"Neste
nosso tempo de forte autonomia individual, predomina a percepção
que cada um faz ou quer fazer da realidade"
80ª
Mensagem do nosso Bispo D. Manuel, publicada no dia 7 de Junho de
2020:
Fés
A
dimensão religiosa é histórica e geograficamente universal.
Disso
ninguém tem dúvida.
Baseia-se
sempre numa fé aceite e compartilhada.
Fé
séria ou ridícula, fruto de uma «revelação» ou iniciativa de um
espertalhaço que a impinge.
Na
religião entra uma dupla polaridade: a divindade em que se acredita
e a pessoa que lhe presta assentimento.
De
acordo com a cultura do tempo, ora se acentua mais um, ora outro
desses núcleos.
No
passado, de pendor colectivo, privilegiava-se a instituição e o que
ela pregava; neste nosso tempo de forte autonomia individual,
predomina a percepção que cada um faz ou quer fazer da realidade.
No
passado, a pessoa submetia-se; hoje, contesta e desconstrói.
Daí
a afirmação de que “religião, cada um tem a sua”.
Fabricando-a
à sua medida, claro.
Porque
muito presente no Ocidente, âmbito onde esta perspectiva de
autonomia individualista é mais aguda, são a Igreja e a fé
católica quem mais sofre com este fenómeno.
Consequência:
para muitos «crentes», conta mais a sua «maneira de ver» do que a
tradição e a fé eclesial.
E
a «autoridade» é que nada conta se não se compaginar com as suas
manias.
Neste
caso, «aqui d’el rei” que a Igreja está ultrapassada, que esta
não se adaptou aos novos tempos, etc.
Tal
como protestaram aqueles noivos que exigiam que fosse o seu cãozinho
a transportar as alianças até ao altar, no dia do casamento.
Risível?
Há
outros ridículos, porventura mais impressionantes.
Por
exemplo, o daquela mulher que difundiu amplamente um e-mail a dizer
que jamais voltará a entrar numa igreja porque os bispos de
Portugal, no conjunto de normas para evitar a propagação do
Covid-19, ousaram apelar a que a comunhão se faça na mão e não na
boca.
Temporariamente,
claro.
E
como ela, num acesso de «piedade» jansenista, valoriza mais a
abertura da boca do que a comunhão do Corpo de Cristo, dispara
violentamente contra quem não lhe satisfaz os seus caprichos.
Para
ela, a fé resume-se à sua mania e o previsível contágio dos
outros não entra no rol das suas preocupações.
Por
isso, diz que sai da Igreja Católica.
Sai,
se é que algum dia lá tinha entrado.
Com
esta fé…
Há
pessoas que reviram os olhos como se estivessem no mais profundo
êxtase místico.
Mas
não é para «ver a Deus» ou ver os outros: é para se contemplarem
a si próprias.
O
povo atribui uma designação a esse fenómeno e não dá conotação
positiva ao termo que emprega: beatério.
D.
Manuel Linda
Fontes:
Diocese do Porto; Voz Portucalense - fotografia
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