Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

quinta-feira, 4 de junho de 2020

MENSAGEM DO PAPA PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES DE 2020



A celebrar no dia 18 de Outubro é inspirada na passagem de Isaías

«Eis-me aqui, envia-me» (Is 6, 8)
   
   
Nesta Solenidade de Pentecostes, o Papa Francisco divulgou a sua mensagem para o Dia Mundial das Missões deste ano.

A missão, a “Igreja em saída” não é um programa, um intuito concretizável por um esforço de vontade.
É Cristo que faz sair a Igreja de si mesma.
Na missão de anunciar o Evangelho, moves-te porque o Espírito te impele e conduz.”


MENSAGEM DE SUA SANTIDADE
O PAPA FRANCISCO
PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES DE 2020
[18 de Outubro de 2020]

«Eis-me aqui, envia-me» (Is 6, 8)


Queridos irmãos e irmãs!

Desejo manifestar a minha gratidão a Deus pelo empenho com que, em Outubro passado, foi vivido o Mês Missionário Extraordinário em toda a Igreja.
Estou convencido de que isso contribuiu para estimular a conversão missionária em muitas comunidades pela senda indicada no tema «Baptizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo».

Neste ano, marcado pelas tribulações e desafios causados pela pandemia do covid-19, este caminho missionário de toda a Igreja continua à luz da palavra que encontramos na narração da vocação do profeta Isaías: «Eis-me aqui, envia-me» (Is 6, 8).
É a resposta, sempre nova, à pergunta do Senhor: «Quem enviarei?» (Ibid.).
Esta chamada provém do coração de Deus, da sua misericórdia, que interpela quer a Igreja quer a humanidade na crise mundial actual.
«À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Demo-nos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados mas, ao mesmo tempo, importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento. E, neste barco, estamos todos. Tal como os discípulos que, falando a uma só voz, dizem angustiados “vamos perecer” (cf. Mc 4, 38), assim também nós nos apercebemos de que não podemos continuar estrada cada qual por conta própria, mas só o conseguiremos juntos» (Francisco, Meditação na Praça de São Pedro, 27/III/2020).
Estamos verdadeiramente assustados, desorientados e temerosos.
O sofrimento e a morte fazem-nos experimentar a nossa fragilidade humana; mas, ao mesmo tempo, todos nos reconhecemos participantes dum forte desejo de vida e de libertação do mal.
Neste contexto, a chamada à missão, o convite a sair de si mesmo por amor de Deus e do próximo aparece como oportunidade de partilha, serviço, intercessão.
A missão que Deus confia a cada um faz passar do «eu» medroso e fechado ao «eu» resoluto e renovado pelo dom de si.

No sacrifício da cruz, onde se realiza a missão de Jesus (cf. Jo 19, 28-30), Deus revela que o seu amor é por todos e cada um (cf. Jo 19, 26-27).
E pede-nos a nossa disponibilidade pessoal para ser enviados, porque Ele é Amor em perene movimento de missão, sempre em saída de Si mesmo para dar vida.
Por amor dos homens, Deus Pai enviou o Filho Jesus (cf. Jo 3, 16).
Jesus é o Missionário do Pai: a sua Pessoa e a sua obra são, inteiramente, obediência à vontade do Pai (cf. Jo 4, 34; 6, 38; 8, 12-30; Heb 10, 5-10).
Por sua vez, Jesus – crucificado e ressuscitado por nós –, no seu movimento de amor atrai-nos com o seu próprio Espírito, que anima a Igreja, torna-nos discípulos de Cristo e envia-nos em missão ao mundo e às nações.

«A missão, a “Igreja em saída” não é um programa, um intuito concretizável por um esforço de vontade. É Cristo que faz sair a Igreja de si mesma. Na missão de anunciar o Evangelho, moves-te porque o Espírito te impele e conduz (Francisco, Sem Ele nada podemos fazer, 2019, 16-17).
Deus é sempre o primeiro a amar-nos e, com este amor, vem ao nosso encontro e chama-nos.
A nossa vocação pessoal provém do facto de sermos filhos e filhas de Deus na Igreja, sua família, irmãos e irmãs naquela caridade que Jesus nos testemunhou.
Mas, todos têm uma dignidade humana fundada na vocação divina a ser filhos de Deus, a tornar-se, no sacramento do Baptismo e na liberdade da fé, aquilo que são desde sempre no coração de Deus.

Já o facto de ter recebido gratuitamente a vida constitui um convite implícito para entrar na dinâmica do dom de si mesmo: uma semente que, nos baptizados, ganhará forma madura como resposta de amor no matrimónio e na virgindade pelo Reino de Deus.
A vida humana nasce do amor de Deus, cresce no amor e tende para o amor.
Ninguém está excluído do amor de Deus e, no santo sacrifício de seu Filho Jesus na cruz, Deus venceu o pecado e a morte (cf. Rom 8, 31-39).
Para Deus, o mal – incluindo o próprio pecado – torna-se um desafio para amar, e amar cada vez mais (cf. Mt 5, 38-48; Lc 23, 33-34).
Por isso, no Mistério Pascal, a misericórdia divina cura a ferida primordial da humanidade e derrama-se sobre o universo inteiro.
A Igreja, sacramento universal do amor de Deus pelo mundo, prolonga na história a missão de Jesus e envia-nos por toda a parte para que, através do nosso testemunho da fé e do anúncio do Evangelho, Deus continue a manifestar o seu amor e possa tocar e transformar corações, mentes, corpos, sociedades e culturas em todo o tempo e lugar.

A missão é resposta, livre e consciente, à chamada de Deus.
Mas esta chamada só a podemos sentir, quando vivemos numa relação pessoal de amor com Jesus vivo na sua Igreja.
Perguntemo-nos: estamos prontos a acolher a presença do Espírito Santo na nossa vida, a ouvir a chamada à missão quer no caminho do matrimónio, quer no da virgindade consagrada ou do sacerdócio ordenado e, em todo o caso, na vida comum de todos os dias?
Estamos dispostos a ser enviados para qualquer lugar a fim de testemunhar a nossa fé em Deus Pai misericordioso, proclamar o Evangelho da salvação de Jesus Cristo, partilhar a vida divina do Espírito Santo edificando a Igreja?
Como Maria, a Mãe de Jesus, estamos prontos a permanecer sem reservas ao serviço da vontade de Deus (cf. Lc 1, 38)?
Esta disponibilidade interior é muito importante para se conseguir responder a Deus: Eis-me aqui, Senhor, envia-me (cf. Is 6, 8).
E isto respondido não em abstracto, mas no hoje da Igreja e da história.

A compreensão daquilo que Deus nos está a dizer nestes tempos de pandemia torna-se um desafio também para a missão da Igreja.
Desafia-nos a doença, a tribulação, o medo, o isolamento.
Interpela-nos a pobreza de quem morre sozinho, de quem está abandonado a si mesmo, de quem perde o emprego e o salário, de quem não tem abrigo e comida.
Obrigados à distância física e a permanecer em casa, somos convidados a redescobrir que precisamos das relações sociais e também da relação comunitária com Deus.
Longe de aumentar a desconfiança e a indiferença, esta condição deveria tornar-nos mais atentos à nossa maneira de nos relacionarmos com os outros.
E a oração, na qual Deus toca e move o nosso coração, abre-nos às carências de amor, dignidade e liberdade dos nossos irmãos, bem como ao cuidado por toda a criação.
A impossibilidade de nos reunirmos como Igreja para celebrar a Eucaristia fez-nos partilhar a condição de muitas comunidades cristãs que não podem celebrar a Missa todos os Domingos.
Neste contexto, é-nos dirigida novamente a pergunta de Deus – «quem enviarei?» – e aguarda, de nós, uma resposta generosa e convicta: «Eis-me aqui, envia-me» (Is 6, 8).
Deus continua a procurar pessoas para enviar ao mundo e às nações, a fim de testemunhar o seu amor, a sua salvação do pecado e da morte, a sua libertação do mal (cf. Mt 9, 35-38; Lc 10, 1-11).

Celebrar o Dia Mundial das Missões significa também reiterar que a oração, a reflexão e a ajuda material das vossas ofertas são oportunidades para participar activamente na missão de Jesus na sua Igreja.
A caridade manifestada nas colectas das celebrações litúrgicas do terceiro domingo de Outubro tem por objectivo sustentar o trabalho missionário, realizado em meu nome pelas Obras Missionárias Pontifícias, que acodem às necessidades espirituais e materiais dos povos e das Igrejas de todo o mundo para a salvação de todos.

A Santíssima Virgem Maria, Estrela da Evangelização e Consoladora dos Aflitos, discípula missionária do seu Filho Jesus, continue a amparar-nos e a interceder por nós.

Roma, em São João de Latrão, na Solenidade de Pentecostes, 31 de Maio de 2020.

Francisco



Fontes: Santa Sé; Notícias do Vaticano


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