Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

sábado, 2 de maio de 2020

D. MANUEL VIEIRA PINTO (1923-2020)





Morreu no dia 30 de Abril de 2020 com 96 anos de idade o Bispo Emérito de Nampula




Os mais velhos recordam-se de, na primeira metade de década de 60 do século passado, terem assistido no Centro Paroquial do Muro a uma palestra de D. Manuel Vieira Pinto promovida no âmbito pelos Cursos de Cristandade, bem como da ida ao Palácio de Cristal para assistir a uma das muitas palestras que D. Manuel realizava sobre a renovação da vida cristã, justiça social e reconciliação entre povos e nações, mensagens centrais do Movimento por um Mundo Melhor.








D. Manuel da Silva Vieira Pinto nasceu no dia 9 de Dezembro de 1923, no lugar de Sanguinhedo, freguesia de Aboim, Amarante e foi ordenado presbítero na Catedral do Porto por D. Agostinho de Jesus e Sousa a 7 de Agosto de 1949.
Foi coadjutor da paróquia de Campanhã; assistente de vários organismos da Acção Católica; e em 1955 nomeado Director Espiritual do Seminário Diocesano de Nossa Senhora do Rosário de Vilar.

Chegou a ser detido pela polícia política (PIDE) e foi forçado ao exílio pelo Governo de Salazar em 1958, depois das eleições presidenciais a que se candidatou o general Humberto Delgado.

Nessa altura, o bispo do Porto enviou o padre Manuel Vieira Pinto para Roma, onde passa alguns meses de 1960, com o objectivo de conhecer o Movimento por um Mundo Melhor, movimento de que vem a ser o responsável nacional.

Em 27 de Abril de 1967, foi nomeado pelo Papa Paulo VI para primeiro bispo da nova diocese de Nampula e ordenado a 29 de Junho seguinte na Igreja da Trindade, no Porto, pelo núncio apostólico em Portugal, D. Maximiliano Furstemberg, iniciando o seu Ministério Episcopal em Nampula a 24 de Setembro.

São célebres as suas cartas pastorais e as suas intervenções na defesa dos direitos das populações da sua diocese.
Repensar a Guerra”, de Janeiro de 1974, e “Imperativo de Consciência”, de 12 de Fevereiro de 1974, constituíram documentos determinantes do seu magistério, que lhe valeram a expulsão de Nampula a 10 de Abril e de Moçambique para Lisboa a 14 de Abril do mesmo ano.
Nessa altura também são expulsos 11 Missionários Combonianos que trabalhavam na diocese.

Regressou à diocese de Nampula em Janeiro de 1975, já no tempo do processo de independência de Moçambique, e aí continuou a sua missão pastoral marcada pela generosidade de uma vida inteira dada a Deus e pela audácia profética de uma entrega inesgotável ao serviço do Povo que Deus lhe confiou.

Trabalhou activamente para ajudar a alcançar o fim da guerra entre a Frelimo e a Renamo, cujas atrocidades denunciou publicamente.

Em 1992, foi homenageado pelo então Presidente da República portuguesa, Mário Soares, com a Ordem da Liberdade.

Ficaria no lugar até Janeiro de 1998, quando resignou, permanecendo na arquidiocese moçambicana até à sua jubilação no ano 2000 e regressando então a Portugal a 16 de Novembro.

Residiu inicialmente com a sua família, em Aboim, Amarante, vindo a falecer na Casa Sacerdotal do Porto no dia 30 de Abril de 2020 aos 96 anos de idade.

O funeral, presidido por D. Manuel Linda, realizou-se às 12 horas do dia 1 de Maio na Igreja de Cedofeita.


D. Manuel Vieira Pinto esteve sempre do lado das pessoas, da sua dignidade, dos seus valores mais genuínos e da sua luta pela liberdade, pela democracia e pela paz em terra de gentes de bem que têm direito a ser felizes”.
(D. António Francisco dos Santos – 2017)

Já no meu tempo de estudante eu ouvia falar com frequência de D. Manuel Vieira Pinto, que, como bispo de Nampula, foi o homem defensor dos direitos dos indígenas de Moçambique e condenador, desde o primeiro momento, do colonialismo e da Guerra Colonial.
O que fez dele uma ‘persona non grata’ para o regime do Estado Novo.
Mas será recordado como um dos grandes do Estado moçambicano”.
(D. Manuel Linda - 2020)



Entrevista da Agência Ecclesia, ao padre José Luzia, sobre D. Manuel Vieira Pinto (emissão 02-10-2017):





Fontes: Diocese do Porto; Agência Ecclesia; Rádio Renascença; Combonianos; Revista Além-Mar


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