Na catequese desta Quarta-feira
o Papa Francisco alertou que hoje
o diabo esconde-se de muitos modos
Com referência ao episódio narrado no evangelho de São Lucas, quando Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto e lá foi tentado pelo demónio durante quarenta dias, o Papa Francisco reflectiu sobre o Espírito Santo como nosso aliado na luta contra o espírito do mal.
O Papa destacou que hoje, em certos níveis culturais, acredita-se que o diabo não existe, sendo considerado apenas “um símbolo do inconsciente colectivo, ou da alienação, em síntese, uma metáfora”. Mas, acrescentou o Pontífice, como escreveu Charles Baudelaire: “a maior astúcia do demónio é levar a crer que ele não existe”:
"O nosso mundo tecnológico e secularizado está repleto de magos, ocultismo, espiritismo, astrólogos, vendedores de feitiços e amuletos e, infelizmente, de verdadeiras seitas satânicas. Expulso pela porta, o diabo voltou a entrar, dir-se-ia, pela janela. Expulso pela fé, volta a entrar com a superstição. E se fores supersticioso, inconscientemente dialogas com o diabo. Com o diabo não se dialoga!"
Infelizmente, o mundo actual oferece diversas maneiras que dão oportunidades ao diabo, alertou o Pontífice:
"A tecnologia moderna, por exemplo, além de muitos recursos positivos que devem ser apreciados, oferece também inúmeros meios para “dar ocasião ao diabo”, e muitos caem nela. Pensemos na pornografia na internet, por detrás da qual existe um mercado deveras florescente, todos o sabemos. É o diabo que trabalha ali. Trata-se de um fenómeno muito difundido, que, no entanto, os cristãos devem ter em conta e rejeitar vigorosamente."
No final da audiência, o Papa Francisco fez um novo apelo à Paz. ”É inaceitável!” - assim definiu o Papa Francisco os ataques israelitas contra o Hezbollah, que já causaram mais de 550 vítimas entre civis e crianças nos últimos dias.
O olhar do Papa Francisco também se volta para outros territórios e povos afectados pela brutalidade dos conflitos. Por eles, o Papa reza e pede orações.
“Rezemos por todos os povos que sofrem devido à guerra: não esqueçamos a martirizada Ucrânia, Mianmar, Palestina, Israel, Sudão, todos os povos atormentados. Rezemos pela paz!”
PAPA FRANCISCO - AUDIÊNCIA GERAL
Praça São Pedro, Quarta-feira, 25 de Setembro de 2024
Ciclo de Catequese. O Espírito e a Esposa. O Espírito Santo conduz o povo de Deus ao encontro de Jesus, nossa esperança.
7. Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto. O Espírito Santo é o nosso aliado na luta contra o espírito do mal
Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Imediatamente após o seu baptismo no Jordão, Jesus «foi conduzido pelo Espírito para o deserto, a fim de ser tentado pelo diabo» (Mt 4, 1) - assim reza o Evangelho de Mateus. A iniciativa não é de satanás, mas de Deus. Indo para o deserto, Jesus obedece a uma inspiração do Espírito Santo, não cai numa armadilha do inimigo, não! Uma vez superada a provação, Ele - está escrito – voltou para a Galileia «com o poder do Espírito Santo» (Lc 4, 14).
No deserto, Jesus livrou-se de satanás e agora pode libertar de satanás. É isto que os Evangelistas realçam com as numerosas histórias de libertação de endemoninhados. Jesus diz aos seus opositores: «Se é em virtude do Espírito de Deus que expulso demónios, então o Reino de Deus chegou entre vós» (Mt 12, 27).
Hoje assistimos a um estranho fenómeno relativo ao diabo. A um certo nível cultural, considera-se que ele simplesmente não existe. Seria um símbolo do inconsciente colectivo, ou da alienação, em síntese, uma metáfora. Mas «a maior astúcia do demónio é levar a crer que ele não existe», como alguém escreveu (Charles Baudelaire). É astuto: faz-nos crer que não existe e assim domina tudo. É ardiloso! E, no entanto, o nosso mundo tecnológico e secularizado está repleto de magos, ocultismo, espiritismo, astrólogos, vendedores de feitiços e amuletos e, infelizmente, de verdadeiras seitas satânicas. Expulso pela porta, o diabo voltou a entrar, dir-se-ia, pela janela. Expulso pela fé, volta a entrar com a superstição. E se fores supersticioso, inconscientemente dialogas com o diabo. Com o diabo não se dialoga!
A provação mais forte da existência de satanás não está nos pecadores, nem nos endemoninhados, mas nos santos! “E porquê, Padre?”. Sim, é verdade que o diabo está presente e age mediante certas formas extremas e “desumanas” de maldade e perversidade que vemos à nossa volta. Mas por este caminho, nos casos individuais, é praticamente impossível chegar à certeza de que se trata precisamente dele, dado que não podemos saber exactamente onde termina a sua acção e onde começa a nossa própria maldade. Por isso, a Igreja é muito prudente e rigorosa no exercício do exorcismo, ao contrário do que se verifica, infelizmente, em certos filmes!
É na vida dos santos, precisamente ali, que o diabo é obrigado a manifestar-se, a pôr-se “contra a luz”. Uns mais, outros menos, todos os santos, todos os grandes crentes, dão testemunho da sua luta contra esta realidade obscura, e não se pode honestamente supor que todos eram iludidos ou simples vítimas dos preconceitos do seu tempo.
A batalha contra o espírito maligno vence-se como Jesus a venceu no deserto: com a força da palavra de Deus. Vede que Jesus não conversa com o diabo, nunca dialoga com o demónio. Ou o expulsa, ou o condena, mas nunca dialoga. E, no deserto, não responde com a sua palavra, mas com a palavra de Deus. Irmãos e irmãs, nunca dialogueis com o diabo! Quando ele vem com tentações: “mas isto seria bom, aquilo seria bom”, detém-te! Eleva o teu coração ao Senhor, reza a Nossa Senhora e expulsa-o, como Jesus nos ensinou a expulsá-lo. São Pedro sugere também outro meio, de que Jesus não necessitava, mas nós sim, a vigilância: «Sede sóbrios, vigiai. O vosso inimigo, o diabo, anda às voltas como leão que ruge, procurando a quem devorar» (1 Pd 5, 8). E São Paulo diz-nos: «Não deis ocasião ao diabo» (Ef 4, 27).
Depois que Cristo, na cruz, derrotou para sempre o poder do «príncipe deste mundo» ( Jo 12, 31), o diabo - dizia um Padre da Igreja - «está preso, como um cão acorrentado; não pode morder ninguém, a não ser aqueles que, desafiando o perigo, se aproximam dele... Pode ladrar, pode insistir, mas não pode morder, excepto quem o quiser». Se fores tolo e disseres ao diabo: “Ah, como estás?”, ele arruinar-te-á. O diabo? À distância! Com o diabo não se dialoga. Devemos afugentá-lo. Distância. E todos nós, todos, temos a experiência de como o diabo se aproxima com alguma tentação, sobre os dez mandamentos. Quando sentirmos isto, paremos, distância! Não nos aproximemos do cão acorrentado!
A tecnologia moderna, por exemplo, além de muitos recursos positivos que devem ser apreciados, oferece também inúmeros meios para “dar ocasião ao diabo”, e muitos caem nela. Pensemos na pornografia na internet, por detrás da qual existe um mercado deveras florescente, todos o sabemos. É o diabo que trabalha ali. Trata-se de um fenómeno muito difundido, que, no entanto, os cristãos devem ter em conta e rejeitar vigorosamente. Pois qualquer telemóvel tem acesso a esta brutalidade, a esta linguagem do diabo: a pornografia na internet.
A consciência da acção do diabo na história não deve desencorajar-nos. O pensamento final deve ser, até neste caso, de confiança e segurança: “Estou com o Senhor, vai-te embora!”. Cristo venceu o demónio e concedeu-nos o Espírito Santo para fazer nossa a sua vitória. A própria acção do inimigo pode tornar-se vantajosa para nós se, com a ajuda de Deus, a pusermos ao serviço da nossa purificação. Peçamos, pois, ao Espírito Santo, com as palavras do hino Veni Creator:
“Afasta de nós o inimigo
e concede-nos depressa a paz.
Contigo que nos guias
evitaremos todo o mal!”.
Prestai atenção, pois o diabo é astuto. Mas nós, cristãos, com a graça de Deus, somos mais espertos do que ele. Obrigado!
APELO
Amarguram-me as notícias que chegam do Líbano, onde nos últimos dias intensos bombardeamentos provocaram muitas vítimas e destruições. Faço votos a fim de que a comunidade internacional envide todos os esforços para pôr termo a esta terrível escalada. É inaceitável! Manifesto a minha proximidade ao povo libanês, que já sofreu demasiado no passado recente. E rezemos por todos os povos que sofrem devido à guerra: não esqueçamos a martirizada Ucrânia, Mianmar, Palestina, Israel, Sudão, todos os povos atormentados. Rezemos pela paz!
Fontes: Santa Sé; Notícias do Vaticano
Sem comentários:
Enviar um comentário