Morreu
no dia 30 de Abril de 2020 com 96 anos de idade o Bispo Emérito de
Nampula
Os
mais velhos recordam-se de,
na primeira metade de década de 60 do século passado, terem
assistido
no
Centro Paroquial do Muro a
uma palestra
de
D.
Manuel Vieira Pinto
promovida no
âmbito pelos
Cursos de Cristandade, bem como da
ida ao Palácio
de Cristal para assistir a
uma das muitas palestras que D. Manuel realizava sobre a renovação
da vida cristã, justiça social e reconciliação entre povos e
nações, mensagens centrais do Movimento por um Mundo Melhor.
D.
Manuel da Silva Vieira Pinto nasceu no
dia
9 de Dezembro
de 1923, no
lugar de Sanguinhedo, freguesia de
Aboim, Amarante e
foi ordenado presbítero na Sé
Catedral
do
Porto
por D. Agostinho de Jesus e Sousa a 7 de Agosto
de 1949.
Foi
coadjutor da paróquia de Campanhã; assistente de vários organismos
da Acção
Católica; e
em 1955 nomeado Director Espiritual do Seminário Diocesano de Nossa
Senhora do Rosário de Vilar.
Chegou
a ser detido pela polícia política (PIDE) e foi forçado ao exílio
pelo Governo de Salazar em 1958, depois das eleições presidenciais
a que se candidatou o general Humberto Delgado.
Nessa
altura, o bispo do Porto enviou o padre Manuel Vieira Pinto para
Roma, onde passa alguns meses de 1960, com o objectivo de conhecer o
Movimento por um Mundo Melhor, movimento de que vem a ser o
responsável nacional.
Em
27 de Abril de 1967, foi nomeado pelo Papa Paulo VI para primeiro
bispo da nova diocese de Nampula e ordenado a 29 de Junho seguinte na
Igreja da Trindade, no Porto, pelo núncio apostólico em Portugal,
D. Maximiliano Furstemberg, iniciando o seu Ministério Episcopal em
Nampula a 24 de Setembro.
São
célebres as suas cartas pastorais e as suas intervenções na defesa
dos direitos das populações da sua diocese.
“Repensar
a Guerra”, de Janeiro de 1974, e “Imperativo de Consciência”,
de 12 de Fevereiro de 1974, constituíram documentos determinantes do
seu magistério, que lhe valeram a expulsão de Nampula a 10 de Abril
e de Moçambique para Lisboa a 14 de Abril do mesmo ano.
Nessa
altura também são expulsos 11 Missionários Combonianos que
trabalhavam na diocese.
Regressou
à diocese de Nampula em Janeiro de 1975, já no tempo do processo de
independência de Moçambique, e aí continuou a sua missão pastoral
marcada pela generosidade de uma vida inteira dada a Deus e pela
audácia profética de uma entrega inesgotável ao serviço do Povo
que Deus lhe confiou.
Trabalhou
activamente para ajudar a alcançar o fim da guerra entre a Frelimo e
a Renamo, cujas atrocidades denunciou publicamente.
Em
1992, foi homenageado pelo então Presidente da República
portuguesa, Mário Soares, com a Ordem da Liberdade.
Ficaria
no lugar até Janeiro de 1998, quando resignou, permanecendo na
arquidiocese moçambicana até à sua jubilação no ano 2000 e
regressando então a Portugal a 16 de Novembro.
Residiu
inicialmente
com a sua família, em Aboim, Amarante, vindo
a falecer
na Casa Sacerdotal do Porto no
dia 30 de Abril de 2020 aos 96 anos de idade.
O
funeral, presidido por D. Manuel Linda, realizou-se às 12 horas do
dia 1 de Maio na Igreja de Cedofeita.
“D.
Manuel Vieira Pinto esteve sempre do lado das pessoas, da sua
dignidade, dos seus valores mais genuínos e da sua luta pela
liberdade, pela democracia e pela paz em terra de gentes de bem que
têm direito a ser felizes”.
(D.
António Francisco dos Santos – 2017)
“Já
no meu tempo de estudante eu ouvia falar com frequência de D. Manuel
Vieira Pinto, que, como bispo de Nampula, foi o homem defensor dos
direitos dos indígenas de Moçambique e condenador, desde o primeiro
momento, do colonialismo e da Guerra Colonial.
O
que fez dele uma ‘persona non grata’ para o regime do Estado
Novo.
Mas
será recordado como um dos grandes do Estado moçambicano”.
(D.
Manuel Linda - 2020)
Entrevista
da Agência Ecclesia, ao padre José Luzia, sobre D. Manuel Vieira
Pinto (emissão 02-10-2017):
Fontes:
Diocese do Porto; Agência Ecclesia; Rádio Renascença; Combonianos;
Revista Além-Mar
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