A
Missa com os jovens foi o último encontro do Pontífice com a
comunidade católica de Mianmar
O
Santo Padre despediu-se de Mianmar com uma mensagem de encorajamento
à futura geração.
«Vós
sois uma boa-nova, porque sois sinais concretos da fé da Igreja em
Jesus Cristo, que nos traz uma alegria e uma esperança que jamais
terão fim.
Alguns
se interrogam como é possível falar de boas-novas quando tantos
sofrem ao nosso redor.
Onde
estão as boas-novas, quando tanta injustiça, pobreza e miséria
estende a sua sombra sobre nós e o nosso mundo?
Contudo
gostaria que deste lugar partisse uma mensagem muito clara.
Gostaria
que as pessoas soubessem que vós, homens e mulheres jovens do
Mianmar, não tendes medo de acreditar na boa-nova da misericórdia
de Deus, porque essa boa-nova tem um nome e um rosto: Jesus Cristo.»
Antes
de tudo, disse o Papa, que falem com Deus na oração, compartilhando
com Ele os seus medos e as suas preocupações, os seus sonhos e as
suas esperanças.
«Não
tenhais medo de gerar confusão, de colocar perguntas que façam as
pessoas a pensar!
Nem
tenhais medo, se às vezes notardes que sois poucos e dispersos por
aqui e por ali.
O
Evangelho cresce sempre a partir de pequenas raízes.
Por
isso, fazei-vos ouvir!»
Finalmente
o Papa confiou todos os jovens à intercessão de Maria e com a
saudação em birmanês – Deus abençoe Mianmar!
VIAGEM
APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO A MYANMAR E BANGLADESH
(26
DE NOVEMBRO - 2 DE DEZEMBRO DE 2017)
SANTA
MISSA COM OS JOVENS DE MIANMAR
HOMILIA
DO SANTO PADRE
Saint
Mary's Cathedral (Yangon)
Quinta-feira,
30 de Novembro de 2017
Quando
já se aproxima do fim a minha visita à vossa linda terra, uno-me
convosco para agradecer a Deus pelas muitas graças que recebemos
nestes dias.
Contemplando-vos
a vós, jovens do Mianmar, e a todos aqueles que nos acompanham fora
desta catedral, quero partilhar uma frase da primeira Leitura de hoje
que ressoa dentro de mim.
Tirada
do profeta Isaías, é retomada por São Paulo na sua carta à jovem
comunidade cristã de Roma.
Escutemos
uma vez mais estas palavras: «Que bem-vindos são os pés dos que
anunciam as boas-novas!» (Rm 10, 15; cf. Is 52, 7)
Queridos
jovens do Mianmar, veio-me a vontade de aplicar a vós estas palavras
depois de ter ouvido as vossas vozes hoje enquanto cantáveis.
Sim,
bem-vindos são os vossos pés, e é bom e encorajador ver-vos,
porque nos anunciais «uma boa-nova», a boa-nova da vossa juventude,
da vossa fé e do vosso entusiasmo.
Claro,
vós sois uma boa-nova, porque sois sinais concretos da fé da Igreja
em Jesus Cristo, que nos traz uma alegria e uma esperança que jamais
terão fim.
Alguns
se interrogam como é possível falar de boas-novas quando tantos
sofrem ao nosso redor.
Onde
estão as boas-novas, quando tanta injustiça, pobreza e miséria
estende a sua sombra sobre nós e o nosso mundo?
Contudo
gostaria que deste lugar partisse uma mensagem muito clara.
Gostaria
que as pessoas soubessem que vós, homens e mulheres jovens do
Mianmar, não tendes medo de acreditar na boa-nova da misericórdia
de Deus, porque essa boa-nova tem um nome e um rosto: Jesus Cristo.
Como
mensageiros desta boa-nova, estais prontos a anunciar uma palavra de
esperança à Igreja, ao vosso país, ao mundo inteiro.
Estais
prontos a anunciar a boa-nova aos irmãos e irmãs que sofrem e
precisam das vossas orações e da vossa solidariedade, mas também
da vossa paixão pelos direitos humanos, pela justiça e pelo
crescimento daquilo que Jesus dá: amor e paz.
Mas
gostaria também de vos propor um desafio.
Ouvistes
com atenção a primeira Leitura?
Nela,
São Paulo repete três vezes a palavra «sem».
É
uma palavra pequena, mas que nos faz pensar sobre o nosso lugar no
projecto de Deus.
De
facto, Paulo formula três perguntas que eu gostaria de colocar,
pessoalmente, a cada um de vós.
A
primeira: «Como hão de acreditar sem terem ouvido falar d’Ele?»
A
segunda: «Como hão de ouvir falar, sem um mensageiro que O
anuncie?»
A
terceira: «Como há de um mensageiro anunciar, sem ser enviado?»
(cf. Rm 10, 14-15).
Gostaria
que todos vós pensásseis profundamente nestas três questões.
Mas
não tenhais medo!
Como
pai (talvez fosse melhor dizer avô!) benévolo, não quero
deixar-vos sozinhos perante tais perguntas.
Permiti
oferecer-vos alguns pensamentos que vos possam guiar no caminho da fé
e ajudar-vos a discernir aquilo que o Senhor está a pedir-vos.
A
primeira pergunta de São Paulo é: «Como hão de acreditar sem
terem ouvido falar d’Ele?».
O
nosso mundo está cheio de tantos ruídos e distracções que podem
sufocar a voz de Deus.
Para
que outros sejam chamados a ouvir falar d’Ele e a crer n’Ele,
precisam de O encontrar em pessoas que sejam autênticas, pessoas que
sabem como ouvir.
Certamente
é o que vós quereis ser.
Mas
só o Senhor pode ajudar-vos a ser genuínos.
Por
isso falai com Ele na oração.
Aprendei
a ouvir a sua voz, falando serenamente com Ele no íntimo do vosso
coração.
Mas
falai também com os Santos, com os nossos amigos no Céu que vos
podem inspirar.
Como
Santo André, que hoje festejamos.
Era
um simples pescador e tornou-se um grande mártir, uma testemunha do
amor de Jesus.
Mas,
antes de se tornar um mártir, cometeu os seus erros e precisou de
ser paciente, aprendendo gradualmente como ser um verdadeiro
discípulo de Cristo.
Também
vós não tenhais medo de aprender com os vossos erros!
Possam
os Santos guiar-vos até Jesus, ensinando-vos a colocar as vossas
vidas nas mãos d’Ele.
Sabeis
que Jesus é cheio de misericórdia.
Então
partilhai com Ele tudo o que tendes no coração: os medos e as
preocupações, os sonhos e as esperanças.
Cultivai
a vida interior, como faríeis com um jardim ou um campo.
Isso
requer tempo, requer paciência.
Mas
como um agricultor sabe esperar o crescimento da seara, assim também
a vós, se tiverdes paciência, o Senhor concederá a graça de
produzir muito fruto, um fruto que depois podereis partilhar com os
outros.
A
segunda pergunta de Paulo é: «Como hão de ouvir falar, sem um
mensageiro que O anuncie?».
Eis
aqui uma grande tarefa, confiada especialmente aos jovens: ser
«discípulos missionários», mensageiros da boa-nova de Jesus,
sobretudo para os vossos coetâneos e amigos.
Não
tenhais medo de gerar confusão, de colocar perguntas que façam as
pessoas a pensar!
Nem
tenhais medo, se às vezes notardes que sois poucos e dispersos por
aqui e por ali.
O
Evangelho cresce sempre a partir de pequenas raízes.
Por
isso, fazei-vos ouvir!
Gostaria
de vos pedir para gritar, mas não com a voz; gostaria que gritásseis
com a vida, com o coração, de modo a ser sinais de esperança para
quem está desanimado, uma mão estendida para quem está doente, um
sorriso acolhedor para quem é estrangeiro, um apoio carinhoso para
quem está sozinho.
A
última pergunta de Paulo é: «Como há de um mensageiro anunciar,
sem ser enviado?».
No
final da Missa, seremos todos enviados a partilhar com os outros os
dons que recebemos.
Isto
poderia ser um pouco desanimador, já que nem sempre sabemos aonde
nos pode enviar Jesus.
Mas
Ele nunca nos envia, sem ao mesmo tempo caminhar ao nosso lado e
sempre um pouco à nossa frente, para nos introduzir em novas e
magníficas partes do seu Reino.
No
Evangelho de hoje, como é que o Senhor envia André e seu irmão
Simão Pedro?
Dizendo-lhes:
«Segui-Me» (Mt 4, 19).
Eis
aqui o que significa o envio: não atirar-se para a frente com as
próprias forças, mas seguir Cristo!
O
Senhor convidará alguns de vós a segui-Lo como sacerdotes,
tornando-se assim «pescadores de homens».
Outros,
chamá-los-á para se tornarem pessoas consagradas.
E
outros ainda, chamá-los-á à vida matrimonial, para serem pais e
mães amorosos.
Seja
qual for a vossa vocação, exorto-vos: sede corajosos, sede
generosos e, sobretudo, sede alegres!
Aqui,
nesta linda catedral dedicada à Imaculada Conceição, encorajo-vos
a olhar para Maria.
Quando
disse sim à mensagem do anjo, Ela era jovem como vós.
Mas
teve a coragem de confiar na boa-nova que ouvira e de a traduzir numa
vida de fiel dedicação à sua vocação, de total doação de Si
mesma e de completo abandono à solicitude amorosa de Deus.
Como
Maria, possais ser todos dóceis mas corajosos em levar Jesus e o seu
amor aos outros!
Queridos
jovens, com grande afecto, confio todos vós e vossas famílias à
sua intercessão materna.
E
peço, por favor, que vos lembreis de rezar por mim.
Myanmar
pyi ko Payarthakin Kaung gi pei pa sei [Deus abençoe o Mianmar]!
Fontes:
Santa Sé; Rádio Vaticano; L'Osservatore Romano
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