Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

quarta-feira, 15 de abril de 2020

FELIZES OS QUE PROMOVEM A PAZ



Porque serão chamados filhos de Deus

- a catequese de hoje foi dedicada à sétima Bem-aventurança
   
   
Segundo o Papa Francisco, “devemos orientar-nos entre duas ideias de paz: a primeira é bíblica, onde aparece a bela palavra shalòm, que expressa abundância, prosperidade e bem-estar. Quando em hebraico se deseja shalòm, deseja-se uma vida bela, plena e próspera, mas também de acordo com a verdade e a justiça, que serão cumpridas no Messias, príncipe da paz”.

Depois, há outro sentido, mais difundido, em que a palavra “paz” é entendida como uma espécie de tranquilidade interior. Essa é uma ideia moderna, psicológica e mais subjectiva”, disse o Papa, acrescentando:

Acredita-se que a paz seja calma, harmonia, equilíbrio interior.
Esse significado da palavra paz é incompleto e não pode ser absoluto, porque a inquietude na vida pode ser um momento importante de crescimento, enquanto pode acontecer que a tranquilidade interior corresponda a uma consciência domesticada e não a uma verdadeira redenção espiritual.
Muitas vezes o Senhor deve ser um “sinal de contradição”, abalando as nossas falsas seguranças, para nos levar à salvação.”

O Santo Padre recordou que o Senhor entende sua paz como diferente da paz humana, a do mundo, quando diz: «Eu deixo para vocês a paz, eu vos dou a minha paz. A paz que eu vos dou não é a paz que o mundo dá».
E convidou-nos a fazer a seguinte pergunta: “Como o mundo dá a paz?”

Se pensamos nos conflitos bélicos, as guerras normalmente terminam de duas maneiras: com a derrota de uma das duas partes ou com os tratados de paz.
Só podemos esperar e rezar para que esse segundo caminho possa sempre ser seguido.
No entanto, devemos considerar que a história é uma série infinita de tratados de paz desmentidos por guerras sucessivas ou pela metamorfose dessas mesmas guerras em outras maneiras ou em outros lugares.

No nosso tempo, uma guerra “em pedaços” é travada em vários cenários e de maneiras diferentes.
Devemos pelo menos suspeitar que, no contexto de uma globalização composta sobretudo de interesses económicos ou financeiros, a “paz” de alguns corresponde à “guerra” de outros.

Esta não é a paz de Cristo!”





Resumo da catequese de hoje:

A sétima Bem-aventurança fala-nos dos pacificadores, dos obreiros da paz, declarando-os felizes «porque serão chamados filhos de Deus».
Mas, de que paz se trata? Habitualmente tende-se a identificar a paz com uma certa tranquilidade, harmonia e equilíbrio interior.
Ora isto nem sempre é verdade!
Quantas vezes a inquietude marca um momento importante de crescimento na vida, enquanto a tranquilidade interior se fica a dever apenas a uma consciência adormecida; e então, na vida, o Senhor precisa de nos dar um abanão nestas falsas seguranças.
O verdadeiro equilíbrio interior, ou seja, a verdadeira paz, recebemo-la de Cristo, o Filho de Deus.
Os obreiros da paz, que serão chamados filhos de Deus, aprenderam e praticam a arte da paz, segundo o modelo que temos em Jesus Cristo e nos foi apresentado na leitura inicial: de dois povos – o povo judeu e o povo dos gentios –, Ele criou em Si próprio um só povo, fazendo a paz por meio da cruz.
A paz de Cristo é fazer de dois um só, anular a inimizade e reconciliar.
E o caminho para o conseguir é o seu corpo, com o dom da própria vida.
De facto, n’Ele são reconciliadas todas as coisas, instaurando-se a paz pelo sangue da sua cruz.
A paz vem da sua cruz e gera uma humanidade nova, encarnada numa série infinda de pessoas santas, criativas, que sempre inventam caminhos novos para se reconciliar com seus irmãos.
Esta vida de filhos de Deus que, pelo sangue de Cristo, procuram e encontram os seus irmãos, é a verdadeira felicidade.



Fontes: Santa Sé; Notícias do Vaticano



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