Três
recomendações do Papa Francisco a um grupo de bispos recentemente
nomeados
Três
pequenas pérolas como contribuição «para
tornar pastoral a misericórdia, ou seja acessível, tangível,
encontrável»: foi o dom que
o Papa ofereceu aos prelados nomeados recentemente, que participaram
nos cursos de formação organizados pelas Congregações para os
bispos e para as Igrejas Orientais.
Recebendo-os
em audiência no Vaticano na manhã de hoje, o Pontífice propôs uma
reflexão ampla e minuciosa que começa com um convite paterno a
redescobrir diariamente a beleza da vocação, em especial a primeira
chamada, aquela que Francisco define com uma imagem particularmente
evocativa «a emoção de ter sido amado antes»
por Deus que, explicou-lhes, «vos “pescou”
com a isca da sua misericórdia surpreendente. As suas redes foram-se
apertando misteriosamente e não conseguistes evitar de vos deixar
capturar».
De
resto, acrescentou o Papa, «não sois os
primeiros que fostes atravessados por esta emoção».
Foram-no
também Moisés, Natanael, a Samaritana, os Apóstolos e até os
fariseus.
Mas
neste último caso isto aconteceu «quando
foram desmascarados pelo Senhor, que conhecia os seus pensamentos
pretensiosos e blasfemos. Deus vos livre – avisou a propósito –
de tornar infecunda esta emoção, de a domar e esvaziar do seu poder
“desestabilizador”».
Portanto,
um convite a não parar «no meio do caminho”
e a deixar-se “desestabilizar” visto que – observou
actualizando o discurso – «muitos hoje se
mascaram e se escondem. Gostam de construir personagens e inventar
perfis. Tornam-se escravos dos recursos miseráveis que acumulam e
aos quais se agarram como se fossem suficientes para comprar o amor,
que não tem preço. Não suportam a emoção de saber que são
conhecidos por Alguém que não despreza o nosso pouco, não censura
a nossa debilidade e não se escandaliza com as nossas chagas».
A
tal propósito, o Papa indicou no jubileu uma ocasião propícia para
amadurecer o sentido de pertença à Igreja por parte dos bispos: «O
único tesouro que vos rogo que não deixeis enferrujar em vós
– disse – é a certeza de que não
estais abandonados só às vossas forças».
Mas
o Ano Santo, prosseguiu, deve constituir também um estímulo para
«tornar pastoral» a misericórdia de
Deus nas dioceses.
Com
efeito, auspiciou Francisco, é preciso que ela «forme
e informe as estruturas pastorais das nossas Igrejas. Não se trata
de diminuir as exigências, nem de vender barato as nossas pérolas.
Aliás, a única condição que a pérola preciosa põe a quantos a
encontram é aquela de não poder reclamar menos do que tudo».
E
para o fazer, Francisco recomendou aos novos bispos que cultivem a
capacidade «de encantar e atrair».
Mas
esclareceu imediatamente que «não se trata
todavia de atrair para si mesmos».
Aliás,
«isto é um perigo», visto que «o
mundo está cansado de encantadores mentirosos» e «de
sacerdotes “na moda” ou de bispos “na moda”».
Também
porque «as pessoas “sentem” – e
afastam-se quando reconhecem os narcisistas, os manipuladores, os
defensores das causas pessoais, arautos de cruzadas vãs».
Enfim,
o Papa fez mais duas recomendações aos pastores: a primeira
relativa à “iniciação” na fé do rebanho que lhes for
confiado — reiterando que ninguém está perdido e exortando em
tema de seminários a apostar mais na qualidade do que na quantidade
— e a segunda relativa ao “acompanhamento” do clero e
das famílias.
Para
concluir, recomendou que seja evitado «um
certo reumatismo da alma» que muitas vezes «impede
de se debruçar» sobre os sofrimentos das pessoas.
Fonte:
L'Osservatore Romano
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