperar! Vi-o, toquei-o com a mão nestes dias. Por favor, guardai a esperança; não deixeis que vo-la roubem.”






O Papa Francisco já se encontra em Madagáscar - chegou pouco antes das 14 horas (16H00 locais), onde prosseguirá a Viagem Apostólica amanhã e no Domingo.



Fonte: Notícias do Vaticano


Sem comentários:

Enviar um comentário