S.
José Vaz, sacerdote da Congregação do Oratório que viveu nos
finais do século XVII e princípios do século XVIII , natural da
então colónia portuguesa de Goa, foi canonizado pelo Papa Francisco
no dia 14 de Janeiro de 2015
José
Vaz nasceu na Índia, em
Benaulim, território da colónia portuguesa de Goa, no
dia 21 de Abril de 1651, no
seio de uma família da casta
dos brâmanes convertida ao
cristianismo no século XVI.
Depois
dos estudos preparatórios, prosseguiu em Goa a formação
humanística na universidade dos jesuítas, e a filosófica e
teológica no Colégio dominicano de São Tomás de Aquino.
Ordenado
sacerdote em 1676, começou por exercer o ministério sacerdotal no
povoado onde nasceu.
Após
uma passagem por uma região mais a sul, Kanara, voltou para Goa em
1684.
Em
resposta ao forte desejo de entrar em uma ordem religiosa, iniciou
uma vida comum na Igreja de Santa Cruz dos Milagres com outros três
sacerdotes indianos.
Eleito
superior, foi o verdadeiro fundador da comunidade, à qual deu uma
nítida fisionomia espiritual e a forma jurídica da Congregação de
São Felipe Neri.
No
final de 1686, quando a comunidade já podia caminhar sem ele, sentiu
chegado o momento de responder ao nunca esquecido apelo em favor dos
católicos abandonados.
Em
companhia de João, um jovem que o seguiu até ao fim da sua vida,
após várias tentativas conseguiu entrar no reino de Ceilão (hoje
Sri Lanka).
Recorda-se
que foi com a chegada dos portugueses que o Cristianismo começou a
difundir-se na Índia e regiões circundantes.
Foi
uma frota comandada por Lourenço de Almeida que a 15 de Novembro de
1505 primeiro chegou a Colombo, a actual capital do Sri Lanka, numa
altura em que a ilha estava dividida em três reinos: o tâmil a
norte e dois cingaleses, no centro e no sul.
Entretanto,
a meio do século XVII, os holandeses chegaram à ilha e expulsaram
os portugueses, ocupando os seus territórios, ao que se seguiu a
proibição do catolicismo.
Quem
fosse apanhado a entrar no Ceilão com o intuito de pregar o
catolicismo incorria a pena de prisão, com chicotadas e com privação
de alimentos, até mesmo com a sua condenação à morte por
enforcamento.
É
neste contexto, de opressão aos católicos por parte dos calvinistas
holandeses, que decorreu a acção do padre José Vaz depois de,
vindo de Goa, ter conseguido introduzir-se clandestinamente no Ceilão
para ajudar os católicos.
Quando
chegou à ilha de Ceilão, disfarçado de escravo e mendigo, todos os
sacerdotes tinham sido mortos, as igrejas profanadas ou destruídas,
os fiéis dispersos e amedrontados pela ameaça de morte.
O
Padre Vaz chegou mesmo a ser preso.
Ajudava
clandestinamente as comunidades católicas, celebrando Missa de
noite.
Fez
uma tradução do Evangelho para as línguas tâmil e cingalês.
Na
noite de 15 de Janeiro de 1711, recebendo o viático, disse à
comunidade oratoriana que lhe pedia uma última lembrança:
«Recordem-se
que não se pode facilmente cumprir no momento da morte aquilo que
foi descuidado durante a vida inteira».
Morreu
a 16 de Janeiro de 1711.
José
Vaz, foi beatificado
pelo Papa S. João Paulo II há vinte anos, em Janeiro de 1995,
também durante uma Viagem Apostólica ao Sri Lanka.
Na
altura, S. João Paulo II afirmou que:
“Em
consideração de tudo o que o padre Vaz foi e fez, do modo como o
fez e das circunstâncias nas quais conseguiu realizar a grande obra
de salvação de uma Igreja em perigo, é justo saudá-lo como o
maior missionário cristão que a Ásia jamais teve”.
Na
passada Quarta-feira, durante a Viagem Apostólica ao Sri Lanka e às
Filipinas, o Papa Francisco, na Missa que celebrou no Gale Face
Green, em Colombo no Sri Lanka, canonizou o Beato José Vaz, o
missionário do Sri Lanka.
Referindo-se
a S. José Vaz, o Papa Francisco afirmou:
“Em
São José, vemos um sinal eloquente da bondade e do amor de Deus
pelo povo do Sri Lanka.
Mas,
nele, vemos também um estímulo para perseverar no caminho do
Evangelho a fim de crescermos nós próprios em santidade e
testemunharmos a mensagem evangélica de reconciliação à qual
dedicou a sua vida.
Padre
do Oratório, José Vaz deixa Goa, sua terra natal, e chega a este
país movido apenas pelo zelo missionário e por um grande amor a
estes povos.
Por
causa da perseguição religiosa em acto, vestia-se como um mendigo,
cumpria os seus deveres sacerdotais encontrando secretamente os
fiéis, muitas vezes durante a noite.
Os
seus esforços deram energia espiritual e moral à população
católica assediada.
Sentia
uma ânsia particular de servir os doentes e atribulados.
O
seu ministério em favor dos enfermos, durante uma epidemia de
varíola em Kandy, foi tão apreciado pelo rei, que lhe foi concedida
maior liberdade de ministério.
A
partir de Kandy, pôde alcançar outras partes da ilha.
Deixou-se
consumir pelo trabalho missionário e morreu, exausto, aos cinquenta
e nove anos de idade, venerado pela sua santidade.”
O
Papa Francisco apresentou três razões da santidade do Padre José
Vaz:
A
primeira razão é a sua atitude de sacerdote exemplar:
“Ensina-nos a sair para as periferias, a
fim de tornar Jesus Cristo conhecido e amado por toda a parte ...”.
Em
segundo lugar, o Papa Francisco frisou a liberdade de S. José
Vaz no exercício da sua missão não fazendo “distinção
de raça, credo, tribo, condição social ou religião, no serviço
que proporciona através das suas escolas, hospitais, clínicas e
muitas outras obras de caridade.”
A
terceira razão da santidade do Padre José Vaz apresentada pelo
Papa Francisco foi o seu zelo missionário, dedicado e humilde,
“deixando para trás a sua casa, a sua
família, o conforto dos lugares que lhe eram familiares, respondeu à
chamada para ir mais longe, para falar de Cristo onde quer que se
encontrasse.”
Papa
Francisco - Canonização de São José Vaz, 14.01.2015:
As
canonizações tornaram-se exclusividade papal por decisão de
Gregório IX em 1234.
No
decorrer do século XVI começou a distinguir-se entre
“beatificação”, isto é, o reconhecimento da santidade de uma
pessoa com culto em âmbito local, e “canonização”, o
reconhecimento da santidade com a prática do culto universal, para
toda a Igreja Católica.
Fontes: Santa Sé, Agência Ecclesia, Rádio Vaticano, D. Eduardo Aldo Cerrato (Bispo de
Ivrea)
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