Afirmou
o Papa Francisco na Eucaristia celebrada para a Igreja de Mianmar
O
Santo Padre encontrou-se ainda com os monges budistas e com os 22
bispos de Mianmar
Na
Eucaristia celebrada, no Parque Kyaikkasan de Rangum,
para a Igreja de Mianmar, o Papa Francisco dirigiu-se aos
birmaneses com a sua saudação de boas-vindas, "Min gla ba",
e logo depois recordou que em Jesus crucificado encontramos uma
bússola segura, que pode guiar a nossa vida com a luz que vem de
Deus.
E
nas suas feridas podemos encontrar a fonte de toda a cura.
“Sei
que muitos no Mianmar carregam as feridas da violência, quer
visíveis quer invisíveis.
A
tentação é responder a estas lesões com uma sabedoria mundana
que, como a do rei na primeira leitura, está profundamente
deturpada.
Pensamos
que a cura possa vir do rancor e da vingança.
Mas
o caminho da vingança não é o caminho de Jesus”.
O
“caminho de Jesus”, ressaltou o Papa, é radicalmente
diferente, porque “quando o ódio e a rejeição O conduziram à
paixão e à morte, Ele respondeu com o perdão e a compaixão”.
Portanto,
no dom da Eucaristia, aprendemos a encontrar o descanso nas feridas
de Cristo, e lá sermos purificados de todos os nossos modos
distorcidos de viver, que tentamos em resposta à violência que
recebemos.
“Eu
sei que a Igreja no Mianmar já está a fazer muito para levar o
bálsamo salutar da misericórdia de Deus aos outros, especialmente
aos mais necessitados.
Há
sinais claros de que, mesmo com meios muito limitados, numerosas
comunidades proclamam o Evangelho a outras minorias tribais, sem
nunca forçar ou constringir, mas sempre convidando e acolhendo”.
Encontro com o Conselho Supremo "Sangha" dos Monges Budistas, no Centro Kaba Yae, lugar símbolo do budismo Thearavada, um dos templos budistas mais venerados em todo o sudeste asiático.
O
Santo Padre encontrou-se com o Conselho Supremo Sangha Maha Nyaka,
formado por 46 monges budistas.
O
Comité vigia sobre o respeito do Vinaya, isto é as regras de
conduta dos monges Theravada, que não se devem envolver em assuntos
seculares.
O
Papa considerou o encontro como “uma ocasião importante para
renovar e fortalecer os laços de amizade e respeito entre budistas e
católicos”.
“Uma
oportunidade também para afirmar o nosso empenho pela paz, o
respeito da dignidade humana e a justiça para com todo o homem e
mulher.”
Um
testemunho comum dos líderes religiosos de que o mundo inteiro
necessita, pois que
“quando
falamos de uma só voz afirmando o valor perene da justiça, da paz e
da dignidade fundamental de todo o ser humano, damos uma palavra de
esperança. Ajudamos os budistas, os católicos e todas as pessoas a
lutarem por uma maior harmonia nas suas comunidades”
O
Papa concluiu manifestando o desejo de que budistas e católicos
possam caminhar juntos pela senda do trabalho lado a lado pelo bem de
cada habitante da Terra, como diz São Paulo, carregando humildemente
os pesos uns dos outros.
“Em
nome dos meus irmãos e irmãs católicos, exprimo a nossa
disponibilidade para continuar a caminhar convosco e a espalhar
sementes de paz e de cura, de compaixão e de esperança nesta terra.
”
O encontro com os 22 bispos de Mianmar na Catedral de Santa Maria foi o último compromisso do Papa Francisco nesta Quarta-feira.
O
Papa sintetizou os seus pensamentos em três palavras: cura,
acompanhamento e profecia.
Sobre
a cura, o Santo Padre disse que o Evangelho é sobretudo uma
mensagem de cura, reconciliação e paz e em Mianmar, esta mensagem
tem uma ressonância especial, pois o país está empenhado em
superar divisões profundamente radicadas e construir a unidade
nacional.
A
segunda palavra é acompanhamento:
“Como
bispos, as vossas vidas e o vosso ministério são chamados a
conformar-se ao espírito de envolvimento missionário, sobretudo
através de visitas pastorais regulares às paróquias e comunidades
que formam as vossas Igrejas locais”.
Profecia,
a terceira palavra do Papa aos bispos birmaneses:
“Que
a comunidade católica continue a ter um papel construtivo na vida da
sociedade, fazendo ouvir a sua voz nas questões de interesse
nacional, principalmente insistindo no respeito pela dignidade e os
direitos de todos, particularmente dos mais pobres e vulneráveis”.
Terminando,
o Papa Francisco exortou o episcopado a manter o equilíbrio tanto na
saúde física como na espiritual e a crescer todos os dias na oração
e na experiência do amor reconciliador de Deus:
"O
primeiro dever do bispo é a oração".
Fontes:
Santa Sé; Rádio Vaticano
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