Iniciou
hoje (23Nov2019) a segunda etapa desta sua Viagem Apostólica
internacional
O
Papa Francisco chegou ao aeroporto de Tóquio às 8H32 deste Sábado
(17H32 locais), proveniente da Tailândia, dando início à segunda e
última etapa desta sua 32ª Viagem Apostólica internacional.
O
Santo Padre foi acolhido pelo vice-primeiro-ministro japonês, por
bispos e clero e por cerca de cem estudantes das escolas católicas
com uma mensagem em espanhol de boas-vindas.
Em
seguida manteve um rápido encontro privado com o
vice-primeiro-ministro nipónico.
O
lema da visita é ”Proteger toda a vida”.
Do
aeroporto o Papa deslocou-se para a nunciatura apostólica onde teve
lugar um encontro com os bispos da Conferência Episcopal do País do
Sol Nascente, que reúne os prelados das três arquidioceses
metropolitanas e das 13 dioceses sufragâneas do Japão.
Pediu
para ensinar aos jovens a cultura do amor, combatendo o seu desespero
e, sobretudo, encorajando-os a promover o desenvolvimento integral
das pessoas.
VIAGEM
APOSTÓLICA A DO PAPA FRANCISCO À TAILÂNDIA E JAPÃO
(19
- 26 DE NOVEMBRO DE 2019)
ENCONTRO
COM OS BISPOS
DISCURSO
DO SANTO PADRE
Nunciatura
Apostólica (Tóquio)
Sábado,
23 de Novembro de 2019
Queridos
irmãos!
Antes
de mais nada, quero pedir desculpa, pedir perdão, porque entrei sem
saudar ninguém.
Como
somos mal-educados nós, os argentinos! Desculpai-me por isso.
É
um prazer encontrar-me aqui no vosso meio.
Os
japoneses têm fama de ser metódicos e trabalhadores, e a prova está
à vista: o Papa desce do avião e, imediatamente, o fazem trabalhar.
Muito
obrigado!
Estou
feliz pela graça de visitar o Japão e pela recepção que me
reservastes.
Agradeço
especialmente a D. Takami as palavras que me dirigiu em nome de toda
a comunidade católica deste país.
Encontrando-me
aqui convosco, neste que é o primeiro encontro oficial, quero saudar
todas e cada uma das vossas comunidades, fiéis-leigos, catequistas,
sacerdotes, religiosos, pessoas consagradas, seminaristas.
E
desejo também estender o meu abraço e as minhas orações a todos
os japoneses, neste período marcado pela entronização do novo
Imperador e o início da era Reiwa.
Não
sei se sabeis, mas desde jovem senti simpatia e estima por estas
terras.
Passaram-se
muitos anos desde aquele impulso missionário, cuja realização se
fez esperar.
Hoje,
o Senhor dá-me a oportunidade de estar no vosso meio como peregrino
missionário seguindo os passos de grandes testemunhas da fé.
Completam-se
quatrocentos e setenta anos da chegada de São Francisco Xavier ao
Japão, que marcou o início da propagação do cristianismo nesta
terra.
Recordando-o,
quero unir-me convosco para dar graças ao Senhor por todos aqueles
que, ao longo dos séculos, se dedicaram a semear o Evangelho e a
servir o povo japonês com grande unção e amor; tal dedicação
conferiu uma fisionomia muito particular à Igreja japonesa.
Penso
nos mártires São Paulo Miki e seus companheiros e no Beato Justo
Takayama Ukon, que, no meio de muitas provações, deram testemunho
até à morte.
Esta
oferta de si mesmos para manter viva a fé no meio da perseguição
ajudou a pequena comunidade cristã a crescer, consolidar-se e dar
fruto.
Pensemos
também nos «cristãos escondidos» da região de Nagasáqui, que
mantiveram a fé durante várias gerações graças ao Baptismo, à
oração e à catequese.
Autênticas
Igrejas domésticas que resplandeciam nesta terra, talvez sem o
saberem, como espelhos da Família de Nazaré.
O
caminho do Senhor mostra-nos como a vossa presença se ajusta à vida
diária do povo fiel, que procura a forma de continuar a tornar
presente a memória d’Ele; uma presença silenciosa, uma memória
viva de que, onde estiverem dois ou mais reunidos em Seu Nome, aí
estará Ele com a força e a ternura do seu Espírito (cf. Mt 18,
20).
O
DNA das vossas comunidades está marcado por este testemunho,
antídoto contra todo o desespero, que nos indica a estrada para onde
encaminhar-se.
Sois
uma Igreja que se manteve viva pronunciando o Nome do Senhor e
contemplando como Ele vos guiava no meio da perseguição.
A
sementeira confiante, o testemunho dos mártires e a espera paciente
dos frutos, que o Senhor concede no devido tempo, caracterizaram a
modalidade apostólica com que soubestes acompanhar a cultura
japonesa.
Como
resultado, plasmastes ao longo dos anos um rosto eclesial, geralmente
muito apreciado pela sociedade japonesa, graças às vossas variadas
contribuições para o bem comum.
Este
importante capítulo da história do país e da Igreja universal foi
agora reconhecido com a designação das igrejas e cidades de
Nagasáqui e Amacuça como lugares do Património Cultural Mundial;
mas sobretudo como memória viva da alma das vossas comunidades,
esperança fecunda de toda a evangelização.
Esta
viagem apostólica decorre sob o lema «proteger toda a vida»; lema
este que pode facilmente simbolizar o nosso ministério episcopal.
O
bispo é uma pessoa que o Senhor chamou do meio do seu povo, para lho
devolver como pastor capaz de proteger toda a vida; isto define, em
certa medida, o cenário para onde devemos apontar.
A
missão nestas terras caracterizou-se por uma busca intensa de
inculturação e diálogo, que permitiu a formação de novas
modalidades, independentes das desenvolvidas na Europa.
Sabemos
que, desde o início, se utilizaram escritos, teatro, música e todo
o género de meios, na sua maioria em língua japonesa.
Este
facto demonstra o amor que os primeiros missionários sentiam por
estas terras.
Proteger
toda a vida significa, em primeiro lugar, ter um olhar contemplativo
capaz de amar a vida de todo o povo que vos está confiado, para
reconhecerdes nele, antes de mais nada, um dom do Senhor.
«Porque
só o que se ama pode ser salvo. Só o que se abraça, pode ser
transformado» (XXXIV Jornada Mundial da Juventude, Panamá, Vigília
de Oração, 26/I/2019).
É
o princípio da encarnação, capaz de nos ajudar – melhor do que
outras considerações, válidas mas secundárias – a olhar cada
vida como um dom gratuito.
Proteger
todas as vidas e anunciar o Evangelho não são duas coisas separadas
nem contrapostas, mas uma reclama e exige a outra.
Ambas
significam estar atentos e vigilantes relativamente a tudo aquilo que
hoje possa impedir, nestas terras, o desenvolvimento integral das
pessoas confiadas à luz do Evangelho de Jesus.
Sabemos
que a Igreja, no Japão, é pequena, e os católicos são uma
minoria; mas isto não deve desmerecer o vosso compromisso com a
evangelização, pois, na vossa situação particular, a palavra mais
forte e clara que se pode oferecer é a dum testemunho humilde,
diário, aberto ao diálogo com as outras tradições religiosas.
A
hospitalidade e o cuidado prestados aos numerosos trabalhadores
estrangeiros, que constituem mais de metade dos católicos do Japão,
servem não só como testemunho do Evangelho no meio da sociedade
japonesa, mas atestam também a universalidade da Igreja,
demonstrando que a nossa união com Cristo é mais forte do que
qualquer outro vínculo ou identidade e é capaz de atingir e
envolver todas as realidades.
Uma
Igreja de mártires pode falar com maior liberdade, especialmente
quando aborda questões urgentes como a paz e a justiça no nosso
mundo.
Amanhã,
visitarei Nagasáqui e Hiroxima, onde rezarei pelas vítimas do
catastrófico bombardeamento destas duas cidades e darei voz aos
vossos próprios apelos proféticos em prol do desarmamento nuclear.
Desejo
encontrar aqueles que sofrem ainda as feridas daquele trágico
episódio da história humana, bem como as vítimas do «tríplice
desastre».
O
seu prolongado sofrimento é uma advertência eloquente para o nosso
dever humano e cristão de ajudar a quantos sofrem no corpo e no
espírito e de oferecer a todos a mensagem evangélica de esperança,
cura e reconciliação.
Lembremo-nos
de que o mal não faz acepção de pessoas nem pergunta pela sua
filiação; simplesmente irrompe com a sua força destruidora, como
aconteceu recentemente com o furação devastador que causou tantas
vítimas e danos materiais.
Encomendemos
à misericórdia do Senhor os que morreram, os seus familiares e
todos os que perderam a casa e bens materiais.
Não
tenhamos medo de realizar sempre, aqui e em todo o mundo, a missão
de levantar a voz e defender toda a vida como dom precioso do Senhor.
Por
isso vos encorajo nos vossos esforços por garantir que a comunidade
católica, no Japão, ofereça um testemunho claro do Evangelho no
meio de toda a sociedade.
O
apostolado educacional da Igreja, muito apreciado, constitui um
grande recurso para a evangelização e demonstra o compromisso com
as mais amplas correntes intelectuais e culturais; a qualidade da sua
contribuição dependerá naturalmente da promoção da sua
identidade e missão.
Estamos
cientes da existência de vários flagelos que ameaçam a vida de
algumas pessoas das vossas comunidades, por várias razões atingidas
pela solidão, o desespero e o isolamento.
O
aumento do número de suicídios nas vossas cidades, bem como o
bullying (ijime) e várias formas de consumo estão a
criar novos tipos de alienação e desorientamento espiritual.
E
como tudo isto atinge especialmente os jovens!
Convido-vos
a prestar atenção especial a eles e às suas necessidades,
procurando criar espaços onde a cultura da eficiência, do
rendimento e do sucesso possa abrir-se à cultura dum amor gratuito e
altruísta, capaz de oferecer a todos – e não só aos mais
prendados – possibilidades duma vida feliz e realizada.
Com
o seu entusiasmo, as suas ideias e as suas energias, além duma boa
formação e um bom acompanhamento, os vossos jovens podem ser uma
fonte importante de esperança para os seus coetâneos e dar um
testemunho vivo de amor cristão.
Uma
proposta criativa, inculturada e engenhosa do querigma pode ter um
forte reflexo em muitas vidas sedentas de compaixão.
Sei
que a messe é tanta, e os operários são poucos.
Encorajo-vos
a buscar, desenvolver e fazer crescer uma missão capaz de envolver
as famílias e promover uma formação capaz de atingir as pessoas
onde quer que estejam, tendo sempre em conta a realidade: o ponto de
partida para todo o apostolado situa-se no lugar onde se encontram as
pessoas, com os seus hábitos e ocupações, não em lugares
artificiais.
Aí
devemos alcançar a alma das cidades, dos lugares de trabalho, das
universidades, para acompanhar com o Evangelho da compaixão e da
misericórdia os fiéis que nos foram confiados.
De
novo obrigado pela oportunidade que me ofereceis de visitar as vossas
Igrejas locais e celebrar juntamente com elas.
Pedro
quer confirmar-vos na fé, mas Pedro vem também para tocar e
deixar-se renovar nos passos de tantos mártires testemunhas da fé;
rezai ao Senhor para que me dê esta graça.
Peço
ao Senhor que vos abençoe e, na pessoa de cada um de vós, abençoe
as vossas comunidades.
Muito
obrigado!
Magistério
dos Papas contra a guerra e as armas nucleares.
O
desenvolvimento do Magistério da Igreja sobre a trágica realidade
da guerra, à luz da devastação do ataque nuclear contra Hiroshima
e Nagasaki.
Fontes:
Santa Sé, Notícias do Vaticano
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