O
Papa enviou uma mensagem ao Presidente da Conferência Episcopal
Argentina, D. José Maria Arancedo, pela festa de São Caetano que se
celebra amanhã dia 7
O
Santuário de São Caetano, padroeiro na Argentina do ‘pão e do
trabalho’, localiza-se no bairro de Liniers, em Buenos Aires,
periferia da cidade.
Todos
os meses, no dia 7, realiza-se a Festa Mensal e em cada ano, em 7 de
Agosto, na Festa Grande de São Caetano, milhares de fiéis fazem
fila para passar diante do santo, beijar o vidro do pequeno nicho que
contém a imagem e fazer o sinal da cruz.
A
espera na fila pode durar até 10 horas.
Como
habitual, na Festa Grande, o templo abrirá as suas portas às 0H00
para a entrada dos peregrinos que vão chegando para venerar o santo
patrono do pão e do trabalho.
Serão
celebradas missas desde as quatro às vinte e quatro horas e haverá
sacerdotes a confessar dentro e fora do templo.
«São
Caetano, inunda Nossa Terra com a Misericórdia de Deus» é o
lema da peregrinação deste ano.
O
texto da mensagem enviada pelo Papa Francisco na passada
Segunda-feira dia 1 de Agosto:
CARTA
DO SANTO PADRE FRANCISCO
AO
PRESIDENTE DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL ARGENTINA
POR
OCASIÃO DA FESTA DE SÃO CAETANO
1
de Agosto de 2016
S.E.R.
Mons. José María Arancedo
Presidente
da Conferência Episcopal Argentina
Querido
irmão:
Daqui
a pouco se celebrará a festa de São Caetano.
Através
de ti, quero fazer chegar a minha saudação e minha bênção aos
homens e mulheres que se reunirão nos vários templos do país
dedicados ao santo para pedir pão e trabalho, ou agradecê-lo pelo
facto de não faltar.
Recordo
comovido os 7 de Agosto em Buenos Aires.
A
missa no Santuário de Liniers e depois a fila de pessoas até o
Estádio Velez. Saudar, ouvir e acompanhar a fé das pessoas
simples... e muitas vezes, diante da angústia de homens e mulheres
que querem e buscam trabalho e não conseguem..., eu conseguia
somente dar um aperto de mão, fazer uma carícia, olhar aqueles
olhos cheios de lágrimas de dor e chorar por dentro.
Chorar
sim, porque é difícil encontrar um pai de família que quer
trabalhar e não tem nenhuma possibilidade de fazê-lo.
A
São Caetano pedimos pão e trabalho.
O
pão é mais fácil de se obter, porque há sempre alguém ou uma
instituição que o faz chegar, pelo menos na Argentina, onde a nossa
gente é muito solidária.
Existem
lugares no mundo que nem essa possibilidade têm.
Porém,
o trabalho é mais difícil de encontrar, sobretudo quando vivemos
momentos em que os índices de desemprego são realmente elevados.
O
pão resolve uma parte do problema, porque aquele pão não é o
ganhas com o teu trabalho. Uma coisa é ter pão em casa para comer e
outra coisa é levá-lo para casa como fruto do trabalho. Isso é o
que confere dignidade.
Quando
pedimos trabalho, estamos a pedir para sentir dignidade; e nesta
celebração de São Caetano pedimos esta dignidade que o trabalho
nos dá: poder levar o pão para casa.
Trabalho,
esse T (que junto com os outros dois T: tecto e a terra) é a base
dos Direitos Humanos.
Quando
pedimos trabalho para levar o pão para casa, estamos a pedir
dignidade.
A
sabedoria de nosso povo usa um ditado para qualificar quem pode
trabalhar e não o faz: ‘Esse vive nas costas dos outros’.
As
pessoas desprezam quem vive assim, porque vêem nele uma certa falta
de dignidade.
Querido
Arancedo: que nesta festa de São Caetano todos os bispos saibam
acompanhar os nossos irmãos que pedem pão e trabalho.
Que
o façamos com amor, proximidade e oração, e peçamos também para
nós esta graça: Que nunca nos falte trabalho, esse trabalho a que o
Senhor nos envia e nos dá dignidade.
Por
favor, no te esqueças de rezar por mim.
Que
Jesus te abençoe e a Virgem Santa cuide de ti.
Fraternalmente,
Francisco
S.
CAETANO, presbítero - Nota Histórica
Nasceu
em Vicenza no ano 1480.
Estudou
direito em Pádua e, depois de ter sido ordenado sacerdote, fundou em
Roma a Congregação de Clérigos Regulares, chamados Teatinos, com o
fim de promover o apostolado, e propagou-a no território de Veneza e
no reino de Nápoles.
S.
Caetano distinguiu-se pela sua vida de oração e pela prática da
caridade, especialmente em favor dos enfermos incuráveis.
Morreu
em Nápoles no ano 1547.
«Com
Jesus e com são Caetano, vamos ao encontro dos mais necessitados!»,
foi o tema da peregrinação em 2013.
Nesse
ano, o Papa Francisco, na sua mensagem em vídeo aos fieis de São
Caetano, fala sobre a esmola:
Às
vezes, pergunto a alguém: «Tu dás esmola?».
Respondem-me:
«Sim, padre».
«E
quando dás esmola, fitas os olhos da pessoa à qual a dás?
«Ah,
não sei, não me dou conta».
«Então,
tu não a encontraste. Tu lançaste a esmola e foste embora. Quando
dás esmola, tocas a mão da pessoa ou lanças a moeda»?
«Não,
lanço a moeda».
«Então,
tu não a tocaste. E se não a tocaste, também não a encontraste».
Sobre
a Argentina pode ler:
Fontes:
Santa Sé; Rádio Vaticano; Secretariado Nacional de Liturgia; Diário
de Notícias; Globo Notícias
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