A oração de Abraão
foi o tema da catequese do Papa Francisco
nesta Quarta-feira
Na
quinta catequese sobre a oração, o Papa Francisco começou por
afirmar:
“Há
uma voz que ressoa improvisadamente
na vida de Abraão.
Uma
voz que o convida a empreender um caminho que parece absurdo: uma voz
que o encoraja a sair de sua pátria, das raízes de sua família,
para ir em direcção
a um futuro novo, um futuro diferente.
Tudo
isso baseado numa promessa, na qual apenas é preciso confiar.
Confiar
numa promessa não é fácil, é preciso coragem.
E
Abraão confiou.”
Abraão
é o homem da palavra.
“Abraão
é o homem da Palavra.
Quando
Deus fala, o homem torna-se receptor dessa Palavra e sua vida o lugar
onde ela pede para se encarnar.
Esta
é uma grande novidade no caminho religioso do homem: a vida do fiel
começa a ser entendida como uma vocação, ou seja, apelo,
como um lugar onde uma promessa se realiza; e ele move-se
no mundo não tanto sob o peso de um enigma, mas com a força dessa
promessa, que um dia se realizará.
Abraão
acreditou na promessa de Deus.
Acreditou
e foi, sem saber para onde ia, assim diz a Carta aos Hebreus.
Mas
ele confiou.”
O
Papa concluiu sua catequese, convidando-nos a "aprender com
Abraão a rezar com fé: ouvir o Senhor, caminhar, dialogar até
discutir”, e acrescentou:
“Não
tenhamos medo de discutir com Deus.
Direi
uma coisa que pode parecer uma heresia.
Muitas
vezes ouvi pessoas dizerem-me: “Mas o senhor sabe, aconteceu-me
isto e eu fiquei zangado com Deus”.
“Mas
teve a coragem de ficar zangado com Deus?”.
“Sim,
fiquei zangado!”
Esta
é uma forma de oração, porque apenas um filho é capaz de ficar
zangado com seu pai e depois reencontrá-lo.
Aprendamos
com Abraão a rezar com fé, a dialogar, a discutir, mas sempre
dispostos a acolher a palavra de Deus e colocá-la em prática.
Com
Deus, aprendemos a falar como um filho ao seu pai.
Ouvi-lo,
responder e discutir, mas transparente, como um filho com o pai.
Assim,
Abraão nos ensina a rezar.”
Ao
saudar os fiéis de língua inglesa, o Papa Francisco falou das
desordens sociais nos Estados Unidos na sequência da trágica morte
de George Floyd.
“Não
podemos tolerar, nem fechar os olhos para qualquer tipo de racismo ou
exclusão e pretender defender a sacralidade de cada vida humana.
Ao
mesmo tempo devemos reconhecer que a violência das últimas noites é
auto-destrutiva e contraproducente.
Nada
se ganha com a violência e muito se perde.”
Resumo
da catequese de hoje:
Continuando
a catequese sobre a oração, hoje veremos como Abraão é para nós
o modelo de quem escuta a voz de Deus e confia na sua palavra.
O
Livro do Génesis conta-nos como Abraão prontamente respondeu a Deus
que o chamou a deixar a sua pátria rumo a uma terra desconhecida,
fiando-se totalmente da promessa divina.
Assim,
dava início a um novo modo de a humanidade se relacionar com Deus,
ou seja, com uma fé que enraizava na própria história pessoal:
Deus deixava de ser distante, mas acompanha os passos do homem,
guiando a sua vida com a Providência.
Por
isso, Abraão é o homem da Palavra, que se deixa conduzir por Deus,
num caminho que às vezes se faz árduo e até incompreensível, como
no drama que Abraão enfrentou ao ser-lhe pedido o sacrifício do seu
filho Isaque.
Porém,
apesar dos obstáculos, Abraão permaneceu fiel, totalmente
disponível a Deus, ensinando-nos assim que rezar com fé significa
escutar, dialogar e até mesmo discutir, mas sempre dispostos a
acolher a palavra de Deus e pô-la em prática.
Fontes:
Santa Sé; Notícias do Vaticano
Sem comentários:
Enviar um comentário