“A
oração de David” foi o tema da catequese de hoje do Papa
Francisco
A
história de David começa nas colinas ao redor de Belém, onde
apascenta o rebanho de seu pai, Jessé.
É
ainda um rapaz, o último de muitos irmãos.
Por
ordem de Deus, o Profeta Samuel vai em busca do novo rei.
David
trabalhava ao ar livre e confortava a sua alma tocando harpa.
“Nos
longos dias de solidão gosta de tocar e cantar ao seu Deus.
Também
brincava com a funda.
Portanto,
em primeiro lugar David é um pastor: um homem que cuida dos animais,
que os defende quando surge o perigo, que lhes dá o sustento.
Quando
David, por vontade de Deus, tiver que se preocupar pelo povo, não
realizará acções muito diferentes destas.
É
por isso que na Bíblia a imagem do pastor é muito recorrente.
Também
Jesus se define “o bom pastor”, o seu comportamento é diferente
daquele do mercenário; oferece a sua vida pelas ovelhas, guia-as,
sabe o nome de cada uma delas.”
David
é nobre porque reza.
“David,
que conheceu a solidão, na verdade, nunca esteve sozinho!
E
no fundo este é o poder da oração, em todos aqueles que lhe dão
espaço na própria vida.
A
oração dá-nos nobreza e David é nobre porque reza.
Mas
é um carnífice que reza, que se arrepende, e readquire a nobreza
graças à oração.
A
oração confere-nos nobreza: ela é capaz de assegurar a relação
com Deus, que é o verdadeiro Companheiro de caminho do homem, no
meio das numerosas provações da vida.”
De
novo, a Santa Sé disponibiliza o texto completo em português da
catequese do Papa:
PAPA
FRANCISCO
AUDIÊNCIA
GERAL
Biblioteca
do Palácio Apostólico
Quarta-feira,
24 de Junho de 2020
Estimados
irmãos e irmãs, bom dia!
No
nosso itinerário de catequeses sobre a oração, hoje encontramos o
rei David.
Predilecto
de Deus desde menino, foi escolhido para uma missão única, que
assumirá um papel central na história do povo de Deus e da nossa
fé.
Nos
Evangelhos, Jesus é chamado várias vezes “filho de David”; com
efeito, como ele, nasce em Belém.
Da
descendência de David, segundo as promessas, vem o Messias: um Rei
totalmente segundo o coração de Deus, em perfeita obediência ao
Pai, cuja acção cumpre fielmente o seu plano de salvação (cf.
Catecismo
da Igreja Católica,
2579).
A
vicissitude de David começa nas colinas ao redor de Belém, onde
apascenta o rebanho do pai, Jessé.
É
ainda um rapaz, o último de muitos irmãos.
A
ponto que quando o profeta Samuel, por ordem de Deus, vai em busca do
novo rei, até parece que o seu pai se tinha esquecido daquele filho
mais novo (cf. 1 Sm 16, 1-13).
Trabalhava
ao ar livre: pensamos nele como amigo do vento, dos sons da natureza,
dos raios do sol.
Só
tem uma companhia para confortar a sua alma: a cítara; e nos longos
dias de solidão gosta de tocar e cantar ao seu Deus.
Também
brincava com a funda.
Portanto,
em primeiro lugar David é um pastor: um homem que cuida dos animais,
que os defende quando surge o perigo, que lhes dá o sustento.
Quando
David, por vontade de Deus, tiver que se preocupar pelo povo, não
realizará acções muito diferentes destas.
É
por isso que na Bíblia a imagem do pastor é muito recorrente.
Também
Jesus se define “o bom pastor”, o seu comportamento é diferente
daquele do mercenário; oferece a sua vida pelas ovelhas, guia-as,
sabe o nome de cada uma delas (cf. Jo
10, 11-18).
Da
sua primeira profissão, David aprendeu muito.
Assim,
quando o profeta Natã o repreenderá pelo seu gravíssimo pecado
(cf. 2 Sm
12, 1-15), David compreenderá imediatamente que tinha sido um mau
pastor, que roubara de outro homem a única ovelha que ele amava, que
já não era um servo humilde, mas um homem doente de poder, um
caçador furtivo que mata e saqueia.
Um
segundo traço característico presente na vocação de David é o
seu espírito de poeta.
Desta
pequena observação deduzimos que David não era um homem vulgar,
como muitas vezes pode acontecer com indivíduos obrigados a viver
prolongadamente isolados da sociedade.
Ao
contrário, é uma pessoa sensível, que gosta da música e do canto.
A
cítara acompanhá-lo-á sempre: para elevar um hino de alegria a
Deus (cf. 2 Sm
6, 16), para expressar um lamento, ou para confessar o próprio
pecado (cf. Sl
51, 3).
O
mundo que se apresenta aos seus olhos não é uma cena silenciosa: o
seu olhar capta, por detrás do desenrolar dos acontecimentos, um
mistério maior.
A
oração nasce precisamente dali: da convicção de que a vida não é
algo que passa por nós, mas um mistério surpreendente, que em nós
suscita a poesia, a música, a gratidão, o louvor, ou a lamentação
e a súplica.
Quando
a uma pessoa falta essa dimensão poética, digamos, quando lhe falta
a poesia, a sua alma coxeia.
Portanto,
segundo a tradição David é o grande artífice da composição dos
salmos.
No
início fazem frequentemente referência explícita ao rei de Israel
e a alguns dos acontecimentos mais ou menos nobres da sua vida.
Portanto,
David tem um sonho: ser um bom pastor.
Às
vezes conseguirá estar à altura desta tarefa, outras vezes, não;
mas o que importa, no contexto da história da salvação, é que ele
representa a profecia de outro Rei, do qual é apenas anúncio e
prefiguração.
Fitemos
David, pensemos em David.
Santo
e pecador, perseguido e perseguidor, vítima e carnífice, o que é
uma contradição.
David
era tudo isto, ao mesmo tempo.
E
também nós, na nossa vida, temos traços frequentemente opostos; na
trama da vida, todos os homens pecam muitas vezes de incoerência.
Na
vida de David existe apenas um fio condutor que confere unidade a
tudo o que acontece: a sua oração.
Esta
é a voz que nunca se apaga.
David
santo reza; David pecador reza; David perseguido reza; David
perseguidor reza; David vítima reza.
Até
David carnífice reza.
Este
é o fio condutor da sua vida.
Um
homem de oração.
Esta
é a voz que nunca se apaga: quer assuma os tons do júbilo, quer os
da lamentação, é sempre a mesma oração, só muda a melodia.
Agindo
assim, David ensina-nos a deixar que tudo faça parte do diálogo com
Deus: tanto a alegria como a culpa, o amor como o sofrimento, a
amizade como a doença.
Tudo
pode tornar-se palavra dirigida ao “Tu” que nos ouve sempre.
David,
que conheceu a solidão, na verdade, nunca esteve sozinho!
E
no fundo este é o poder da oração, em todos aqueles que lhe dão
espaço na própria vida.
A
oração dá-nos nobreza e David é nobre porque reza.
Mas
é um carnífice que reza, que se arrepende, e readquire a nobreza
graças à oração.
A
oração confere-nos nobreza: ela é capaz de assegurar a relação
com Deus, que é o verdadeiro Companheiro de caminho do homem, no
meio das numerosas provações da vida, boas ou más: mas sempre com
a oração.
Obrigado
Senhor.
Tenho
medo Senhor.
Ajudai-me
Senhor.
Perdoai-me
Senhor.
David
tinha tanta confiança, que quando foi perseguido e teve que fugir
não permitiu que o defendessem: “se o meu Deus me humilha deste
modo, ele sabe”, porque a nobreza da oração nos deixa nas mãos
de Deus.
Aquelas
mãos chagadas de amor: as únicas mãos seguras que nós temos.
Fontes:
Santa Sé; Notícias do Vaticano
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