“Queridos
irmãos e irmãs, às 21h37min, o nosso amadíssimo Santo Padre João
Paulo II voltou à Casa do Pai. Rezemos por ele”
disse
o arcebispo Leonardo Sandri na
noite de 2 de Abril de 2005.
Foi
o agora Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, Cardeal
Leonardo Sandri, na época substituto da Secretaria de Estado, quem
anunciou, aos 2 de Abril de 2005, aos milhares de fiéis reunidos na
Praça São Pedro, a morte do Papa João Paulo II.
O
Cardeal Sandri durante muitos anos foi um dos colaboradores de João
Paulo II até os seus últimos instantes de vida.
Entrevistado
pela Rádio Vaticano, eis o que disse o purpurado:
“Tenho
uma recordação muito viva do Papa João Paulo II. Devemos lembrar a
sua grande personalidade do ponto de vista intelectual, doutrinal e
pastoral, obviamente. Tudo isso no contexto de uma visão do mundo
que ele conseguiu transformar, porque não o fez directamente, mas
para realizar essa mudança exortou os fiéis e as famílias a
aderirem ao ensinamento de Jesus Cristo, ao amor, ou seja, à
justiça, liberdade e solidariedade. Penso que estes aspectos de João
Paulo II, hoje a Igreja os encontrou na pessoa do Papa Francisco.
Refiro-me em particular à proximidade ao povo manifestada por João
Paulo II com gestos surpreendentes, mas sobretudo através do olhar.
Um olhar que cativou os corações dos fiéis e daqueles que durante
muito tempo ficaram às margens da fé.”
Sobre
a coragem do Papa Wojtyla o Cardeal Sandri disse:
“Há
dez anos da sua morte penso que a personalidade de João Paulo II
pode ser revivida e criada novamente em muitas lembranças
extraordinárias como, por exemplo, as viagens internacionais. Muitos
povos e nações recordam João Paulo II com muito afecto e gratidão.
A sua lembrança está viva e cresce a cada dia que passa. O Papa
João Paulo II viveu tudo o que pensava, tudo o que dizia, tudo o que
ensinou na sua vida. Recordo-me todo o período em que trabalhei na
Secretaria de Estado e o momento da sua eleição à cátedra de
Pedro. Naquele período, o Cardeal Agostino Casaroli disse que o
Conclave elegendo Wojtyla mostrou grande coragem; coragem que o novo
Papa mostrou na sua primeira homilia proferida na Praça São Pedro
convidando o mundo a abrir as portas a Cristo. Três anos depois esta
coragem foi manchada dramaticamente pelo sangue do atentado na Praça
São Pedro. A dor e o sofrimento do corpo ele sabia enfrentar com
nobreza, coragem e sobretudo com grande personalidade. Ele nos
mostrou que a dor era e é a salvação do mundo. Ele recorda a
salvação no próprio Cristo.”
“O
património de João Paulo II é um hino à vida, a vida do Papa.
Este é o testemunho que ele nos deixa. Ele nos mostrou a dignidade
da vida. Um cristão que crê em Cristo pode atingir alturas
sublimes, não obstante os limites que cada um de nós tem. É um
testemunho que São João Paulo II foi capaz de transmitir também
quando o seu corpo não lhe permitia mais a agilidade dos gestos.
Penso no seu último Angelus, no Domingo de Páscoa, quando não
conseguiu dizer o que gostaria de comunicar aos fiéis e ao mundo
inteiro. Naquele momento, vimos que Deus trabalha em nós, e ele,
João Paulo II, testemunhou esta verdade com a sua vida. Podemos
recordar muitas coisas dele, como por exemplo, que foi fundamental
para a queda do comunismo. Podemos também lembrar as muitas viagens
apostólicas e os grandes encontros, como as Jornadas Mundiais da
Juventude, os documentos importantes e as grandes iniciativas
eclesiais, mas no final o que emerge principalmente é a sua vida,
uma vida verdadeira, uma vida sempre coerente com a sua fé em Deus.”
Fonte:
Rádio Vaticano
Sem comentários:
Enviar um comentário