O
pecado é uma das modalidades com que nós nos afastamos d’Ele; mas
isto não significa que Ele se afaste de nós
Frisou
o Papa Francisco na homilia da celebração penitencial, celebrada
esta Sexta-feira no âmbito do evento “24 horas para o Senhor”.
O
Santo Padre começou por referir a grande alegria e consolação que
nos são oferecidas pelas palavras de São João (cf. 1 Jo 3,
1-10.19-22):
“Deus
ama-nos de tal maneira que nos tornou seus filhos e, quando O
pudermos ver face a face, descobriremos ainda melhor a grandeza deste
seu amor.
E
não só: o amor de Deus é sempre maior de quanto possamos imaginar,
estendendo-se para além de qualquer pecado que a nossa consciência
nos acuse.
Não
conhece limites, é um amor desprovido de confins; não apresenta
aqueles obstáculos que nós, ao contrário, costumamos interpor a
uma pessoa, pelo receio que venha privar-nos da liberdade.”
Na
audiência geral de Quarta-feira o Papa Francisco fez o convite; e
pediu que as igrejas fiquem abertas o máximo possível para que os
fiéis, na preparação para a Santa Páscoa, celebrem o Sacramento
da Reconciliação e sintam a misericórdia de Deus.
CELEBRAÇÃO
PENITENCIAL
HOMILIA
DO PAPA FRANCISCO
Basílica
de São Pedro
Sexta-feira,
9 de Março de 2018
Amados
irmãos e irmãs,
Que
grande alegria e consolação nos são oferecidas pelas palavras de
São João, que ouvimos!
Deus
ama-nos de tal maneira que nos tornou seus filhos e, quando O
pudermos ver face a face, descobriremos ainda melhor a grandeza deste
seu amor (cf. 1 Jo 3, 1-10.19-22).
E
não só: o amor de Deus é sempre maior de quanto possamos imaginar,
estendendo-se para além de qualquer pecado que a nossa consciência
nos acuse.
Não
conhece limites, é um amor desprovido de confins; não apresenta
aqueles obstáculos que nós, ao contrário, costumamos interpor a
uma pessoa, pelo receio que venha privar-nos da liberdade.
Sabemos
que a condição do pecado tem como consequência o afastamento de
Deus.
E,
de facto, o pecado é uma das modalidades com que nós nos
afastamos d’Ele; mas isto não significa que Ele se afaste
de nós.
A
condição de fraqueza e confusão, em que o pecado nos coloca, é
mais um motivo para Deus ficar junto de nós; esta certeza deve
acompanhar-nos sempre na vida.
A
palavra do Apóstolo oferece-nos uma confirmação disto mesmo para
tranquilizar o nosso coração, levando-o a ter sempre uma confiança
inabalável no amor do Pai: «Na sua presença, sentir-se-á
tranquilo o nosso coração, mesmo quando o coração nos acuse; pois
Deus é maior que o nosso coração e conhece tudo» (1 Jo 3, 19-20).
A
sua graça continua a trabalhar em nós para tornar mais forte a
esperança de que nunca estaremos privados do seu amor, apesar de
qualquer pecado que possamos ter feito, rejeitando a sua presença na
nossa vida.
Esta
esperança impele-nos a tomar consciência da desorientação em que
muitas vezes cai a nossa existência, precisamente como sucedeu a
Pedro, segundo a narração evangélica que ouvimos: «No mesmo
instante, o galo cantou. E Pedro lembrou-se das palavras de Jesus:
“Antes de o galo cantar, me negarás três vezes”. E, saindo para
fora, chorou amargamente» (Mt 26, 74-75).
O
evangelista é extremamente sóbrio.
O
canto do galo parece surpreender um homem ainda confuso; depois, ele
recorda-se das palavras de Jesus e, finalmente, rasga-se o véu e
Pedro começa a vislumbrar, por entre as lágrimas, que Deus Se
revela em Cristo esbofeteado, insultado, renegado por ele, mas que,
por ele, vai morrer. Pedro, que teria desejado morrer por Jesus,
agora entende que deve deixar que Jesus morra por ele.
Pedro
queria ensinar o seu Mestre, queria precedê-Lo; ao contrário, é
Jesus que vai morrer por Pedro; e isto, Pedro não o compreendera,
não o quisera compreender.
Pedro
confronta-se agora com o amor do Senhor e, finalmente, compreende que
Ele o ama e lhe pede para se deixar amar.
Pedro
dá-se conta de que sempre se recusara a deixar-se amar, sempre se
recusara a deixar-se salvar plenamente por Jesus; afinal, não
queria, de todo, que Jesus o amasse.
Como
é difícil deixar-se amar verdadeiramente!
Sempre
quereríamos que algo de nós não estivesse obrigado à gratidão,
quando, na realidade, somos devedores de tudo, porque Deus é o
primeiro a amar e, por amor, nos salva totalmente.
Peçamos
agora ao Senhor a graça de nos dar a conhecer a grandeza do seu
amor, que apaga todos os nossos pecados.
Deixemo-nos
purificar pelo amor, para reconhecer o verdadeiro amor!
Fontes:
Santa Sé; Notícias do Vaticano
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