Na
apresentação de cumprimentos de Ano Novo ao presidente da República
Portuguesa, D. Rino Passigato, Núncio Apostólico e Decano do Corpo
Diplomático, criticou a subjugação a uma globalização neutra e
sem rosto, ao ritmo dos mercados.
Este
encontro de cumprimentos de Ano Novo reveste-se de uma beleza
particular pela proximidade com as festas natalícias, há pouco
celebradas, e que são porventura aquelas que, entre todas, deixam
transparecer os mais ternos e fundos sentimentos do coração humano:
justiça, paz, alegria e amor entre todas as nações da terra e
“homens de boa vontade”.
Parece-nos
estarmos experimentar, nesta ocorrência festiva, a globalização da
fraternidade universal.
O
fenómeno da globalização acentua de uma forma decisiva o peso das
culturas no processo de unificação da humanidade numa única
família humana.
A
relevância dos media no mundo contemporâneo, por sua vez, põe em
destaque, no processo da globalização, o papel decisivo das
culturas.
Como
tudo na história, também este processo é dinâmico.
A
humanidade encontra-se hoje perante um dilema: ou é subjugada por
uma globalização neutra e sem rosto, ao ritmo dos mercados, da
assimetria dos processos económicos e dos ritmos de desenvolvimento,
com a acentuação progressiva das clivagens e das injustiças, ou
luta por uma globalização com sentido humano, cujo ritmo seja
marcado pelas culturas.
A
globalização só significará um progresso qualitativo da
humanidade se a dimensão cultural lhe marcar o ritmo e desvelar o
sentido.
O
fenómeno da globalização exige, da parte de todos, uma ética que atenda às
necessidades básicas das pessoas e dos povos, segundo um critério
universal de verdade e de justiça, que garanta a dignidade e o bem
comum de cada indivíduo e comunidade.
A
responsabilidade por nós assumida de sermos elos de ligação entre
as nossas várias Nações e culturas propõe-se conseguir que se
esbatam gradualmente, até à extinção, a ostentação da riqueza,
os desequilíbrios entre pobres e ricos, a chaga do desemprego, o
esbanjamento dos recursos naturais, os atentados à ecologia humana e
ambiental, em troca da vivência honesta e solidária dos valores
positivos da igualdade, da fraternidade, da liberdade e da justiça,
como fontes da paz, num mundo cada vez mais equilibradamente
globalizado.
Fonte:
Ecclesia
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