O
episcopado é um serviço, não uma honorificência para se
vangloriar […]
como Bom Pastor, veio não para ser servido, mas para servir,
afirmou o Papa Francisco na Audiência Geral de ontem em que o tema
da sua Catequese foi a
Igreja hierárquica
Transcrevemos
as palavras do Santo Padre:
Prezados
irmãos e irmãs, bom dia!
Ouvimos
o que o apóstolo Paulo diz ao bispo Tito.
Mas
quantas virtudes nós bispos devemos ter? Todos nós ouvimos, não?
Não é fácil, porque nós somos pecadores.
Mas
confiamos na vossa oração, para que pelo menos nos aproximemos
daquilo que o apóstolo Paulo aconselha a todos os Bispos.
Concordais?
Rezareis por nós?
Já
pudemos salientar, nas catequeses precedentes, que o Espírito Santo
cumula sempre, abundantemente, a Igreja com os seus dons.
Pois
bem, no poder e na graça do seu Espírito, Cristo não deixa de
suscitar ministérios, com a finalidade de edificar as comunidades
cristãs como seu corpo.
Entre
tais ministérios distingue-se o episcopal.
No
Bispo, coadjuvado pelos presbíteros e pelos diáconos, é o próprio
Cristo que se faz presente e continua a cuidar da sua Igreja,
assegurando a sua salvaguarda e orientação.
Na
presença e no ministério dos Bispos, dos presbíteros e dos
diáconos podemos reconhecer o rosto autêntico da Igreja: é a Santa
Mãe Igreja Hierárquica.
E
verdadeiramente, através destes irmãos escolhidos pelo Senhor e
consagrados com o sacramento da Ordem, a Igreja exerce a sua
maternidade: gera-nos no Baptismo como cristãos, levando-nos a
renascer em Cristo; vela sobre o nosso crescimento na fé;
acompanha-nos rumo aos braços do Pai para receber o seu perdão;
prepara-nos a mesa eucarística, onde nos nutre com a Palavra de
Deus, com o Corpo e o Sangue de Jesus; invoca sobre nós a Bênção
de Deus e a força do seu Espírito, sustentando-nos durante todo o
percurso da nossa vida e afagando-nos com a sua ternura e carinho,
sobretudo nos momentos mais delicados da provação, do sofrimento e
da morte.
Esta
maternidade da Igreja exprime-se em especial na pessoa do Bispo e no
seu ministério.
Com
efeito, assim como Jesus escolheu os Apóstolos e os enviou para
anunciar o Evangelho e apascentar a grei, também os Bispos, seus
sucessores, são postos à frente das comunidades cristãs como
garantes da sua fé e sinal vivo da presença do Senhor no meio
delas.
Portanto,
entendemos que não se trata de uma posição de prestígio, de um
cargo honorífico.
O
episcopado não é uma honorificência, mas um serviço.
Jesus
quis assim! Na Igreja não deve haver lugar para a mentalidade
mundana.
A
mentalidade mundana diz: «Este homem fez a carreira eclesiástica,
tornou-se bispo!».
Não,
não, na Igreja não deve haver lugar para esta mentalidade.
O
episcopado é um serviço, não uma honorificência para se
vangloriar.
Ser
Bispo quer dizer ter sempre diante dos olhos o exemplo de Jesus que,
como Bom Pastor, veio não para ser servido, mas para servir (cf. Mt
20, 28; Mc 10, 45) e dar a vida pelas suas ovelhas (cf. Jo
10, 11).
Os
santos Bispos — na história da Igreja há muitos santos Bispos! —
mostram-nos que este ministério não se procura, não se pede nem se
compra, mas acolhe-se em obediência, não para se elevar, mas para
se abaixar, como Jesus que «se humilhou a si mesmo, fazendo-se
obediente até à morte, e morte de cruz» (Fl 2, 8).
É
triste quando se vê um homem que procura este ofício e faz muitas
coisas para o alcançar, e quando o alcança não serve, mas
pavoneia-se, vive só para a sua vaidade.
Existe
outro elemento precioso, que merece ser frisado.
Quando
Jesus escolheu e chamou os Apóstolos, não os pensou separados uns
dos outros, cada qual por conta própria, mas juntos, para estar com
Ele, unidos como uma só família.
Também
os Bispos constituem um único Colégio, reunido ao redor do Papa,
que é guardião e garante desta profunda comunhão, a qual era muito
importante para Jesus e para os seus Apóstolos.
Então,
como é bom quando os Bispos com o Papa exprimem esta colegialidade e
procuram ser cada vez mais e melhores servidores dos fiéis na
Igreja!
Pudemos
experimentá-lo recentemente, na Assembleia sinodal sobre a família.
Mas
pensemos em todos os bispos espalhados pelo mundo que, embora vivam
em localidades, culturas, sensibilidades e tradições diferentes e
distantes entre si, em toda a parte — um dia um bispo disse-me que
para chegar a Roma de onde ele vive são necessárias mais de trinta
horas de avião — sentem-se parte uns dos outros e tornam-se
expressão do vínculo íntimo em Cristo, entre as comunidades.
E
na comum oração eclesial todos os bispos juntos se põem à escuta
do Senhor e do Espírito, e assim podem prestar profunda atenção ao
homem e aos sinais dos tempos (cf. Const. Gaudium et spes, 4).
Caros
amigos, tudo isto nos faz entender por que as comunidades cristãs
reconhecem no Bispo um grande dom e são chamadas a nutrir uma
comunhão sincera e profunda com ele, a partir dos presbíteros e dos
diáconos.
Não
existe uma Igreja sadia se os fiéis, os diáconos e os presbíteros
não estiverem unidos ao bispo.
Uma
Igreja não unida ao Bispo está doente.
Jesus
quis esta união de todos os fiéis com o Bispo, e também dos
diáconos e dos presbíteros.
E
fazem-no conscientes de que é precisamente o Bispo que se torna
visível no vínculo de cada Igreja com os Apóstolos e com todas as
outras comunidades, unidas com os seus Bispos e o Papa na única
Igreja do Senhor Jesus, que é a nossa Santa Mãe Igreja Hierárquica.
Obrigado!
PAPA
FRANCISCO
AUDIÊNCIA
GERAL
Praça
de São Pedro
Quarta-feira,
5 de Novembro de 2014
Fonte:
Santa Sé
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