A
viagem Apostólica do Papa a África prossegue no Uganda pérola da
África e terra dos mártires de Namugongo
A
presente Viagem Apostólica, iniciada na passada Quarta-feira no
Quénia, continua, desde a manhã de hoje e durante o dia de amanhã,
no Uganda.
No
próximo Domingo e Segunda-feira o Santo Padre vai estar na República
Centro-Africana.
O
território do Uganda, mais de 241 mil quilómetros quadrados,
estende-se por um vasto planalto banhado por diversos lagos, entre as
quais o Lago Vitória e o lago Kyoga.
Cerca
de um milhão e meio dos 241 milhões de ugandeses, vive na capital
do país, Kampala.
A
agricultura é o pilar da sua economia.
O
seu clima ameno e a fertilidade dos seus solos favorecem o cultivo,
entre outros produtos, do café e do chá de que é um dos maiores
exportadores mundiais.
A
partir do século XV formaram-se reinos, o mais conhecido dos quais é
o reino dos Buganda.
No
século XIX tanto árabes como europeus já frequentavam a região da
África oriental, interessados no comercio de marfim e escravos, até
que em 1860, dois exploradores britânicos descobrem as nascentes do
Rio Nilo e inicia a colonização europeia da África oriental.
A
partir de 1894, o Uganda é transformado em protectorado britânico e
como tal permanece até à independência em 1962.
Alguns
anos antes do início do protectorado, já tinham chegado ao país os
primeiros missionários protestantes (1977) seguidos, dois anos
depois, de missionários católicos que, em pouco tempo, converteram
diversas faixas da população.
Com
a independência, a Constituição prevê um sistema semi-federal e
concede espaços importantes à elite política tradicional.
Mas,
o delicado equilíbrio entre o rei dos Buganda, primeiro Presidente
do país independente, e o seu primeiro ministro Milton Obote dura
pouco e em 1966 Obote toma de assalto o exercito e o palácio
presidencial.
Em
1971, Idi Amin Dada, Chefe de Estado Maior do Exercito, destitui
Obote e, temendo o predomínio dos membros das etnias acholi e langi
no Exército, inicia persecuções e matanças.
Expulsa
do país os numerosos asiáticos que ali viviam e nacionaliza as
plantações e outras actividades comerciais dos britânicos.
Entretanto,
cresce a tensão entre o Uganda e a Tanzânia, país que tinha dado
asilo político a Obote e recebido outros refugiados ugandeses.
O
conflito desemboca em guerra em finais dos anos 70.
Apoiados
pelos rebeldes da “Uganda National Liberation Army” (UNLA), os
tanzanianos ocupam Kampala e depõem Idi Amin Dada em 1980.
Milton
Obote volta ao poder e tem início um período de represália contra
os apoiantes de Idi Amin Dada.
No
início dos anos 80, o actual Presidente Yoweri Museveni cria o
“National Resistance Army” (NRA) e inicia a guerrilha, à qual
Obote responde com massacres em massa.
A
Cruz Vermelha denuncia a morte de umas 300 mil pessoas durante a
chamada “Operação Bonanza” em 1983.
Obote
é novamente destituído, desta vez pelo general acholi, Tito Okello
Lurwa.
Estava-se
em 1985 e um ano depois o NRA de Yowere Museveni ocupa Kampala,
enquanto que as forças da UNLA pró Obote se reorganizam no Sudão e
no norte do país assumindo o nome de “Exercito Democrático do
Povo do Uganda”.
Em
1988 as partes em conflito chegam a um acordo de paz que prevê
amnistia para todos os combatentes.
Entretanto
surge uma outra figura no complicado cenário ugandês : Joseph Kony
que se declarou, em finais de 1987, dotado de poderes sobrenaturais e
fundou o próprio movimento, o chamado “Lord’s Salvation Army”,
(Exercito de Salvação do Senhor) que, em 1994 mudou de nome para
“Exercito de Resistência do Senhor” (LRA).
O
objectivo dele era tomar poder e governar segundo os dez mandamentos
da Lei de Deus e alguns preceitos do Islão.
O
LRA foi acusado de atrocidades terríveis contra a população civil
e de ter recrutado para as suas fileiras crianças-soldado.
Nos
anos 90 dão-se muitos recontros armados entre o Uganda e países
vizinhos, entres os quais o Sudão, apoiante do LRA.
Aliás,
pensa-se, que Joseph Kony, que a um dado momento desapareceu do mapa,
esteja algures no Sudão.
O
seu movimento desintegrou-se e alguns dos seus generais entregaram-se
ao Tribunal Penal Internacional.
Em
1995, uma nova Constituição introduz o multipartidarismo no Uganda.
Contudo,
só se tornará efectivo 10 anos depois.
O
actual Presidente Yoweri Museveni é, então, eleito formalmente em
1996 e reconfirmado outras três vezes, 2001, 2006 e 2011.
O
Uganda é também conhecido como o país dos mártires.
E
uma das razões que levaram o Papa Francisco a este país da África
Oriental é a comemoração dos 50 anos da beatificação dos
mártires de Namugongo: este é de facto o nome do lugar onde, entre
1885 e 1886, foram martirizados 22 jovens católicos (o mais célebre
dos quais é Carlos Lwanga) e numerosos anglicanos, assim como
também muçulmanos.
A
vicissitude desses jovens teve lugar durante o reinado de Mwanga, um
jovem rei que, embora tendo sido educado no cristianismo, acabou por
ver em católicos e anglicanos o maior perigo para o seu reino.
Assim,
em 1885, dá inicio a uma tremenda persecução de cristãos, que
levará à morte na fogueira de Carlos Lwanga e os seus 21
companheiros, o mais novo dos quais é Kizito que tinha apenas 14
anos.
Todos
foram beatificados pelo Papa Bento XV em 1920 e canonizados por Paulo
VI em 1964.
Foi
também o Papa Montini que, na sua viagem ao Uganda, em 1969, dedicou
o Santuário de Namugongo, construído no lugar onde se deu o
martírio de São Carlos Lwanga, a esses mártires.
Eles
foram os primeiros fiéis católicos africanos da África
sub-sahariana a ser proclamados santos.
O
Martyrologium Romanum comemora cada um deles no dia da sua morte,
enquanto que a 3 de Junho é a memória conjunta de São Carlos
Lwanga e dos companheiros.
Nota:
A imagem inicial representa São Kizito, o mais jovem dos 22 Mártires
católicos do Uganda.
Fonte:
Rádio Vaticano
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