Na
catequese geral desta Quarta-feira o Papa continuou a falar do
significado da Eucaristia
E
voltou a recordar que a Missa não é um espectáculo, um momento
para conversas e fotografias, mas o memorial da paixão, morte e
ressurreição de Cristo e que exige, portanto, uma justa atitude.
Depois
de ter explicado a semana passada que a Missa é a oração por
excelência, hoje o Papa Francisco disse que a Missa é
essencialmente o “memorial do Mistério pascal de Cristo”.
Através
da Missa tornamo-nos partícipes da sua vitória sobre o pecado e a
morte.
A
Missa dá, portanto, significado pleno à nossa vida.
No
seu significado bíblico, memorial – explicou o Papa – não é
apenas a recordação de um acontecimento passado, mas torna presente
e actual aquilo que se passou há 20 séculos.
Assim,
ao celebrar a Eucaristia reavivamos a ressurreição de Cristo, e
isto leva-nos ao ponto mais alto da acção salvífica de Deus.
“Cada
celebração da Eucaristia é um raio daquele sol sem ocaso que é
Jesus ressuscitado.
Participar
na Missa, em particular aos domingos, significa entrar na vitória do
Ressuscitado, ser iluminados pela sua luz, abrasados pelo seu calor.
Através
da celebração eucarística o Espírito Santo torna-nos partícipes
da vida divina que é capaz de transfigurar todo o nosso ser mortal.
E
na sua passagem da morte para a vida, do tempo para a eternidade, o
Senhor Jesus arrasta-nos
com Ele para fazer a Páscoa.
Na
Missa faz-se a Pascoa.
Nós,
na Missa, estamos com Jesus, morto e ressuscitado e Ele arrasta-nos
em frente, para a vida eterna.
Na
Missa unimo-nos a Ele.”
PAPA
FRANCISCO
AUDIÊNCIA
GERAL
Quarta-feira,
22 de Novembro de 2017
Queridos
irmãos e irmãs, bom dia!
Prosseguindo
as Catequeses sobre a Missa, podemos questionar-nos: o que é
essencialmente a Missa?
A
Missa é o memorial do Mistério pascal de Cristo.
Ela
torna-nos partícipes da sua vitória sobre o pecado e a morte, e
confere pleno significado à nossa vida.
Por
esta razão, a fim de compreender o valor da Missa devemos então
entender em primeiro lugar o significado bíblico do “memorial”.
Ele
«não é somente a lembrança dos acontecimentos do passado, mas...
tornam-se de certo modo presentes e actuais. É assim que Israel
entende a sua libertação do Egipto: sempre que se celebrar a
Páscoa, os acontecimentos do Êxodo tornam-se presentes à memória
dos crentes, para que conformem com eles a sua vida» (Catecismo da
Igreja Católica, 1363).
Jesus
Cristo, com a sua paixão, morte, ressurreição e ascensão ao céu
levou a cumprimento a Páscoa.
E
a Missa é o memorial da sua Páscoa, do seu “êxodo”, que
cumpriu por nós, para nos fazer sair da escravidão e nos introduzir
na terra prometida da vida eterna.
Não
é somente uma lembrança, não, é mais do que isso: significa
evocar o que aconteceu há vinte séculos.
A
Eucaristia leva-nos sempre ao ápice da acção de salvação de
Deus: o Senhor Jesus, tornando-se pão partido para nós, derrama
sobre nós toda a sua misericórdia e o seu amor, como fez na cruz,
de modo a renovar o nosso coração, a nossa existência e a nossa
forma de nos relacionarmos com Ele e com os irmãos.
O
Concílio Vaticano II afirma: «Sempre que no altar se celebra o
sacrifício da cruz, na qual Cristo, nossa Páscoa, foi imolado,
realiza-se também a obra da nossa redenção» (Cost. dogm. Lumen
gentium, 3).
Cada
celebração da Eucaristia é um raio daquele sol sem ocaso que é
Jesus ressuscitado.
Participar
na Missa, em particular aos domingos, significa entrar na vitória do
Ressuscitado, ser iluminados pela sua luz, abrasados pelo seu calor.
Através
da celebração eucarística o Espírito Santo torna-nos partícipes
da vida divina que é capaz de transfigurar todo o nosso ser mortal.
E
na sua passagem da morte para a vida, do tempo para a eternidade, o
Senhor Jesus arrasta-nos com Ele para fazer a Páscoa.
Na
Missa faz-se a Pascoa.
Nós,
na Missa, estamos com Jesus, morto e ressuscitado e Ele arrasta-nos
em frente, para a vida eterna.
Na
Missa unimo-nos a Ele.
Aliás,
Cristo vive em nós e nós vivemos n’Ele: «Estou crucificado com
Cristo — diz Paulo — , já não sou eu que vivo, mas é Cristo
que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no
Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim» (Gl 2, 19-20).
Paulo
pensava desta forma.
Com
efeito, o seu sangue liberta-nos da morte e do medo da morte.
Liberta-nos
não só do domínio da morte física, mas da morte espiritual que é
o mal, o pecado, que se apodera de nós todas as vezes que somos
vítimas do pecado nosso e alheio.
E
então a nossa vida é contaminada, perde beleza, perde significado,
desflorece.
Ao
contrário, Cristo restitui-nos a vida; Cristo é a plenitude da
vida, e quando enfrentou a morte aniquilou-a para sempre:
«ressuscitando dos mortos, venceu a morte e renovou vida», confessa
a Igreja celebrando a Eucaristia (Oração eucarística IV).
A
Páscoa de Cristo é a vitória definitiva sobre a morte, porque Ele
transformou a sua morte em acto supremo de amor.
Morreu
por amor!
E
na Eucaristia, Ele quer comunicar-nos este seu amor pascal,
vitorioso.
Se
o recebermos com fé, também nós podemos amar verdadeiramente a
Deus e ao próximo, podemos amar como Ele nos amou, oferecendo a
vida.
Se
o amor de Cristo estiver em mim, posso doar-me plenamente ao outro,
na certeza interior que mesmo se o outro me ferir eu não morrerei;
caso contrário, teria que me defender.
Os
mártires ofereceram a própria vida devido a esta certeza da vitória
de Cristo sobre a morte.
Só
se experimentarmos este poder de Cristo, o poder do seu amor, seremos
realmente livres de nos doarmos sem medo.
É
este o significado da Missa: entrar nesta paixão, morte,
ressurreição, ascensão de Jesus; quando vamos à Missa é como se
fôssemos ao calvário, a mesma coisa.
Mas
pensai: no momento da Missa vamos ao calvário — usemos a
imaginação — e sabemos que aquele homem ali é Jesus.
Mas,
será que nos permitiríamos conversar, tirar fotografias, dar um
pouco de espectáculo?
Não!
Porque é Jesus!
Certamente
estaríamos em silêncio, no pranto e também na alegria de sermos
salvos.
Quando
entramos na Igreja para celebrar a Missa pensemos nisto: entro no
calvário, onde Jesus oferece a sua vida por mim.
E
assim desaparece o espectáculo, desaparecem as tagarelices, os
comentários e estas coisas que nos afastam de algo tão bonito que é
a Missa, o triunfo de Jesus.
Penso
que agora é mais claro que a Páscoa se torna presente e activa
todas as vezes que celebramos a Missa, ou seja, o sentido do
memorial.
A
participação na Eucaristia faz-nos entrar no mistério pascal de
Cristo, concedendo-nos a oportunidade de passar com Ele da morte para
a vida, ou seja, no calvário.
A
Missa significa repercorrer o calvário, não é um espectáculo.
Fontes:
Santa Sé; Rádio Vaticano; L'Osservatore Romano
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