Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

sábado, 6 de agosto de 2016

QUEM PEDE TRABALHO, PEDE DIGNIDADE



O Papa enviou uma mensagem ao Presidente da Conferência Episcopal Argentina, D. José Maria Arancedo, pela festa de São Caetano que se celebra amanhã dia 7
   
   
O Santuário de São Caetano, padroeiro na Argentina do ‘pão e do trabalho’, localiza-se no bairro de Liniers, em Buenos Aires, periferia da cidade.

Todos os meses, no dia 7, realiza-se a Festa Mensal e em cada ano, em 7 de Agosto, na Festa Grande de São Caetano, milhares de fiéis fazem fila para passar diante do santo, beijar o vidro do pequeno nicho que contém a imagem e fazer o sinal da cruz.
A espera na fila pode durar até 10 horas.

Como habitual, na Festa Grande, o templo abrirá as suas portas às 0H00 para a entrada dos peregrinos que vão chegando para venerar o santo patrono do pão e do trabalho.
Serão celebradas missas desde as quatro às vinte e quatro horas e haverá sacerdotes a confessar dentro e fora do templo.

«São Caetano, inunda Nossa Terra com a Misericórdia de Deus» é o lema da peregrinação deste ano.


O texto da mensagem enviada pelo Papa Francisco na passada Segunda-feira dia 1 de Agosto:

CARTA DO SANTO PADRE FRANCISCO
AO PRESIDENTE DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL ARGENTINA
POR OCASIÃO DA FESTA DE SÃO CAETANO
1 de Agosto de 2016

S.E.R. Mons. José María Arancedo
Presidente da Conferência Episcopal Argentina

Querido irmão:

Daqui a pouco se celebrará a festa de São Caetano.
Através de ti, quero fazer chegar a minha saudação e minha bênção aos homens e mulheres que se reunirão nos vários templos do país dedicados ao santo para pedir pão e trabalho, ou agradecê-lo pelo facto de não faltar.

Recordo comovido os 7 de Agosto em Buenos Aires.
A missa no Santuário de Liniers e depois a fila de pessoas até o Estádio Velez. Saudar, ouvir e acompanhar a fé das pessoas simples... e muitas vezes, diante da angústia de homens e mulheres que querem e buscam trabalho e não conseguem..., eu conseguia somente dar um aperto de mão, fazer uma carícia, olhar aqueles olhos cheios de lágrimas de dor e chorar por dentro.
Chorar sim, porque é difícil encontrar um pai de família que quer trabalhar e não tem nenhuma possibilidade de fazê-lo.

A São Caetano pedimos pão e trabalho.
O pão é mais fácil de se obter, porque há sempre alguém ou uma instituição que o faz chegar, pelo menos na Argentina, onde a nossa gente é muito solidária.
Existem lugares no mundo que nem essa possibilidade têm.
Porém, o trabalho é mais difícil de encontrar, sobretudo quando vivemos momentos em que os índices de desemprego são realmente elevados.
O pão resolve uma parte do problema, porque aquele pão não é o ganhas com o teu trabalho. Uma coisa é ter pão em casa para comer e outra coisa é levá-lo para casa como fruto do trabalho. Isso é o que confere dignidade.

Quando pedimos trabalho, estamos a pedir para sentir dignidade; e nesta celebração de São Caetano pedimos esta dignidade que o trabalho nos dá: poder levar o pão para casa.
Trabalho, esse T (que junto com os outros dois T: tecto e a terra) é a base dos Direitos Humanos.
Quando pedimos trabalho para levar o pão para casa, estamos a pedir dignidade.

A sabedoria de nosso povo usa um ditado para qualificar quem pode trabalhar e não o faz: ‘Esse vive nas costas dos outros’.
As pessoas desprezam quem vive assim, porque vêem nele uma certa falta de dignidade.

Querido Arancedo: que nesta festa de São Caetano todos os bispos saibam acompanhar os nossos irmãos que pedem pão e trabalho.
Que o façamos com amor, proximidade e oração, e peçamos também para nós esta graça: Que nunca nos falte trabalho, esse trabalho a que o Senhor nos envia e nos dá dignidade.

Por favor, no te esqueças de rezar por mim.
Que Jesus te abençoe e a Virgem Santa cuide de ti.
Fraternalmente,
Francisco



S. CAETANO, presbítero - Nota Histórica

Nasceu em Vicenza no ano 1480.
Estudou direito em Pádua e, depois de ter sido ordenado sacerdote, fundou em Roma a Congregação de Clérigos Regulares, chamados Teatinos, com o fim de promover o apostolado, e propagou-a no território de Veneza e no reino de Nápoles.
S. Caetano distinguiu-se pela sua vida de oração e pela prática da caridade, especialmente em favor dos enfermos incuráveis.
Morreu em Nápoles no ano 1547.



«Com Jesus e com são Caetano, vamos ao encontro dos mais necessitados!», foi o tema da peregrinação em 2013.
Nesse ano, o Papa Francisco, na sua mensagem em vídeo aos fieis de São Caetano, fala sobre a esmola:

Às vezes, pergunto a alguém: «Tu dás esmola?».
Respondem-me: «Sim, padre».
«E quando dás esmola, fitas os olhos da pessoa à qual a dás?
«Ah, não sei, não me dou conta».
«Então, tu não a encontraste. Tu lançaste a esmola e foste embora. Quando dás esmola, tocas a mão da pessoa ou lanças a moeda»?
«Não, lanço a moeda».
«Então, tu não a tocaste. E se não a tocaste, também não a encontraste».




Sobre a Argentina pode ler:






Fontes: Santa Sé; Rádio Vaticano; Secretariado Nacional de Liturgia; Diário de Notícias; Globo Notícias


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