A
Igreja Católica em Portugal promove hoje uma manifestação de
“indignação” face às tragédias que vitimaram este ano mais de
1500 pessoas na travessia do Mediterrâneo
A
iniciativa ‘Somos
todos pessoas’
é proposta por várias organizações católicas, com o apoio da
Conferência Episcopal Portuguesa, e apela a todos os portugueses
para que hoje, dia 26 de Abril, coloquem nas suas janelas um pano
branco ou usem uma peça de roupa branca e se unam, em oração ou
num minuto de silêncio, aos milhares de pessoas que se sentem
solidárias com todos os que buscam uma vida melhor para si e para as
suas famílias e partem diariamente das suas terras na procura
legítima de melhores condições de vida.
Este
ano, mais de 1500 pessoas morreram no Mar Mediterrâneo, um número
50 vezes superior ao de 2014.
Os
acontecimentos dos últimos dias, nomeadamente a morte de mais de 700
pessoas que se viram trancadas no porão do navio, e muitos outros já
vividos não só no nesta região mas também noutros lugares onde a
imigração é considerada irregular face às leis humanas vigentes,
obrigam-nos a não ficar calados, sob pena de sermos cúmplices de um
verdadeiro massacre que deveria envergonhar o mundo, particularmente
os que têm responsabilidades políticas.
As
organizações da Igreja Católica, com o apoio da Comissão
Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, lembram que todas
estas pessoas “são pessoas como nós que se vêm obrigadas a fugir
do seu país porque vivem situações que ferem gravemente a sua
dignidade e colocam em risco a sua sobrevivência e das suas
famílias”.
Acreditamos
que a União Europeia pode e deve fazer mais por cada uma destas
pessoas, nomeadamente, olhando de forma diferente para os seus países
de origem.
As
organizações da Igreja Católica pedem medidas que ultrapassem a
excessiva preocupação securitária e de controlo de fronteiras e
que se pensem alternativas de maior humanização.
Um
gesto tão simples como este que agora se propõem é uma
manifestação de indignação e, para além disso, deverá ser
entendido como uma adesão pessoal e institucional à realidade
vivida nas periferias e o inconformismo com uma cultura do
descartável.
Em
declarações à Agência Ecclesia, D. Manuel Clemente sublinhou a
importância de tocar "consciências" e de "manter
vivo" este problema, para que ele não fique apenas como em
outros casos pelo mero "pico mediático, que desaparece passado
alguns dias", declarando que:
"É
trágico que sejam precisas grandes catástrofes para as pessoas, as
instituições e os líderes irem por diante em acções que já
deviam estar tomadas há muito tempo.
O
Mediterrâneo não se pode tornar num cemitério"
Recordamos
as palavras do Papa Francisco no Regina caeli do passado dia 19 de
Abril ao ter presente mais uma tragédia ocorrida no Mediterrâneo:
«Dirijo
um urgente apelo a fim de que a comunidade internacional aja com
decisão e prontidão para evitar que tragédias semelhantes
continuem a repetir-se.
São
homens e mulheres como nós, nossos irmãos que procuram uma vida
melhor, famintos, perseguidos, feridos, explorados, vítimas de
guerras; procuravam uma vida melhor.
Buscavam
a felicidade...
Convido-vos
a rezar primeiro em silêncio e depois todos juntos por estes irmãos
e irmãs».
Esta
manifestação de “indignação” é subscrita pela Agência
Ecclesia, Cáritas Portuguesa, Conferência dos Institutos Religiosos
de Portugal (CIRP), Comissão Nacional Justiça e Paz, Comissão
Nacional Justiça, Paz e Ecologia dos Religiosos, Departamento
Nacional da Pastoral Juvenil, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre,
Obra Católica Portuguesa de Migrações, Rádio Renascença, Serviço
Jesuíta aos Refugiados e Sociedade de São Vicente de Paulo.
Fontes:
Cáritas Portuguesa; Agência Ecclesia
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