D.
António José de Sousa Barroso, nasceu a 5 de Novembro de 1854 em
Remelhe, Barcelos, e faleceu a 31 de Agosto de 1918 no Porto
Foi
Missionário no Ultramar de 1880 a 1889; Bispo de Himéria de 1891 a
1897; Bispo de Meliapor de 1897 a 1899 e Bispo do Porto de 1899 a
1918
Lutou
contra a perseguição feita à Igreja Católica na época da
implantação da República Portuguesa
O
processo de secularização de Afonso Costa, Ministro da Justiça e
responsável pelos assuntos eclesiásticos, que conduz à expulsão
das Ordens Religiosas, à extinção dos feriados religiosos e à
extinção do ensino religioso, levam a que o episcopado se reúna na
véspera de Natal de 1910, sendo elaborada uma Pastoral Colectiva
pelos bispos de Évora e por D. António Barroso.
Este
documento vem a ser do conhecimento do governo que proíbe a sua
divulgação.
Embora
discordando da proibição, D. António suspende a leitura da Carta
Pastoral entre os párocos da cidade do Porto, explicando numa troca
de telegramas com Afonso Costa que não consegue avisar a tempo todos
os párocos de fora da cidade, onde o documento é divulgado nas
missas.
Chamado
a Lisboa por Afonso Costa, no
dia 7 de Março de 1911 é julgado, condenado, preso e expulso da sua
diocese do Porto, sendo desterrado para Cernache, a casa onde tinha
feito a formação, por não acolher as medidas republicanas.
Entretanto,
já depois da publicação da Lei da Separação no dia 20 de Abril
de 1911, vai para a sua terra natal, Remelhe, no dia 10 de Junho de
1911.
No
regresso ao Porto, em 3 de
Abril de 1914, para continuar
o seu ministério episcopal, reafirmou que o
Porto é chão abençoado de liberdade, de trabalho e de fé.
Há
uma frase de D. António
Barroso – quando foi
julgado - que é celebre: «Há duas coisas das quais sei
que não irei morrer: parto e medo».
Em
1917 novo conflito o afasta da sua cátedra, mas por poucos meses,
regressando ao Porto após o golpe de Estado de Sidónio Pais.
D.
António Barroso sentindo que as forças se iam esgotando, decide
redigir o seu testamento a 19 de Fevereiro de 1917, testemunhando com
evidência a sua pobreza evangélica:
«Nasci
pobre, rico não vivi e pobre quero morrer, em obediência e
acatamento às sábias leis da Santa Igreja católica. Por isso, e
salva a liturgia, quero que o meu funeral seja o mais pobre
possível.»
A
31 de Agosto de 1918 morre no Porto.
Em
1927 o seu corpo foi transladado para uma capela monumento do
Cemitério Paroquial de Remelhe.
D.
António Barroso foi declarado "venerável" a 8 de Março
de 2016, no âmbito do respectivo processo de beatificação.
Ainda
sobre a vida e obra de D. António Barroso, transcrevemos parte da
Homilia de D. António Francisco dos Santos na celebração do Dia da
Voz Portucalense em 21 de Dezembro de 2014:
«Raras
figuras da história religiosa dos séculos XIX e XX reuniram, como
D. António José de Sousa Barroso, a admiração diante do seu
dinamismo apostólico e da coragem da sua fé no contexto dos tempos
frágeis do fim da Monarquia e dos desafios imensos colocados ao
nosso País nos tempos conturbados do início da República.
A
Voz Portucalense tem procurado esta proximidade com o senhor D.
António Barroso, acompanhando também este caminho que vamos fazendo
no sentido de manter vivo o interesse e intensificada a oração em
prol da sua beatificação e canonização, cujo processo foi
iniciado em 1992.
D.
António Barroso nasceu a 5 de Novembro de 1854, em Remelhe,
Barcelos.
Depois
de frequentar o Colégio das Missões Ultramarinas de Cernache de
Bonjardim foi ordenado presbítero a 7 de Junho de 1879 e em 1880 é
enviado como missionário para Angola.
Em
Angola inicia, em 28 de Dezembro desse ano, o múnus pastoral, como
Superior da Missão do Congo.
Aí
realiza um incansável trabalho missionário, até que, em 12 de
Fevereiro de 1891, é nomeado Bispo Prelado de Moçambique.
Seis
anos depois, a 2 de Agosto de 1897 é transferido para a sede
episcopal de Meliapor, como Bispo diocesano, continuando um intenso
trabalho de evangelização, agora no extremo Oriente.
Em
21 de Fevereiro de 1899, o mesmo dia em que, por coincidência, fui,
115 anos depois, nomeado Bispo do Porto, o senhor D. António Barroso
foi transferido de Bispo de Meliapor para a sede do Porto.
Aqui
recomeça a sua inesquecível acção pastoral, percorrendo a Diocese
em visitas pastorais, cujos relatos da época nos revelam uma bondade
profética e uma proximidade evangelizadora impressionante.
A
coragem manifestada frente às atitudes irresponsáveis do Governo da
República face à Igreja e a sua decisão ao determinar que fosse
lida em todas as paróquias da Diocese a Carta do Episcopado
português levaram-no ao exílio, para onde parte a 7 de Março de
1911.
Depois
de vários processos de intenção e de julgamentos que
inclusivamente o levaram à prisão, D. António Barroso, regressa do
exílio que viveu na sua aldeia natal, em Remelhe, Barcelos, a 3 de
Abril de 1914, para retomar o seu múnus de Bispo do Porto, no dia
seguinte, em celebração festiva nesta Sé.
Demos
graças a Deus por este nosso Bispo, que serviu a Igreja do Porto e a
Igreja Universal, em tantas e delicadas frentes de missão.
Rezemos
para que de Deus possamos merecer a sua beatificação e canonização.
Tudo
procurarei fazer nesse sentido!»
Sobre
o debate dos deputados para tratar do castigo imposto ao bispo do
Porto, D. António Barroso, disponibilizamos a parte do período
antes da ordem do dia do Diário da Câmara dos Deputados, Sessão n.º 114, de 8 de Agosto de 1917.
Em
24 de Março de 1914 uma comissão de senhoras do Porto assinou um
contracto de arrendamento do palacete e quinta de Sacais para a
instalação do Paço Episcopal e residência de D. António Barroso,
tomando o compromisso do pagamento da renda e outras despesas.
É
aí que D. António vem a falecer no dia 31 de Agosto de 1918.
Carta
da Rainha D. Amélia,
datada de 1 de Outubro de 1910, 4 dias antes da sua partida para o
exílio, a agradecer a D. António Barroso a cedência do busto relicário de S. Pantaleão para ser desenhado pela
Rainha:
“Meu
caro Bispo do Porto,
Aproveito
a occasião de lhe agradecer os objectos da sua Sé e que acabei de
desenhar para lhe dizer quanto me sensibilizou o artigo de fundo do
“Correio do Norte” do dia 28 de Septembro.
O
artigo é do Abundio da Silva que conheço, e cujo talento tenho
muita vez occasião de appreciar mas sei que, meu caro Bispo do
Porto, protege o jornal que tão sensatamente, com tanta justiça e
desassombro tem levantado a voz, e por isso queria que soubesse
fiquei muito penhorada com o “Correio do Norte”.
E
muito gostaria de particularmente o Abundio da Silva pudesse saber
dos meus agradecimentos
Tenho
os objectos encaixotados e peço ao Reverendíssimo Bispo me diga se
os quer mandar buscar ou se quer – o que é tão fácil – que eu
os mande.
Peço-lhe
me creia sempre a com o maior respeito.
Sua
muito affeiçoada
Amélia”.
Boletim de D. António Barroso, III Série, Ano IV, N.º 10,
Janeiro / Março de 2014, editado pela Associação "Grupo dos
Amigos de D. António Barroso".
Bem
perto de nós, no dia 11 de Setembro de 1904, D. António Barroso
benzeu a cruz levantada no alto da Santa Eufémia da Carriça em
homenagem a Nosso Senhor Jesus Cristo Redentor.
Este
ano, a habitual Romagem a D. António Barroso vai realizar-se no dia
4 de Setembro de 2016, conforme programa divulgado pelo Arciprestado
de Barcelos:
Fontes:
Diocese do Porto; Agência Ecclesia; Secretariado Nacional da
Pastoral da Cultura; Arciprestado de Barcelos; Boletim
de D. António Barroso; Junta de Freguesia do
Bonfim; Assembleia da República
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