Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

terça-feira, 26 de novembro de 2019

O PAPA FRANCISCO DESPEDIU-SE DO JAPÃO




Mensagem de PAZ e de PROTECÇÃO DA VIDA marcou a Viagem Apostólica à Tailândia e ao Japão
   
   
Depois de despedir-se da Nunciatura Apostólica na manhã desta Terça-feira, o Papa Francisco deslocou-se até à Sophia University, em Tóquio, onde celebrou com membros da Companhia de Jesus.
Após o pequeno-almoço teve um encontro privado com o Colegio Maximo no refeitório, visitou os sacerdotes idosos e enfermos, e discursou no auditório.

A instituição foi fundada pelos jesuítas em 1913, mas sua origem remonta a mais de 450 anos, quando o missionário Francisco Xavier chegou ao Japão, em 1549, com a ideia de difundir o cristianismo e criar uma universidade.
O projecto de criar este centro de estudos teve início, em 1908, quando, por vontade do Papa Pio X, três sacerdotes jesuítas desembarcaram no Japão para abrir, cinco anos depois, a primeira universidade católica do país.

Da universidade dos jesuítas o Papa deslocou-se até o Aeroporto de Tóquio-Haneda, onde saudou os bispos japoneses e as delegações presentes, partindo com destino a Roma, onde aterrou às 15H13 (hora de Portugal) depois de mais de 12 horas de voo.


O Papa Francisco chegou a Banguecoque, capital da Tailândia, na Quarta-feira, 20 de Novembro, seguindo para o Japão no Sábado, 23.
Aos dois países de minoria católica levou uma mensagem de paz e esperança, reiterando a necessidade do diálogo e do respeito, também para a manutenção da paz.
Em particular, no Japão, a mensagem contra as armas nucleares teve destaque em seus diversos encontros.


VIAGEM APOSTÓLICA A DO PAPA FRANCISCO À TAILÂNDIA E JAPÃO
(19 - 26 DE NOVEMBRO DE 2019)
VISITA À UNIVERSIDADE SOPHIA
DISCURSO DO SANTO PADRE
Tóquio - Terça-feira, 26 de Novembro de 2019

Queridos irmãos e irmãs!

Estou muito feliz por estes momentos que posso transcorrer convosco no final da minha Visita, pouco antes de deixar o Japão e regressar a Roma.
É o «Adeus».

Minha estadia neste país foi breve, mas intensa.
Agradeço a Deus e a todo o povo japonês pela oportunidade de visitar este país, que marcou fortemente a vida de São Francisco Xavier e no qual tantos mártires deram testemunho da sua fé cristã.
Embora os cristãos sejam uma minoria, sente-se a sua presença.
Fui testemunha da estima geral pela Igreja Católica, e espero que este respeito mútuo possa aumentar no futuro.
Notei também que, apesar da eficiência e da ordem que a caracterizam, a sociedade japonesa deseja e procura algo mais: um anseio profundo de criar uma sociedade cada vez mais humana, compassiva e misericordiosa.

O estudo e a meditação fazem parte de todas as culturas, sendo a cultura japonesa orgulhosa do seu antigo e rico património a tal respeito.
O Japão conseguiu integrar o pensamento e as religiões da Ásia no seu conjunto e criar uma cultura com identidade específica.
A Escola Ashikaga, que impressionou imenso São Francisco Xavier, é um exemplo da capacidade que possui a cultura japonesa de absorver e transmitir o conhecimento.
Os centros de estudo, meditação e pesquisa continuam a desempenhar um papel importante na cultura actual.
Por este motivo, é necessário que mantenham a sua autonomia e liberdade, como penhor dum futuro melhor.
Dado que as universidades continuam a ser o lugar principal onde se formam os futuros líderes, é preciso que o conhecimento e a cultura em toda a sua amplitude inspirem todos os aspectos das instituições educacionais, tornando-se cada vez mais inclusivas e capazes de gerar oportunidades e promoção social.

Sophia. Para administrar construtiva e eficientemente os seus recursos, o homem sempre precisou da verdadeira Sophia, da verdadeira Sabedoria.
Numa sociedade tão competitiva e tecnologicamente orientada, esta Universidade deveria ser não só um centro de formação intelectual, mas também um local onde se pode ir modelando uma sociedade melhor e um futuro mais esperançoso.
E acrescentaria – no espírito da encíclica Laudato si’ – que o amor à natureza, tão típico das culturas asiáticas, aqui se devia expressar numa lúcida e previdente preocupação pela protecção da terra, nossa casa comum; preocupação que pode conjugar-se com a promoção duma nova ciência capaz de questionar e fazer expandir qualquer tentativa reducionista por parte do paradigma tecnocrático (cf. nn. 106-114).
Não percamos de vista que «a humanidade autêntica, que convida a uma nova síntese, parece habitar no meio da civilização tecnológica de forma quase imperceptível, como a neblina que filtra por baixo da porta fechada.
Será uma promessa permanente que, apesar de tudo, desabrocha como uma obstinada resistência daquilo que é autêntico?» (Ibid., 112).

A Universidade Sophia sempre se distinguiu por uma identidade humanista, cristã e internacional.
Desde a sua fundação, a Universidade foi enriquecida pela presença de professores provenientes de vários países, às vezes até de países em conflito entre si.
Mas todos estavam unidos pelo desejo de dar o melhor aos jovens do Japão.
O mesmo espírito perdura também nas inúmeras formas com que prestais ajuda àqueles que mais precisam, aqui e no estrangeiro.
Estou certo de que este aspecto da identidade da vossa Universidade se revigorará cada vez mais, de modo que os grandes progressos tecnológicos actuais possam ser colocados ao serviço duma educação mais humana, mais justa e ecologicamente responsável.
A tradição inaciana, na qual se baseia Sophia, deve estimular tanto os professores como os alunos a criarem uma atmosfera que favoreça a reflexão e o discernimento.
Nenhum estudante desta Universidade deveria conseguir a formatura sem antes ter aprendido como escolher, responsável e livremente, aquilo que em consciência sabe ser o melhor.
Possais em cada situação, mesmo nas mais complexas, interessar-vos pelo que, na vossa conduta, é justo e humano, honesto e responsável, como resolutos defensores dos vulneráveis, e possais ser conhecidos pela integridade que tão necessária é nestes tempos em que as palavras e as acções, frequentemente, são falsas ou enganadoras.

As Preferências Apostólicas Universais que propus à Companhia de Jesus mostram claramente que o acompanhamento dos jovens é uma realidade importante em todo o mundo e que todas as instituições inacianas devem favorecer este acompanhamento.
Como demonstra o Sínodo sobre os jovens com os seus documentos, também a Igreja universal olha, com esperança e interesse, para os jovens de todo o mundo.
No seu conjunto, a vossa Universidade é chamada a concentrar-se nos jovens, que não só devem ser destinatários duma educação qualificada, mas também participar nessa educação, oferecendo as suas ideias e partilhando a sua visão e esperanças para o futuro.
Que a vossa Universidade seja conhecida por este modelo de intercâmbio e pelo enriquecimento e vitalidade que isso gera.

A tradição cristã e humanista da Universidade Sophia está plenamente em linha com outra das Preferências que mencionei: caminhar com os pobres e os marginalizados do nosso mundo.
A Universidade, centrada na sua missão, deveria estar sempre aberta à criação dum arquipélago capaz de interligar aquilo que, social e culturalmente, pode ser concebido como separado.
Os marginalizados hão-de ser envolvidos e introduzidos criativamente no currículo universitário, procurando criar as condições para que isto se traduza na promoção dum estilo educativo capaz de reduzir as fracturas e as distâncias.
O estudo universitário de qualidade, em vez de se considerar um privilégio de poucos, seja acompanhado pela consciência de se saberem servidores da justiça e do bem comum; serviço a ser implementado na área que cada um é chamado a desenvolver.
Trata-se duma causa que tem a ver com todos nós; a recomendação feita a Paulo por Pedro continua a ser válida ainda hoje: não nos esqueçamos dos pobres (cf. Gal 2, 10).

Queridos jovens, amados professores e todos vós que trabalhais na Universidade Sophia, possam estas reflexões e o nosso encontro de hoje produzir fruto na vossa vida e na vida desta comunidade académica.
O Senhor e a sua Igreja contam convosco como protagonistas na missão de buscar, encontrar e difundir a Sabedoria divina e oferecer alegria e esperança à sociedade actual.
Por favor, não vos esqueçais também de rezar por mim e por todos os que mais precisam da nossa ajuda.

E agora, preparando-me para deixar o Japão, agradeço a vós e, por vosso intermédio, a todo o povo japonês a amável recepção e hospitalidade que me proporcionaram durante esta Visita.
Asseguro que vos levo no coração e ter-vos-ei presente nas minhas orações


Muito obrigado!




Resumo do encontro do Papa com a comunidade da Universidade Sophia.




A Viagem Apostólica à Tailândia e ao Japão em 60 segundos.




Fontes: Santa Sé, Notícias do Vaticano

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