Octávio
Carmo
A
misericórdia tem estado no centro dos discursos e gestos do
Francisco desde o início do pontificado, cativando pela coerência
sempre manifestada, surpreendendo e ultrapassando as fronteiras das
comunidades católicas.
O
Papa argentino quer agora contagiar todos com esta convicção
interior, ao convocar um jubileu que recorda à Igreja e ao mundo que
ninguém está fora do coração de Deus nem dele pode ser excluído.
Várias
têm sido as intervenções contra o que o pontífice denomina por
‘alfândegas da fé’, todo o conjunto de palavras e atitudes que
tendem a julgar o próximo, a catalogá-lo, a afastá-lo em vez de ir
ao seu encontro.
Os
católicos são chamados a estar junto de todas as fronteiras, não a
levantar novas barreiras.
O
Ano Santo, uma iniciativa espiritual, chama à transformação do
coração de cada fiel e quer promover uma verdadeira transformação
a partir do interior.
Esta
sabedoria do coração é fundamental num mundo tão martirizado por
dramas de todas as espécies.
A
desilusão gerada pelo fim de um ciclo, na vida mundial, torna ainda
mais pertinente a mensagem de esperança que está contida na fé
cristã, uma esperança mais transformadora do que geradora de
pessoas acomodadas, à espera do fim dos tempos, indiferentes ao
correr dos dias.
Há
uma estranha tendência da humanidade de repetir a sua história no
que ela tem de pior: assistimos hoje a várias tragédias humanas,
mas o olhar crente não pode deixar de ficar impressionado com uma
nova ‘fuga para o Egipto’, protagonizada por cristãos no Médio
Oriente.
Na
Europa, são outros os sofrimentos, a falta de sentido, de projectos
de vida, de perspectivas de futuro e de valores que o preencha.
A
todas estas situações, a Igreja é chamada a levar a doutrina que
moldou a fé cristã a partir da mensagem e da vida de Jesus Cristo,
dando-lhe um rosto de misericórdia.
Octávio
Carmo
Fonte:
Editorial da Agência Ecclesia, 10 de Abril de 2015
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