No dia de hoje os primeiros
compromissos oficiais na Bélgica
O lema da viagem à Bélgica, "No caminho, com esperança", ressoa como um apelo a caminharmos juntos na estrada que é a história do país, mas é também o Evangelho, o caminho de Jesus Cristo, nossa Esperança.
A manhã de hoje foi destinada à visita de cortesia ao Rei dos Belgas no Castelo Real de Laeken, seguida do encontro com o Primeiro-ministro e do encontro com as autoridades e a sociedade civil e o Corpo diplomático.
O Papa Francisco manifestou satisfação por visitar a Bélgica, e disse que quando "se pensa neste País, evoca-se ao mesmo tempo algo pequeno e grande, um país ocidental e simultaneamente central, como se fosse o coração pulsante de um organismo imenso".
Segundo o Papa, a Europa precisa da Bélgica "para se lembrar da sua história, feita de povos e culturas, de catedrais e universidades, de conquistas do engenho humano, mas também de muitas guerras e de uma vontade de domínio que, por vezes, se converteu em colonialismo e exploração. A Europa precisa da Bélgica para prosseguir na via da paz e da fraternidade entre os povos que a compõem".
“Na verdade, a concórdia e a paz não são uma conquista alcançada de uma vez por todas, mas antes uma tarefa e uma missão incessante a cultivar, a cuidar com tenacidade e paciência.”
“Porque quando os seres humanos deixam de recordar o passado e ser educados por ele, esquecendo o sofrimento e os custos assustadores pagos pelas gerações anteriores, ficam com a desconcertante capacidade de voltar a cair mesmo depois de se terem finalmente reerguido.”
O Papa abordou também os abusos na Igreja. "A Igreja vive nesta perene coexistência de luz e sombra, muitas vezes com frutos de grande generosidade e esplêndida dedicação, e outras vezes, infelizmente, com o aparecimento de dolorosos contra-testemunhos. Estou a pensar nos dramáticos acontecimentos do abuso de menores, um flagelo que a Igreja está enfrentando com decisão e firmeza, escutando e acompanhando as pessoas feridas e implementando em todo o mundo um programa capilar de prevenção".
“Irmãos e irmãs, esta é uma vergonha! Uma vergonha que hoje todos nós devemos enfrentar, pedir perdão e resolver o problema: a vergonha do abuso, do abuso de menores. Pensamos na época dos santos inocentes e dizemos: 'Oh! Que tragédia, o que fez o rei Herodes', mas hoje na Igreja existe este crime e a Igreja deve se envergonhar e pedir perdão, e tentar resolver essa situação com humildade cristã, fazendo todos os esforços para que isso não aconteça mais.”
Abordou ainda o problema das “adopções forçadas” que ocorreram na Bélgica nos anos 50 e 70 do século passado.
“Muitas vezes, a família e os outros agentes sociais, incluindo a Igreja, consideravam que, para eliminar o estigma negativo que, infelizmente, recaía sobre a mãe solteira naquela época, era preferível, para o bem de ambos, mãe e filho, que este último fosse adoptado. Houve até casos em que não foi dada a possibilidade a algumas mulheres de escolher entre ficar com a criança ou dá-la para adopção.”
Após o encontro no Castelo de Laeken, o Papa Francisco fez uma visita inesperada à Home Saint-Joseph em Bruxelas, uma instituição administrada pelas Pequenas Irmãs dos Pobres, que acolhe homens e mulheres idosos, gravemente doentes e com poucas condições financeiras, onde se encontrou com idosos doentes e pobres, abençoou os presentes e pediu orações. Sentado no centro da sala, o Santo Padre abençoou os presentes e pediu: "Rezem por mim!". Algumas mulheres responderam prontamente, garantindo que rezam por ele todos os dias. O encontro se encerrou com a oração do Pai Nosso e um último pedido do Papa: "Rezem por mim. A favor, não contra!"
A parte da tarde foi destinada ao encontro com os professores universitários da Universidade Católica de Lovaina, focado sobretudo na celebração dos 600 anos da mais antiga universidade católica do mundo.
O Santo Padre ressaltou que a primeira tarefa da Universidade é “oferecer uma educação integral para que as pessoas tenham as ferramentas necessárias para interpretar o presente e planear o futuro”. Na verdade, observou, a formação cultural nunca é um fim em si mesma e as Universidades não devem correr o risco de se tornarem “catedrais no deserto”; elas são, pela sua própria natureza, lugares que impulsionam ideias e novos estímulos para a vida e o pensamento humanos e para os desafios da sociedade, ou seja, espaços generativos.
“É bom pensar que a Universidade gera cultura, gera ideias, mas sobretudo que promove a paixão pela busca da verdade, ao serviço do progresso humano”.
O Papa Francisco concluiu exortando-os a serem protagonistas na criação de uma cultura de inclusão, de compaixão, de atenção para com os mais fracos e para com os grandes desafios do mundo em que vivemos.
Fontes: Santa Sé; Notícias do Vaticano
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