Mensagem
de PAZ e de PROTECÇÃO DA VIDA marcou a Viagem Apostólica à
Tailândia e ao Japão
Depois
de despedir-se da Nunciatura Apostólica na manhã desta Terça-feira,
o Papa Francisco deslocou-se até à Sophia University, em
Tóquio, onde celebrou com membros da Companhia de Jesus.
Após
o pequeno-almoço teve um encontro privado com o Colegio Maximo
no refeitório, visitou os sacerdotes idosos e enfermos, e discursou
no auditório.
A
instituição foi fundada pelos jesuítas em 1913, mas sua origem
remonta a mais de 450 anos, quando o missionário Francisco Xavier
chegou ao Japão, em 1549, com a ideia de difundir o cristianismo e
criar uma universidade.
O
projecto de criar este centro de estudos teve início, em 1908,
quando, por vontade do Papa Pio X, três sacerdotes jesuítas
desembarcaram no Japão para abrir, cinco anos depois, a primeira
universidade católica do país.
Da
universidade dos jesuítas o Papa deslocou-se até o Aeroporto de
Tóquio-Haneda, onde saudou os bispos japoneses e as delegações
presentes, partindo com destino a Roma, onde aterrou às 15H13 (hora
de Portugal) depois de mais de 12 horas de voo.
O
Papa Francisco chegou a Banguecoque, capital da Tailândia, na
Quarta-feira, 20 de Novembro, seguindo para o Japão no Sábado, 23.
Aos
dois países de minoria católica levou uma mensagem de paz e
esperança, reiterando a necessidade do diálogo e do respeito,
também para a manutenção da paz.
Em
particular, no Japão, a mensagem contra as armas nucleares teve
destaque em seus diversos encontros.
VIAGEM
APOSTÓLICA A DO PAPA FRANCISCO À TAILÂNDIA E JAPÃO
(19
- 26 DE NOVEMBRO DE 2019)
VISITA
À UNIVERSIDADE SOPHIA
DISCURSO
DO SANTO PADRE
Tóquio
- Terça-feira, 26 de Novembro de 2019
Queridos
irmãos e irmãs!
Estou
muito feliz por estes momentos que posso transcorrer convosco no
final da minha Visita, pouco antes de deixar o Japão e regressar a
Roma.
É
o «Adeus».
Minha
estadia neste país foi breve, mas intensa.
Agradeço
a Deus e a todo o povo japonês pela oportunidade de visitar este
país, que marcou fortemente a vida de São Francisco Xavier e no
qual tantos mártires deram testemunho da sua fé cristã.
Embora
os cristãos sejam uma minoria, sente-se a sua presença.
Fui
testemunha da estima geral pela Igreja Católica, e espero que este
respeito mútuo possa aumentar no futuro.
Notei
também que, apesar da eficiência e da ordem que a caracterizam, a
sociedade japonesa deseja e procura algo mais: um anseio profundo de
criar uma sociedade cada vez mais humana, compassiva e
misericordiosa.
O
estudo e a meditação fazem parte de todas as culturas, sendo a
cultura japonesa orgulhosa do seu antigo e rico património a tal
respeito.
O
Japão conseguiu integrar o pensamento e as religiões da Ásia no
seu conjunto e criar uma cultura com identidade específica.
A
Escola Ashikaga, que impressionou imenso São Francisco Xavier, é um
exemplo da capacidade que possui a cultura japonesa de absorver e
transmitir o conhecimento.
Os
centros de estudo, meditação e pesquisa continuam a desempenhar um
papel importante na cultura actual.
Por
este motivo, é necessário que mantenham a sua autonomia e
liberdade, como penhor dum futuro melhor.
Dado
que as universidades continuam a ser o lugar principal onde se formam
os futuros líderes, é preciso que o conhecimento e a cultura em
toda a sua amplitude inspirem todos os aspectos das instituições
educacionais, tornando-se cada vez mais inclusivas e capazes de gerar
oportunidades e promoção social.
Sophia.
Para administrar construtiva e eficientemente os seus recursos, o
homem sempre precisou da verdadeira Sophia, da verdadeira Sabedoria.
Numa
sociedade tão competitiva e tecnologicamente orientada, esta
Universidade deveria ser não só um centro de formação
intelectual, mas também um local onde se pode ir modelando uma
sociedade melhor e um futuro mais esperançoso.
E
acrescentaria – no espírito da encíclica Laudato si’ –
que o amor à natureza, tão típico das culturas asiáticas, aqui se
devia expressar numa lúcida e previdente preocupação pela
protecção da terra, nossa casa comum; preocupação que pode
conjugar-se com a promoção duma nova ciência capaz de questionar e
fazer expandir qualquer tentativa reducionista por parte do paradigma
tecnocrático (cf. nn. 106-114).
Não
percamos de vista que «a humanidade autêntica, que convida a uma
nova síntese, parece habitar no meio da civilização tecnológica
de forma quase imperceptível, como a neblina que filtra por baixo da
porta fechada.
Será
uma promessa permanente que, apesar de tudo, desabrocha como uma
obstinada resistência daquilo que é autêntico?» (Ibid., 112).
A
Universidade Sophia sempre se distinguiu por uma identidade
humanista, cristã e internacional.
Desde
a sua fundação, a Universidade foi enriquecida pela presença de
professores provenientes de vários países, às vezes até de países
em conflito entre si.
Mas
todos estavam unidos pelo desejo de dar o melhor aos jovens do Japão.
O
mesmo espírito perdura também nas inúmeras formas com que prestais
ajuda àqueles que mais precisam, aqui e no estrangeiro.
Estou
certo de que este aspecto da identidade da vossa Universidade se
revigorará cada vez mais, de modo que os grandes progressos
tecnológicos actuais possam ser colocados ao serviço duma educação
mais humana, mais justa e ecologicamente responsável.
A
tradição inaciana, na qual se baseia Sophia, deve estimular tanto
os professores como os alunos a criarem uma atmosfera que favoreça a
reflexão e o discernimento.
Nenhum
estudante desta Universidade deveria conseguir a formatura sem antes
ter aprendido como escolher, responsável e livremente, aquilo que em
consciência sabe ser o melhor.
Possais
em cada situação, mesmo nas mais complexas, interessar-vos pelo
que, na vossa conduta, é justo e humano, honesto e responsável,
como resolutos defensores dos vulneráveis, e possais ser conhecidos
pela integridade que tão necessária é nestes tempos em que as
palavras e as acções, frequentemente, são falsas ou enganadoras.
As
Preferências Apostólicas Universais que propus à Companhia de
Jesus mostram claramente que o acompanhamento dos jovens é uma
realidade importante em todo o mundo e que todas as instituições
inacianas devem favorecer este acompanhamento.
Como
demonstra o Sínodo sobre os jovens com os seus documentos, também a
Igreja universal olha, com esperança e interesse, para os jovens de
todo o mundo.
No
seu conjunto, a vossa Universidade é chamada a concentrar-se nos
jovens, que não só devem ser destinatários duma educação
qualificada, mas também participar nessa educação, oferecendo as
suas ideias e partilhando a sua visão e esperanças para o futuro.
Que
a vossa Universidade seja conhecida por este modelo de intercâmbio e
pelo enriquecimento e vitalidade que isso gera.
A
tradição cristã e humanista da Universidade Sophia está
plenamente em linha com outra das Preferências que mencionei:
caminhar com os pobres e os marginalizados do nosso mundo.
A
Universidade, centrada na sua missão, deveria estar sempre aberta à
criação dum arquipélago capaz de interligar aquilo que, social e
culturalmente, pode ser concebido como separado.
Os
marginalizados hão-de ser envolvidos e introduzidos criativamente no
currículo universitário, procurando criar as condições para que
isto se traduza na promoção dum estilo educativo capaz de reduzir
as fracturas e as distâncias.
O
estudo universitário de qualidade, em vez de se considerar um
privilégio de poucos, seja acompanhado pela consciência de se
saberem servidores da justiça e do bem comum; serviço a ser
implementado na área que cada um é chamado a desenvolver.
Trata-se
duma causa que tem a ver com todos nós; a recomendação feita a
Paulo por Pedro continua a ser válida ainda hoje: não nos
esqueçamos dos pobres (cf. Gal 2, 10).
Queridos
jovens, amados professores e todos vós que trabalhais na
Universidade Sophia, possam estas reflexões e o nosso encontro de
hoje produzir fruto na vossa vida e na vida desta comunidade
académica.
O
Senhor e a sua Igreja contam convosco como protagonistas na missão
de buscar, encontrar e difundir a Sabedoria divina e oferecer alegria
e esperança à sociedade actual.
Por
favor, não vos esqueçais também de rezar por mim e por todos os
que mais precisam da nossa ajuda.
E
agora, preparando-me para deixar o Japão, agradeço a vós e, por
vosso intermédio, a todo o povo japonês a amável recepção e
hospitalidade que me proporcionaram durante esta Visita.
Asseguro
que vos levo no coração e ter-vos-ei presente nas minhas orações
Muito
obrigado!
Resumo
do encontro do Papa com a comunidade da Universidade Sophia.
A
Viagem Apostólica à Tailândia e ao Japão em 60 segundos.
Fontes:
Santa Sé, Notícias do Vaticano
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