Paróquia de S. Cristóvão do Muro

Vigararia Trofa/Vila do Conde
Diocese do Porto - Portugal

sábado, 28 de setembro de 2024

46ª VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO (III)

 




Este Sábado na Bélgica

   


Não estava no programa, mas o Papa deixou cedo a Nunciatura de Bruxelas na manhã deste sábado para tomar o pequeno-almoço na paróquia de Saint-Gilles, na companhia de pessoas que ali recebem assistência, sobretudo refugiados da África e do leste da Europa. Um deles, Chris, do Togo, contou ao Papa Francisco a travessia do Mediterrâneo até a ilha italiana de Lampedusa. Uma viagem durante a qual entoava o canto a Nossa Senhora e que reproduziu diante do Pontífice.


Na Basílica do Sagrado Coração de Koekelberg, em Bruxelas, o Papa reuniu-se com os Bispos, Sacerdotes, Diáconos, Consagrados, Seminaristas e Agentes de Pastoral. O Papa Francisco definiu a Igreja belga como uma "encruzilhada em movimento", propondo à reflexão três palavras: evangelização, alegria, misericórdia.

Para o Pontífice, a crise da fé que vive o Ocidente impele a regressar ao essencial, isto é, ao Evangelho: "A crise – cada uma delas – é um momento que nos é oferecido para nos sacudir, para nos questionar e para mudar. É uma oportunidade preciosa". De um cristianismo instalado se passou a um cristianismo “minoritário”, ou seja, um cristianismo de testemunho, em que se exige coragem. "Sejam padres que não se limitam a conservar ou a gerir um património do passado, mas pastores apaixonados por Jesus Cristo". O processo sinodal deve ser um regresso ao Evangelho para perguntar-se como fazê-lo chegar a uma sociedade que já não o escuta ou que se afastou da fé.

Em todos os âmbitos, na pregação, na celebração, no serviço e no apostolado devem transparecer a alegria do coração, porque esta suscita interrogações e atrai também aqueles que estão longe. A alegria é o caminho que conduz à felicidade.

Por sua vez, o Evangelho, acolhido e partilhado, recebido e dado, conduz-nos à alegria porque faz descobrir que Deus é o Pai da misericórdia, que se comove connosco, que nos levanta das nossas quedas, que nunca desiste de nos amar. "Gravemos isto no nosso coração: Deus nunca desiste de nos amar. 'Até mesmo se eu cometi algo de grave?' Deus nunca deixa de te amar".

Após o encontro na Basílica de Koekelberg com bispos, sacerdotes, religiosos e consagrados, o Pontífice dirigiu-se à cripta real, localizada abaixo da Igreja de Nossa Senhora de Laeken, onde estão os túmulos de muitos membros da Casa Real da Bélgica. Recebido pelo rei Filipe e pela rainha Matilde, o Papa parou diante do túmulo do rei Balduíno em oração silenciosa. O Papa Francisco fez questão de prestar uma homenagem ao rei Balduíno durante sua visita à Bélgica. O fervoroso soberano católico, que reinou de 1951 até sua morte em 1993, é conhecido por ter abdicado por trinta e seis horas em 1992 para não assinar a lei de legalização do aborto.



Antes do encontro privado com os membros da Companhia de Jesus no Colégio de Saint-Michel, o Papa Francisco teve um encontro com os estudantes universitários da Universidade Católica de Lovaina que celebra os 600 anos da instituição. Foi uma oportunidade para o Pontífice dialogar sobre desafios contemporâneos e a importância da esperança e do compromisso com a verdade.

No seu discurso, o Santo Padre expressou a sua preocupação com as várias formas de mal que afligem o mundo, incluindo a guerra e a degradação ambiental, e alertou que esses males muitas vezes contaminam a religião, transformando-a em um instrumento de opressão.

O Papa Francisco abordou a relação entre Cristianismo e ecologia ao compartilhar a importância de cultivar a gratidão por Deus, que nos confere a criação como um presente divino, e nos convida a sermos "hóspedes e peregrinos" neste mundo. Segundo o Papa, temos a missão de preservar a beleza da Terra, e o compromisso com a natureza deve se sobrepor a interesses económicos e a indiferença dos poderosos.

"Desenvolvimento diz respeito a todas as pessoas e a todos os aspectos de sua vida: físico, moral, cultural, sócio-político; e opõe-se a qualquer forma de opressão e exclusão. A Igreja denuncia esses abusos, comprometendo-se, antes de tudo, com a conversão de cada um dos seus membros, de nós mesmos, à justiça e à verdade. Nesse sentido, o desenvolvimento integral nos chama à santidade: é uma vocação para uma vida justa e feliz, para todos".

O Papa também reflectiu sobre o papel das mulheres na Igreja e na sociedade, destacando sua posição central na história da salvação. Rejeitou a ideia de rivalidade entre os géneros, enfatizando a importância do respeito mútuo e da dignidade compartilhada.

"Não é o consenso nem as ideologias que sancionam o que é característico da mulher, o que é feminino. A dignidade é assegurada por uma lei original, escrita não no papel, mas na carne. A dignidade é um bem inestimável, uma qualidade intrínseca, que nenhuma lei humana pode conceder ou retirar. A partir dessa dignidade, comum e compartilhada, a cultura cristã elabora continuamente, em diferentes contextos, a vocação e a missão do homem e da mulher e o seu mútuo ser um para o outro, em comunhão. Não um contra o outro, com reivindicações opostas, mas um para o outro. Não se esqueçam disso: a Igreja é mulher!"

A mulher é acolhimento fecundo, cuidado, dedicação vital. Por isso, a mulher é mais importante que o homem, mas é mau quando a mulher quer agir como o homem. Não, ela é mulher. E isso é importante.”

Ao falar sobre a formação académica, o Pontífice incentivou os estudantes a adoptarem um estilo de estudo que priorize a comunidade.

"Há uma razão que nos move e um objectivo que nos atrai, que devem ser bons, pois deles depende o sentido do estudo e a direcção da nossa vida. Às vezes, estudamos com o objectivo de conseguir determinado tipo de trabalho e acabamos vivendo em função dele. Tornamo-nos 'mercadoria'. Não se vive para trabalhar, trabalha-se para viver; é fácil dizer isso, mas colocá-lo em prática com coerência exige dedicação."

Ao concluir, o Papa Francisco destacou que a busca pela verdade é fundamental em qualquer formação, e encorajou os jovens a serem buscadores e testemunhas da verdade, ressaltando que “é isso que nos torna livres” e que o estudo deve ser um caminho para encontrá-la.



Fontes: Santa Sé; Notícias do Vaticano


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